— "Polícia encontra corpos em prédios abandonados. Os autores do crime ainda não foram identificados" — Emma, sentada no banco de trás do carro, lia a manchete em seu celular. — Vocês não têm nada a ver com isso. Não é?
— Claro que não! — nos dois bancos da frente, Felipe e Aron se entreolharam.
— Bom mesmo.
— E como a gente saberia? Não tinha corpo nenhum naquele hospital — disse Aron, atrás do volante.
— Eu não sei, não custa nada perguntar.
A viagem correu muito bem, alguns minutos depois, eles pararam em um restaurante, antes de seguirem. Assim que alcançaram uma pequena cidade, a tarde já estava indo embora. Com as instruções de Felipe, Aron estacionou o carro na frente de uma casa sem muro. Antes mesmo que saíssem do carro, a porta da frente já tinha sido aberta, e alguém os esperava. Na calçada, Felipe e Emma se entreolharam brevemente, deixando Aron um pouco confuso. Porém, continuaram seu caminho.
— Ah minha querida! — uma senhora baixinha, veio ao encontro de Emma. — Como vai esse rapaz que você está gostando?
— Eu não sei vovó, ele é tão chato.
— Ele não é para você mesmo. Tenho certeza disso.
— Que rapaz? — Aron sussurrou no ouvido de Felipe, que lhe respondeu que não sabia.
— Meu querido Felipe! Olha como você está lindo!
— Oi vovó.
— Esse deve ser o famoso Aron. Olá, eu sou Alice — a mulher foi até o rapaz e lhe deu um abraço apertado. — Só não pule de prédios daquele jeito. Eu sei que deve ser muito legal, mas não quero ver meu neto morrendo do coração — Aron olhou para Emma e Felipe, buscando uma explicação. — Eles não me contaram nada, e nem precisam. Eu sei das coisas. Vem, o jantar está quase servido! Depois você pode me mostrar um dragão? Em meus quase noventa anos, nunca vi um.
Aron não conseguia falar nada, a senhora o puxou para dentro, ao passo que não parava de tagarelar. Emma e Felipe ficaram um pouco para trás, rindo da confusão de Aron.
No momento em que entrou na casa, o rapaz foi atingido por uma explosão de cores. Eram paredes azuis que combinavam com amarelos vivos, outras laranja que se opunham a roxas. Cada canto tinha uma peça de decoração, onde qualquer uma era única, parecendo até mesmo pertencer a culturas diferentes do mundo. Quando Alice o pediu para sentar em um sofá, Aron foi abraçado por seu aconchego. Mas, não demorou muito e um gigantesco quadro chamar sua atenção. Era um retrato de uma jovem de pele negra. Usava um vestido dourado, segurando um cetro em uma mão e um livro em outra. Sua cabeça, cheia de cachos, era adornada por uma gigantesca coroa, que imitava galhadas de um cervo. A menina tinha o olhar longe, parecendo não focalizar ninguém que a encarasse de perto:
— A Rainha tem uma aura tão linda, que parece emanar de qualquer imagem dela. Você já a conheceu meu rapaz? — perguntou a senhora, que se ajeitava em uma poltrona cor de berinjela.
— Não. Eu nunca a conheci.
— Que pena. Mas, eu acho que você terá a oportunidade, na hora certa.
— Oi Aron! Olha o que eu ganhei! — uma menininha loira apareceu na frente do rapaz, sacudindo uma boneca.
— Oi Júlia, que linda.
— É difícil dividir a mesma data de aniversário, com sua neta — brincou Alice.
— Júlia já está atrás de você Aron? — uma mulher entrou na sala, ela falava alto e se movimentava graciosamente. A menina, parecia uma versão em miniatura dela.
VOCÊ ESTÁ LENDO
Os Guardiões: Parte I - Correntes de Fogo
FantasyComo seria se o mundo descobrisse que existem pessoas que podem fazer coisas extraordinárias? Como isso mudaria a forma que vivemos? Será que as pessoas se sentiriam ameaçadas ao descobrirem que a realidade não é o que parece, ou elas seriam acolh...