Capítulo III- Foz

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Um pequeno aviso, é um capítulo delicado, talvez tenha gatilhos. Se já sofreu com a perda de um anjo e é muito doloroso, recomendo que só leia até o alerta _VERMELHO_ e vá para o final do capítulo.

Atenciosamente, eu

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Por quê tenho vivido em tamanha armagura?
Não mais consigo aproveitar sabor ou
doçura
Apenas provo desta tristeza pura 
Que dizem ser o castigo de uma alma impura
                              -Grugal

《 Segundo Mundo _ 14 D.C 》

  Já fazia um ano que o mago deixara definitivamente o mosteiro e as responsabilidades de "salvar o mundo", estava casado com alguém que amava. Há pouco tempo o casal conseguira se mudar para uma pequena casa, longe da cidade, mas não longe o bastante para que Mary não  pudesse visitar seu pai sempre, pois também trabalhavam juntos fazendo remédios para vender na cidade, e precisavam continuar com isso. Já Cairo rapidamente encontrava o que fazer, para ajudar a se manterem, graças a sua facilidade em conversar e sua falta de vergonha. Então sempre que alguém precisava de ajuda com qualquer tipo de coisa, já sabiam quem chamar.

Claro, os monges não desistiram fácil. Tentaram convencer Cairo de todas as formas a voltar, de que ele não deveria se desviar do caminho. 

Sem esperanças um monge comentou com o mestre.

_ Não importa o que façamos, ele nunca irá voltar.

_ Sabe a última coisa que eu disse a ele? _ perguntou retoricamente. _ Que a maldade do mundo nunca irá permitir que ele seja feliz, nem ninguém. Por isso ele deveria livrar o mundo dessa peste, só depois disso todos poderiam ser felizes.

_ E?

_ Ele verá que o que eu disse é a mais pura e cruel verdade… E então voltará. 

                    ☆☆☆

Ao sair de casa viu a mulher que tanto amava olhar para o horizonte, o vento calmo balançava seus cabelos negros e revelavam entre os fios pontas de uma fita roxa. Ela se virou, as pontas roxos pertenciam a fita amarrada em seu pescoço. Aquilo não era um simples enfeite, era um item feito pelo mago para para protegê-la e uma forma de estar sempre com ela. 

_ O que está esperando? _ perguntou se aproximando. 

_ Meu pai.

_ Ah… _ respirou desanimado. Olhou bem para ela, não conseguia ignorar o sorriso tão grande em seu rosto. _ Aconteceu alguma coisa?

Achou engraçado quando ela sorriu sem graça, olhando pros lados e parecendo fazer esforço para não contar algo que só deveria ser relevado na hora certa. Ela abaixara a cabeça e respirou fundo, parecia ter perdido uma batalha consigo mesma. 

_ Quero contar algo a ele. _ Respondeu levantando a cabeça e a inclinando pro lado. 

_ O quê? 

_ É que _ o olhara com ternura e tinha no rosto seu sorriso mais encantador. _ Vamos ter um bebê. 

Viu Cairo levar os olhos até sua barriga, enquanto aproximava as mãos do rosto, cobrindo a boca. 

_ Um bebê? _ Se encolhera um pouco como se fosse dar um pulinho, mas não tirara os pés do chão. 

_ Sim.

Ele a abraçou, deitando seu rosto no ombro dela.

_ Está  chorando? _ Ela perguntou. _ Guarde as lágrimas para o futuro, vai precisar. 

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