A gritaria dos corredores da grande McKinley era enorme, uma onda de vozes ecoando. Os alunos haviam acabado de chegar e os assuntos estavam fresquinhos para serem debatidos, nada que não estivesse nos Trends Topics do Twitter, mas que alimentavam os adolescentes de Santa Mônica. Garotas que passavam dando risadas, pulos e retocando a maquiagem às pressas em seus armários ou garotos que vestiam a jaqueta do time, passando a bola do jogo de mão em mão e assediando quaisquer líderes de torcida que passavam por eles . Uma típica manhã de aula. Wes permanecia apático em meio a tudo isso, um peixe dourado entre tubarões. A cabeça ligeiramente inclinada enquanto caminhava, nunca olhando diretamente nos olhos. Era facilmente intimidado.
Chegou até seu armário, colocando os dígitos para destranca-lo. Puxou a porta de metal deixando cair um papel todo surrado. Agachou e o pegou do chão. Com vários rabiscos e uma letra trêmula e grande, " Wesley comedor de merda.", estava escrito. Lembrou do acontecido da camisinha de gelatina e arriscou pensar que poderia ter sido Nichols, mas poderia ter sido qualquer um em meio aquela confusão toda. Quanta criatividade. Pensava. Minha primeira semana e já sou motivo de piadas?Repentinamente Cindy chegou até ele.
Parecia nada contente, como se estivesse sendo perseguida. Escondendo-se atrás dele, olhando por de cima de seus ombros.
— Você está me amaçando todo! — Disse ele. — O que está acontece...
— Steve Feeley!Então um garoto de porte baixo, com uma câmera fotográfica pendurado no pescoço, vestindo uma camisa florida, parecendo um turista da Califórnia gritou pelo nome de Cindy.
E gritou.
— Não adianta se esconder...
— Eu já disse que hoje não, Steve Feeley.— esbravejou Cindy.Steve pulou em seu pescoço. Era tão baixo que poderia ficar pendurado em uma garoto. A cena foi cômica o bastante para chamar atenção dos alunos que passavam por lá.
— Me... solta seu esquisito. — O empurrou. — Eu vou te pagar, mas não hoje.
— Mas meu amor...
— Não me chame de amor!— gritou.Wes observa tudo de canto, esguio. Steve Feeley era tão bizarramente bizarro que não tinha como levá-lo a sério. Seus trejeitos desengonçados e seu sorriso enorme e metálico, com um aparelho reluzente que fazia linhas de baba todas as vezes que abria sua boca.
Steve se recompõe assim que percebe a presença de Wes, como se ele não estivesse que estar ali. Com passos duros, em uma tentativa de parecer intimidador, parando em frente a Wes. Olhando para cima, não querendo ficar nas pontas dos pés, porém só conseguiu encaro-lo nos olhos quando Wes inclinou sua cabeça para baixo. Era bizarro demais o modo como estava grudado em Wes.
— Posso saber quem é você? — forçava uma expressão séria.
— Bom.. eu..
— ELE É MEU AMIGO. — Interviu Cindy com um grito. — Pode parar de bancar o valentão, Feeley, que todo mundo sabe da história do irmão caçula.
— Essa história não é verdade! — Resmungou se virando para Cindy.
— Que história? — indagou Wes.Steve bruscamente virar sua cabeça para Wes. Ele não sabe?. Pensou. Como pode?
— Você é novo aqui, certo?
— Sim, cheguei faz pouco temp...
— Espera aí. — Interrompe.— Você é o garoto que foi salvo pelo Albertaza de levar uma surra, não é?
McKinley poderia ser grande, mas as notícias se espalhavam rápido demais.
— Acho que... sou.
— Posso saber o que faz tão grudado com minha garota?
— Você é um lixo Feeley. — gritou Cindy. — Agora saía.
Steve se afastou de Wes. O fixou nos olhos, como se quisesse fuzila-lo. Não era intimidador. Era engraçado.
— conversamos mais tarde, Cidney.
Seguiu caminho, batendo os pés, como uma criança brava por sua mãe não querer comprar seu cereal favorito no supermercado. Passava pelas pessoas depressa e despercebido por conta de seu porte baixo. Parecia patinar pelo piso.
— O que foi isso?
— Esse é Steve Feeley. Ele está me perseguindo porque eu não o paguei de um favor que me fez. — Disse Cindy.
— E o que seria?
— Pedi para que ele fizesse uma matéria do clube da música no jornal da escola. Sabe, os alunos da McKinley não ligam muito para artes. Achei que com uma matéria no jornal chamaria mais atenção, mas os alunos da McKinley não ligam para o jornal também.— suspirou.
— Bom... Essa cena foi bizarra, se para evitar isso tem de pagá-lo, então... Se precisar de dinheiro...
— Wesley. — interrompeu.— Steve não quer dinheiro. Ele quer uma calcinha minha. Usada.
— Como é? — riu.
— Você não tem noção de quão bizarro é Steve Feeley.
Wes ri.
— E qual era a da " história do irmão caçula" ? — indagou Wes.
— No verão passado, os pais do Steve foram para Los Angeles passar o final de semana. Steve ficou de olhar seu irmã de 8 anos, só que o pirralho o trancou no porão e o deixou lá pelo fim de semana todo. Quando os pais de Steve chegaram, encontram ele dormindo encima dos enfeies de Natal. A escola toda ficou sabendo e agora todos mundo zomba dele por isso.
— Isso parece... perigoso. — disse Wes.
— Pode até ser. Mas todos são conhecidos por alguma coisa aqui. Isso não vai para o anuário, porém é um "adjetivo" escolar. — disse. — Por exemplo você.
— E-eu ? — gaguejou.
— Sim. Se perguntarem para alguém "quem é Wesley Duval" ninguém saberá responder. Agora se perguntar "quem é o garoto que foi salvo pelo Jhony Albertaza" todo mundo saberá.
— Isso... não é legal.
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Colinas
Teen FictionWes Duval é um jovem que enfrenta os desafios da adolescência cruel. Sua vida toma um rumo inesperado ao conhecer um garoto rebelde , com quem começará uma intensa relação e uma viagem que romperá os fios de sua realidade, percebendo que é maior que...