O futuro nos olhos de uma ninfa

|V|

Após três dias andando, finalmente chegam a entrada da caverna que procuravam, a porta para
Grarem.

Lily não sabia como Sabnock faria para abrir o portal, mas sabia que sua malevolência com certeza já havia arranjado uma solução.

A três dias ficara sabendo que se tornara a mais nova escrava do ser mais desprezível da terra.

Com ele controlando seus poderes finalmente teria o que sempre quis, entrar em Grarem, e encontrar o
cristal purpura para dominar o mundo mágico usando seu poder.

Dentro da caverna suas perguntas foram respondidas pois, Sabnock tinha como prisioneiro o elfo de olhos negros que tentara salvá-la na floresta a três dias.

Ele estava todo ensanguentado e
esfarrapado, mas ela o reconheceu. Um trol o levou arrastado a seu mestre, que com uma lâmina
cortou sua mão, já ferida.

Com a mão cortada jorrando sangue, o malévolo levou aos tropeços a pedra da
visão da ninfa.

Lá a ensopou com o sangue do pobre elfo. Por um instante, ela teve esperanças que sua visão estivesse
errada e que não existisse ali um portal para o mundo encantado.

Logo após uns segundos a parede sul da caverna começou  a se abrir revelando uma passagem para uma grande floresta.

Mas essa floresta não se assemelhava em
nada a que acabaram de passar. Suas árvores estavam mais verdes, o chão não estava molhado pela chuva e o céu estava límpido. Magia.

— Nãoooo!!! — gritava desesperado o elfo.

— Cuidem dele! — Sabnock
ordena, enquanto segue em frente com olhos brilhantes.

Em um momento de
descuido do trol que o segurava o elfo consegue se soltar e rapidamente pega algo dentro deu um
de seus esfarrapados bolsos e coloca na boca.

No momento em que ele assopra um forte som soou na caverna. O mesmo som que fez com que

Lily encontrasse suas companheiras na outra noite. Com uma bofetada, um dos ogros derruba sua pequena trombeta no chão, mas já era tarde de mais.

Em segundos a caverna está cheia de sátiros. Como chegaram tão rápido?
Olhando para o lado de fora da caverna, a pequena vidente vê que também há elfos e salies em seus cavalos alados, prontos para atacar.

Um grande elfo joga, em um rápido reflexo, várias sementes em cima de Sabnock. Sementes que logo começaram a crescer em cipos e prendê-lo ao chão.

— Nos encontramos novamente. — diz o elfo.

— Kalabin!

Kalabin? O rei se chama assim... E então Lily percebe que está na presença do rei elfo.

— O próprio.

Com uma rápida olhada, ela vê que todos os trols, ogros e duendes servos de Sabnock
são detidos pelo exército real.

-- Não era de meu conhecimento que o rei andava a tratar dos assuntos do exército real.

— E não estava. Até que o tolo do meu filho se deixou capturar por um malfeitor, vil como você.

— Seu, filho? Por um acaso esse maltrapilho é filho do rei? — perguntou indicando o elfo de olhos negros, que no momento, olhava o rei com indignação.

— Sim, creio que sim. Meu segundo filho, Kan, o teimoso.

— Pai. — Kan protesta.

— Digo alguma mentira?

— Eu não sabia que ele era seu filho, como saberia? Nunca havia visto um elfo nas armadas do rei.

— Sabendo ou não sabendo você não deixa de ser culpado pelos crimes que cometeu. — o rei o interrompe, pela
primeira vez mostrando sua grandeza na voz. Kan, se aproxima da jovem ninfa e lentamente a solta de
suas amarras.

— Você está bem?

— S-sim.

—Você não parece bem. Consegue ficar de pé? — ele a ajuda a ficar em pé, e Lily se surpreende ao constata que suas pernas estavam firmes.

—Sim, obrigada. — ela falou olhando em seus olhos, e vendo neles, muito mais do que só o negro, Lily
viu algo novo e indecifrável.

— Então, essa é a pequena ninfa da floresta de que tanto ouvi falar? — o rei falou.

Ele ouviu?

— Pequena, suas amigas ninfas ficarão exultantes quando a vê.

— Elas, estão bem? — perguntou em um sussurro.

— Sim, estão.

Enquanto falavam, um grande estrondo se fez ouvir dentro da caverna. Sabnock  havia usado mais dos poderes das fadas para se soltar.

No momento seguinte só se ouvia o tilintar
das lâminas das espadas, umas contra as outras. A caverna se fez em polvorosa, enquanto as criaturas
mágicas lutavam umas contra as outras.

Kan, segurou Lily pelos ombros e tentou levá-la para fora, mas antes que chegassem na abertura da caverna, o malévolo híbrido saltou a sua frente.

— Ráaaa.! — ele gritou enquanto partia para o ataque.

Quando sua espada está a centímetros do pescoço
do jovem príncipe, um forte raio violeta começa a emanar de Lily, que em um golpe de luz purpura,
acerta em cheio a cabeça do vilão, o fazendo cair desfalecido ao chão.

Isso era novo para ela, mas não reclamaria agora, no momento em que esse novo poder acaba de salvar sua vida. A sua, e a do
príncipe.

— Como fez isso? — ele a pergunta.

— Não sei. — responde, sincera.

—Talvez sejam poderem oferecidos a guardiães. — sugere ele.

— É, talvez seja.
Ao observar a caverna, constata que tudo está sobre controle. Os capangas de dingo estavam presos,
ou mortos. O rei veio em sua direção.

— Vejo que cuidaram do vilão sem precisar de ajuda.

— Ela cuidou. — diz, Kan.

— Com esses olhos menina, não sei como não acharam-na antes. Uma guardiã, vivendo entre nós! — disse o rei.

— Tu moras no vale, certo? — lhe pergunta o jovem principe.

— Sim, vossa graça.

— Acabas de salvar minha vida, pode me chamar de Kan.

— Agora que está tudo sobre controle, podemos ir filho.

— Primeiro, eu levarei... como se chama, bela ninfa?

— Lily. — responde encabulada.

— Levarei, Lily a sua casa, para reencontrar suas amigas.

— Como queira. — montando em seu cavalo alado o rei elfo se vai, voando pelo céu.

Antes de ir também, a ninfa percebe que a parede da caverna que levava a Graran havia se fechado, não vira quando, mas podia ser que fizesse algum tempo.

Guardiã!

Agora que sabe ser responsável por algo tão precioso, Lily finalmente entende a que veio ao mundo.

Ela agora tinha um legado, um dever, e faria de tudo para cumpri-lo até o fim...

                    ~***~

.
.
.
.
.

Agradecimentos especiais a dois Juniores, o primeiro por me incentivar a criar essa história para seu concurso Universo criativo, e o segundo por me ajudar a corrigir os muitos (mas muitos!) Erros que continham a primeira versão de O futuro nos olhos de uma ninfa. Agradeço também a quem leu antes de tudo isso, e me deu um pareicer: a minha irmã, Aline e ao Octa. Todos vocês são muito legais comigo!