RESIDENT EVIL - Segredos

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Segredos

 

I

 

Rápido. Ela tinha de andar rápido. Se ela não estivesse com sede, não teria parado naquele corredor para comprar algo para beber na máquina, mas a situação era exatamente a inversa. Abaixou-se para enfiar apressadamente uma moeda no slot, e logo ouviu o baque metálico da lata de refrigerante sendo cuspida para fora. Apanhou-a sem demora e, já voltando a andar, abriu-a puxando o lacre de alumínio. Ajeitou a pasta sob o braço esquerdo e, com o recipiente na mão direita, deixou o corredor na direção de outro adjacente, onde estava situada a porta da sala do S.T.A.R.S., o grupo especial da polícia de Raccoon.

Michele não podia reclamar de seu emprego na delegacia como secretária do chefe de polícia Brian Irons. Apesar do constante mau-humor deste, talvez o único revés do trabalho, o salário era satisfatório, o ambiente relativamente agradável (apesar do prédio se assemelhar a um museu, as pessoas ali eram em grande parte amigáveis) e a carga de serviço não estava de forma alguma a deixando exausta e estressada, como ocorria em seu emprego anterior. Enfim, tudo ia às mil maravilhas...

E, é claro, o trabalho em si possuía também outras vantagens. Adentrando o novo corredor, a jovem deparou-se com Albert Wesker, recém-nomeado capitão do S.T.A.R.S., homem forte, loiro, bonito e incomparavelmente sedutor com seus óculos escuros. O sangue de Michele fervia ao vê-lo, e ela imaginava como seria ser agarrada por um sujeito daqueles. Divertindo-se com tal pensamento, não pôde conter um risinho.

–       Bom dia, Michele – saudou o policial inesperadamente, entrando na sala de sua equipe.

–       Ah... – replicou a secretária, totalmente sem jeito. – Olá!

Ela não conseguia acreditar. Ele a notara! Ele até a cumprimentara! Bebendo um gole de refrigerante, Michele começou a ter fantasias amorosas em relação a Wesker, podendo até sentir os cobiçados lábios dele junto aos seus. Leve e feliz, a jovem se aproximou de outra porta, girando a maçaneta para ganhar um outro corredor, o qual terminava numa escada levando ao andar inferior.

Dessa forma, completamente distraída, a funcionária do R.P.D. entrou no novo ambiente, e acabou esbarrando sem querer numa daquelas estátuas esquisitas que o chefe Irons mantinha ali, com bustos que pareciam ser de guerreiros antigos. A questão é que a peça acabou se movendo alguns centímetros sobre o piso com o impacto, gerando um barulho estranho que se assemelhava ao de um mecanismo funcionando ou coisa do tipo. Assustada não somente devido ao choque, mas também pelo fato de que o delegado era capaz de dar uma surra em qualquer um que ousasse tocar naquelas estátuas, Michele afastou-se rapidamente, seguindo seu caminho, agora mais atenta, como se nada tivesse acontecido.

Porém, ao avançar mais alguns passos pelo estreito corredor, a secretária teve uma visão que lhe deu calafrios: o chefe Irons subia pensativo pela escada naquele exato momento, coçando os bigodes. A jovem procurou ocultar seu desespero, pois sabia que o patrão verificava minuciosamente a posição das estátuas toda vez que passava por aquela parte do prédio. Descobriria ele que teria sido ela quem havia esbarrado numa delas?

–       O que há, Michele? – perguntou Brian, passando pela funcionária. – Parece um pouco tensa...

–       Nada, chefe... – respondeu ela, bebendo mais um gole de refrigerante para disfarçar. – Tenha um bom dia!

Ainda achando estranho o comportamento de sua secretária, Irons seguiu em frente. Simultaneamente a jovem começou a descer pelos degraus rumo ao térreo, na esperança que o delegado não suspeitasse de nada. Todavia, quando estava a ponto de pisar no chão do corredor da sala-escura, ouviu um grito alto e grosso, como se um leão houvesse escapado do zoológico da cidade e agora invadisse o R.P.D.:

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