Jhony abriu seu portão, era elétrico, subia lentamente em frente ao Wes. A casa de Jhony era linda, com um jardim nas laterais, enorme. Fazia a casa de Wes parecer uma edícula. Wes, por vez, estava maravilhado com o que via, já que somente observava os portão fechados enquanto balançava na cadeira de balaço. Não imaginava que era assim por dentro. Jhony não parecia o tipo de pessoa que morava em uma casa daquelas. Mesmo vendo seu quarto por sua janela, que por sinal era bem decorado, Wes sabia que sua casa era grande, mas não pensou que seria tão bonita.
— Venha, tire o jipe. — disse Jhony da garagem.
Tirou o jipe da garagem e aguardou lá dentro. Jhony entrou depressa, animado com o que possivelmente estaria por vir. Wes estava acostumado a ouvir que Jhony Albertaza era totalmente imprevisível e não ousava a negar.
— Já coloquei as coordenadas no GPS. É só seguir a voz, não deve ser muito difícil. — disse Jhony.
Deu a partida. Uma voz que saia do GPS narrava as coordenas. "Vire a esquerda" , "Próxima curva a 2km".
— A voz dessa Puta é muito chata. — Reclamou.
— De quem é esse carro?
— É do meu pai. Ele usa o jipe para pescar. Não para pescar literalmente, até porque se usam barcos para isso. Sabe, ele não iria querer entrar no mato de Amarok.— embaralhou-se — Credo, até pareci você falando."Vire à direita."
— Para onde está me levando? — perguntou Wes Inseguro.
— Você está dirigindo, quer dizer que você está me levando."Próxima rotário em 800 metros."
— Okay...Para onde eu estou te levando?
— Hoje cedo eu cheguei na escola e tinha terra dentro do meu armário. Sabe, ninguém gosta quando tem terra dentro do seu armários. Tipo, eu adoro vestir branco, então quando eu abri a porta uma caralhada de terra me sujou todo. — queixou-se.
— Mas... quem faria uma coisa dessas?
"Próxima curva em 400 metros"
— Não consigo! Achei que seria mais fácil, mas essa mulher está me irritando.— tirou o GPS que estava grudado no pára-brisas e jogou para trás do banco. — Dirija até a avenida Nebraska, lá eu te guio, certo?
— Tudo... bem. É só um GPS. — riu.
— Desculpas, só fico irritado quando me lembro que passei a manhã toda com terra nos sapatos.Wes estava cada vez mais a vontade, mas continuava a pensar mil vezes ante de dizer qualquer coisa, diferente de Jhony que tinha tudo na ponta da língua, parecia poder responder qualquer coisa a qualquer hora. Esbanjava uma confiança de se invejar e tinha um jeito diferente de falar. Sempre fechava o olho esquerdo quando falava "sabe" ou "tipo", que era algo que dizia muito, quase em todas as frases, e com esse gesto expunha um covinha na maçã do rosto.
— Ainda não me disse para onde vamos...
— Há verdade, eu estava no meio de uma história.— interrompeu — Então. Alguém colocou aquela terra no meu armário, sabe, não teria como ela ir lá sozinha. Afinal é... terra. Não demorei muito para descobrir que foi o maldito do Nichols que fez isso, tipo, era de manhã, que horas ele conseguiu colocar terra no meu armário? Dentro de uma escola?
— Ele é um saco... não me deixa em paz...
— É aí que você entra, Morten Harket. Eu sei que ele te lambuzou de gelatina, eu vi você toda melecado na rua.
— hã, está querendo dizer o que?
— Que pessoas como o Nichols devem ser problemáticas. Ele deve ter algum tipo de carência e com isso persegue pessoas para preencher algum buraco que tem dentro dele, sabe, alguma dessas merdas de defeito de personalidade que vemos em séries teen da Netflix. Se é que tenha alguma coisa nele que não esteja preenchida...— eles riram— O que eu quero dizer, Morten Harket ,é que as pessoas são falhas. Não sei que merda se passa pela cabeça dele, mas devemos ignorar.
— Okay. Agora pode me dizer para onde estamos indo?
— Para a casa do Nichols.
— O QUE?
Wes freou bruscamente. Os pneus cantaram alto, que queimaram o chão. Se não fosse pelo cinto de segurança os dois teriam sido arremessados contra o para-brisas.
— Que bom que freou. Pode entrar nessa rua a direita.
— Vo-você está ficando louco? Acabou de dizer que deveríamos ignorar? E... e — gaguejava.
— Eu disse que isso era do seu interesse.
— Meu maior interesse no momento é ficar vivo. Obrigado. — ofegava.
— Relaxa, Morten Harket.
— Será que poderia me chamar pelo meu nome?
— É que eu nem sei seu nome. — e realmente não sabia.
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Colinas
Teen FictionWes Duval é um jovem que enfrenta os desafios da adolescência cruel. Sua vida toma um rumo inesperado ao conhecer um garoto rebelde , com quem começará uma intensa relação e uma viagem que romperá os fios de sua realidade, percebendo que é maior que...