A festa

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Okay.
Eu nunca fui um garoto tímido.
Nunca fiquei me escondendo pelos cantos.
Nunca me afastei das garotas.
Okay.

Mas isso foi antes de você.

As únicas palavras que Alicia dirigiu a mim durante a aula foram:

- Me empresta uma caneta, por favor?

E eu devo ter respondido com um grunhido ou algo do tipo, porque ela ficou assustada e falou para deixar para lá. Basicamente, eu fiquei péssimo pelo resto da aula e não prestei atenção quando o Sr. Cooper disse que teríamos uma prova na Segunda-feira ( o que me custou um belo zero ) .

Quando o sinal tocou, saí em disparada para a aula de Biologia e torci para que Alicia tivesse qualquer outra aula. Mas eu concluí que sou bem azarado, já que de todas as 19 matérias e 34 professores, ela tinha Biologia com a Sra. Sheperd. Pelo menos eu tinha ficado em uma carteira bem longe dela. Imaginava que ela nem havia notado minha presença.

No intervalo encontrei Brice.
Nós éramos amigos desde sempre. Ele sabia tudo sobre mim e eu sobre ele. Brice era um cara alto e atlético, não que eu fosse um daqueles nerds extremamente fracos e magricelas, mas perto dele eu parecia uma garota. Ele tinha olhos azuis, cabelo loiro cor de areia e a pele bronzeada. Para completar ele era capitão do time de futebol americano e basquete, e sempre estava no meio das líderes de torcida. Mas era impossível odiá-lo. Ele era simplesmente o cara mais legal do mundo. E não era aquele tipo de legal descolado e metido, ele era realmente legal.
Ele me chamou e nós ficamos conversando na arquibancada. Logo a namorada dele, Mary, apareceu.
Eu e Mary nos conhecemos no ginásio, e ela era aquele tipo de garota super autoconfiante e engajada, que sempre fazia parte de todos os projetos e era a queridinha dos professores. Ela era líder de torcida, presidente do grêmio estudantil e extremamente bonita. Ela era basicamente o Brice em versão feminina e sempre me lembrou um pouquinho a Barbie.
Eles ficaram naquele lance meloso de namorados e eu fiquei super sem graça. Tinha muita coisa que eu precisava contar para o Brice mas aquele não parecia ser o momento ideal. Então quando eles finalmente se desgrudaram, disseram que iriam dar uma festa comemorando os 8 meses de namoro e volta as aulas naquela noite, e queriam que eu fosse. Eu aceitei o convite e prometi levar energético.

No fim das aulas, Sam me contou tudo sobre suas férias e sobre como sua nova namorada era incrível, e como era horrível ter de esconder ser lésbica de seus pais. E eu tentei consola-lá, mas não deu muito certo e nós acabamos indo tomar um milk-shake para melhorar o clima entre nós. Eu contei sobre Alicia e ela prometeu me ajudar. Depois eu deixei ela em casa e fui dar uma olhada em algumas camisetas para usar na festa em um brechó perto da escola. Não achei nada, mas decidi não me preocupar muito com isso. Fui ao mercado, comprei duas caixas de energético e voltei para casa.

Minha mãe não havia chegado do trabalho. Subi as escadas, fiz o dever e tomei um banho. Quando deci minha mãe estava conversando com uma amiga na cozinha.
- Oi filho, essa é a Tania, minha colega de trabalho. - ela disse.
- Oi Tania! - disse
- Oi Jonathan. - ela respondeu.
E as duas voltaram a conversar sobre como os impostos estavam altos ou alguma coisa do tipo. Até que eu as interrompi dizendo:
- Mãe, vai ter uma festa na casa do Brice. Nada muito grande, devo voltar antes das 12, posso ir?
- Comporte-se mocinho - ela respondeu, e jogou as chaves do carro que estavam sobre a bancada.

