Capítulo 2

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Sentado em um dos bancos da praça em frente ao colégio, com um livro em mãos como de costume. Os alunos passando por ele, conversando sobre coisas do tipo: O final de semana animado que tiveram ou sobre as decepções amorosas do tinder. Wes desviava seus olhos das páginas na tentativa de observar mais os jovens que passavam por ele, imaginado como seria participar de um grupo de amigos. No fundo, queria ser mais um desses adolescentes que passam a tarde falando de coisas fúteis e desnecessária. Queria poder se preocupar em arrumar um par para o baile de primavera, até mesmo sentir à adrenalina de cabular uma aula para nadar em algum lago perigoso. Coisas simples do dia a dia de um adolescente normal.

Um Mustang Mach 1 estaciona em frente à escola. Aquele carro de novo, pensou Wes. De lá saía Jhony, desfilando com sua mochila amaçando sua jaqueta verde militar, com passos longos para não tropeçar no cadarço de seus Vans old. Sempre jogando a franja para trás para tirar dos fios de seu rosto e com o celular caindo pelo bolso rasgado de seu Jeans azul. Parecia "ressaqueado", com os olhos molhados e um ar sonolento de azia.
Wes olhava-o com tanta fixação que aparentava estar hipnotizado; a boca entreaberta afirmavam sua expressão hipnótica, junto de seus olhos que acompanhavam Jhony a cada passo.

Tac tac ,estalavas os dedos. Surgindo Cindy para tirar Wesley do momento hipnótico.

— Planeta terra chamado por Wes.— ria Cindy.
— Você me assustou.
— Parecia estar concentrado em alguma coisa, o que encarava?
— N-nada demais.— diz Wes sem jeito.
Cindy sorriu.

Por um momento Wes sentiu-se feliz por Cindy não ter esquecido seu nome. Geralmente passava despercebido pelas garotas, mas Cindy não parecia como as garotas de decotes e roupas curtas que dominavam a escola. Era Singela e doce, nada como o padrão imposto pela adolescência popular, mas limpa e delicada.

— Enfim, vi que estava sozinho, então vim te fazer companhia. Sabe, eu também não tenho muita opção de companhia, então seria bom se um colaborasse com o outro.
Wes não estava em posição de recusar a companhia de Cindy. Era tímido demais para sorrir, mas estava muito feliz por dentro.

— Pode se...
— ÓTIMO. Vamos, tenho tanta coisa para conversar.— puxava Wes pelo braço em direção à escola.

O sinal do segundo tempo soou. O refeitório estava tomado por alunos. Sentados em uma das mesas do refeitório, eles conversavam enquanto Cindy separava caprichosamente seus legumes em sua bandeja. Na cabeça de Cindy, os legumes não poderiam tocar uns nos outros em sua bandeja, pois assim não poderia sentir o gosto individual deles.
— Como podem colocar minhas ervilhas juntas do milho? Isso é o que, Mendel ? — Resmungava.
— Mendel estudava somente as ervilhas.— Wes riu.

O refeitório era enorme. Os pisos brancos e vermelhos intercalavam-se ao chão. Os alunos formavam uma fila intensa para se servirem, eram uma agitação tão grande por comida que os alunos aparentavam estar passando fome. A mesa em que estava Jhony e seus amigo, ficava do outro lado da fila, assim que os alunos passavam, Wes conseguia observá-lo entre os vãos que formavam em meio a multidão. Lá, na mesa em que Jhony se sentava, brincavam com a comida, utilizando o garfo como uma catapulta de ervilhas, arremessando-as uns nos outros.

Wes os observava.
Novamente.

Cindy percebeu o quanto aquilo chamava atenção de Wes. Estranhava o fato dele não tirar os olhos daquela mesa, parecendo estar tão distante da realidade, como se pudesse escutar e sentir a vibração deles ali sentados.

    — Acha que se eu pintar meu cabelo de rosa ficaria igual a Lisa Cooper ? — Os observava, com uma expressão de desdém.
   — Está falando da garota sentada naquela mesa onde estão se divertindo desperdiçando comida?
   — Sim, você estava bem vidrado lá.
Wes estacou.
Mal havia notado o estado que os observava. Não se preocupou com a possibilidade de alguém perceber sua atenção em Jhony, então foi pego de surpresa.

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