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O Futuro nos olhos de uma ninfa

por Alicia M. Gabriel

                       ***

Tique, taque. Tique, taque. Tique, taque. Ele está se aproximando lentamente...

Em um pequeno vale acerca de uma mágica floresta não tão distante, vive Lily, uma bela ninfa de olhos violetas e cabelos cor de relva.

Uma ninfa da floresta solitária, não por opção, mas porquê a muito, muito tempo atrás seu povo foi dizimado por trols, ogros e principalmente por seres humanos.

Por isso, ela aprendera desde cedo a se proteger e não confiar em nenhum dos “monstros” citados anteriormente.

***

Em sua pequena casa feita de folhas e troncos, Lily revira-se inquieta em sua macia e
confortável cama de penas de cisnes.

Ela sente o perigo se aproximar, e seus sentidos não estavam totalmente equivocados, pelo contrário.

Ao norte de kinorar, vale onde vive, se aproxima um
pequeno, mas perigoso, grupo de caçadores.

Em sua maioria, composta por seres fantásticos: Duendes, trols e ogros. Entre esse pequeno grupo está o ser mais horrendo, diabólico e maquiavélico já nascido na terra.

  Sabnock, um ser metade
humano, metade fada — dizem até que, em sua asquerosa descendência híbrida corre o sangue dos antigos Reis Elfos, raça superior no mundo encantado.

Esse ser maléfico procurava por um lugar...

Um lugar que para muitos se tratava de uma lenda -- histórias contadas na beira de fogueiras por gerações, contada para crianças, antes de dormi.

Um lugar mágico que nunca fora tocado pela malévola raça humana, onde as árvores são verdes por todo o ano, os rios azuis e límpidos e todos os seres lá existentes viviam em perfeita harmonia.

E é claro, esse lugar também possuia imensas riquezas
naturais, uma em especial que qualquer humano daria tudo pra conseguir. Um cristal cor purpura, com um poder incrível, que se chama Almarqué.

Sabnock, o queria, e custasse o que custasse ele conseguiria tê-lo. As lendas diziam que só uma guardiã, uma ninfa especial, saberia o caminho para esse lugar.

Mas para o descontentamento do maléfico ser, ninfas estavam em falta no mercado de escravos. Entretanto ele sabia de um vale onde as águas estavam cheias dessas criaturas, e era para lá que ele e seu grupo estavam indo.

***

Lily acorda sobressaltada, a frequência de seus sonhos estão aumentando. Isso não era uma coisa boa.

Desta vez o som dos ponteiros do relógio se movendo estava cada mais perto. O perigo se aproxima.
Se espreguiçando ela sai de sua casa e pega uma das folhas mais próximas cheia de água de orvalho
para lavar o rosto.

O dia está sombrio, nuvens cinzas se aproximam. Mas ela não está preocupada. Era sempre assim: todos os dias do inverno, uma chuva forte assolava o vale.  Após pegar algumas amoras de suas provisões, Lily segue floresta a dentro. Em seu caminho
encontra-se com os seus vizinhos animais.

A lebre branca estava se preparando para o longo inverno, talvez esse ano nevasse. As cotovias cantavam o mesmo canto de todos dias, mas a ninfa notou uma forte falta de vontade, que beirava ao mau agouro.

Uma fada cintilante transpassa o céu quando Lily está chegando ao rio. Ela para em uma pedra à
margem, e dá um suave assovio. Minutos depois, Nedry, uma das ninfas das águas do vale, aparece a
superfície.

— Lily tu não poderias acordar um pouco mais cedo? — Nedry pergunta ironicamente, com
seus olhos azuis puxados em fendas, encarando amiga.

— Deixe de moleza Nedry, tenho certeza que se não fosse por mim você só tentaria sair a superfície
quando a neve estivesse sobre todo o vale, e já fosse impossível tal feito.

— Possivelmente tenhas razão, mas como tu acordas todos os dias tão cedo, e vive de bom humor, eu
nunca entenderei.

— Tenho essas suculentas amoras, e as trouce para ti, nesta manhã. Vamos, coma logo, prometeste ajudar-me
a conseguir mel neste inverno, lembras? — diz,
mostrando as frutas em uma pequena sacola de fibras.

— Que maravilha! Passe-me essas belezuras. — fala já com as frutas na mão, e logo as vermelhas amoras
estavam a caminho de sua boca. — Delicia! Não suporto mais comer peixes.

Depois do café da manhã, Lily e sua amiga ficaram a ver como os animais se preparava para a
tempestade que viria.

Seu coração estava pensado, havia algo estranho. Seus olhos começaram a ficar
com um tom mais escuro. Uma premonição se aproximava.

— Nedry, algo ruim está para acontecer, posso sentir.

— Tu tiveste uma visão? — Eram raras as ninfas com poderes tão especiais, como vê o futuro. E Lily era uma dessas raridades.

— Não, ainda não. Mas eu sinto. E a cada instante esse sentimento fica mais forte e apreensivo.

— Sem visão, sem preocupações. Fiques tranquila.

— Mas...

— Lily tens que relaxar mais. O que de mau pode acontecer? Além de nevar no inverno, claro.

— Não sei...

— Se tu, que eres a ninfa com poderes de prever o futuro não sabes, é porque nada vai acontecer.

— É, tens toda razão.

Lily confirmou, mas não tinha convicção no que estava dizendo.
Quando os pingos de chuva começam a cair, ela já estava dentro de sua, pequena mas muito forte, casa.

A despensa já estava cheia a algumas semanas, e as folhas e toras de madeiras extras, para quando o frio chegasse, também já estavam armazenados em um canto da casa.

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O futuro nos olhos de uma ninfaOnde histórias criam vida. Descubra agora