Quando cheguei, alguns caras do time de futebol amaricano vieram buscar o energético. Havia papel higiênico nas árvores, a música estava extremamente alta e alguns garotos estavam no jardim, conversando e rindo.
Brice e Mary estavam abraçados na entrada da festa, conversando com uns garotos do time de basquete e algumas líderes de torcida. Eu os comprimentei e eles me disseram para se divertir e que os salgadinhos e bebidas estavam na cozinha. Quando entrei na casa Sam e Alicia vieram até mim, o que me deixou incrivelmente paralizado e nervoso.
- Alicia, esse é o cara que eu te falei - disse Sam.
- Oi Jonathan, a Sam falou muito sobre você. - disse Alicia, estendendo a mão.
- Ei - eu disse apertando sua mão um pouquinho forte demais.
- Nós tivemos aula de Álgebra juntos, né?
- Sim, e de Biologia.
- Ahh! Você foi aquele garoto que arrasou com a explicação sobre células sanguíneas e células tronco quando a Sra. Shaperd falou sobre a bioética?
- É, a minha mãe é bióloga, então ela fala muito comigo sobre essas coisas. - eu disse um pouco constrangido.
- Legal, a minha mãe não trabalha por causa do meu irmãozinho de 1 ano. E o Bill é contador. - disse ela
- Bill? - indaguei
- Meu pradasto - ela respondeu.
A conversa se estendeu durante muito tempo e quando notei Sam não estava mais lá. Então eu disse que iria buscar energético para nós e ela disse que iria falar com Brice e Mary. Ela me contou que conheceu Mary quando tentou fazer o teste para entrar no time de futebol feminino, e foi rejeitada, e então ela disse para Alicia não se importar com aquilo e ir na festa para se distrair, porém ela não conhecia Brice.

Quando entrei na cozinha, encontrei Mary dançando com algumas garotas e uns caras pulando em cima da mesa com latas de cerveja e energético nas mãos. Então eu dei meia volta e fui procurar Alicia. Ela estava sentada em um banquinho ao lado de Brice, com uma expressão de choque enquanto ele parecia falar algo repetidamente para ela. Apenas ao me aproximar entendi o que estava acontecendo. Ele dizia fique quieta, enquanto alisa a coxa direita dela por baixo de seu vestido e ela tentava inutilmente afastar seu braço. Aquilo me encheu de raiva e só me dei por mim mesmo quando ouvi Mary gritando e chorando. Eu havia socado Brice, e ele estava caído no chão se levantando pronto para revidar. Então Sam entrou no meio de nós dois e pediu que parássemos e mandou a multidão que havia se formado a nossa volta ir arrumar o que fazer.

Depois disso, eu falei com Alicia e ela começou a chorar e me abraçou como forma de agradecer. Nós fomos embora e eu a deixei em casa e disse que se precisasse de alguma coisa podia me ligar. Ela me deu um beijo na bochecha e disse que eu era um amor e me agradeceu por tudo que havia feito por ela.

Passei a noite inteira digerindo tudo aquilo. A raiva que santia era tão grande que fazia meu sangue ferver e meus batimentos cardíacos acelerarem. Eu nunca pensei que Brice fosse capaz de uma coisa dessas. Já tinha ouvido falar de boatos sobre ele ter assediado algumas garotas, mas ele sempre negou, e como nunca houveram segredos entre nós dois eu nunca havia duvidado daquilo. Até aquele momento.
Pensei em todos os momentos incríveis que havíamos vivido juntos, desde e o dia em que ele me contou sobre seu primeiro beijo até o dia em que ele ficou ao meu lado no enterro do meu pai. Eu simplesmente não acreditava. Eu sempre disse para ele como esses caras que não aceitavam um não das garotas eram estupidos e ele sempre concordou. Como ele poderia ter feito uma coisa daquela?!

Eu ainda não entendia o motivo.
Mas logo iria entender.

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⏰ Última atualização: May 08, 2018 ⏰

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Com amor, Jonathan Onde histórias criam vida. Descubra agora