Elena

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O sol morno entrava por uma fresta da janela, acariciando a pele pálida de Elena. Aos poucos suas pálpebras foram se abrindo e se acostumando com a claridade do ambiente.

Ela vasculhou o local com os olhos pesados e logo percebeu que estava em seu quarto, na mansão de Anastásia, uma das confidentes do rei do Norte para protegê-lo. Ela se sentou na cama, sentindo dores por todo seu corpo magro. Nela havia vários hematomas e ferimentos dos quais já estavam quase cicatrizados espalhados por cada centímetro do seu corpo, coberto por uma camisola branca de cetim que tocava seus pés.

Olhares assustados a encaravam com dúvida e hesitação, deixando-a um tanto confusa por não saber exatamente o motivo de tal surpresa, foi então que as suas memórias da noite anterior se alastraram por sua mente, a lembrando do motivo de seu corpo estar tão dolorido.

— Que merda é essa? —proferiu um homem de cabelos escuros, assustado, analisando a garota.

Ele era um médico com uma reputação inestimável na cidade por conceder paz aos mortos e curar até os mais terríveis ferimentos, além disso o homem também era conhecido como um orador, ele invocava as palavras na língua dos deuses libertando a alma para o mundo espiritual.

- Você havia dito que ela estava morta - balbuciou o médico, na direção de uma mulher de cabelos negros que lhe tocavam a nuca.

- E você confirmou. -Apontou Petúnia.

A mulher se aproximou da jovem e tocou seu rosto, que desta vez estava em sua temperatura normal, simplesmente para confirmar se a menina estava viva de verdade. Um suspiro aliviado sai pelos seus lábios e em um movimento rápido abraçou Elena com lágrimas banhando seu rosto.

- Você está viva... - murmurou Petúnia, entre soluços. - O que eu faria sem você?

Elena nunca a viu chorar antes e não sabia ao certo o que dizer ou fazer, achou melhor apenas abraçá-la e se permitiu sentir-se segura por um curto período de tempo. Petúnia também era uma confidente do rei do Norte, foi instruída para dar amor e proteção a princesa, assim como Anastásia, a confidente que havia sido instruída para a função de educar a garota a se portar como uma verdadeira princesa, no entanto esta costumava ser um pouco abusiva e muito agressiva com Elena e com diversos empregados.

Petúnia que cuidava da jovem apenas um dia na semana ou quando estava na cidade, pois sempre estava viajando a trabalho, nunca ficou sabendo dos abusos que Elena sofria diariamente.

- Eu estou aqui agora... -falou a garota, acariciando os curtos cabelos negros de sua madrinha. - Está tudo bem.

- Não, não está -proferiu Petúnia, em um tom de voz um pouco alterado. - Você estava morta e me diz que está tudo bem?

Elena ficou em silêncio, pois sabia que caso contasse que Anastásia tentara matá-la, a próxima que morreria seria Petúnia.

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Na noite anterior, em uma ala a qual todos eram proibidos de entrar, a garota desobedeceu Anastásia por ser um tanto curiosa, queria saber o que a mulher fazia toda noite naquele lugar escuro e frio. Elena acabou vendo o que não queria.

A mulher fazia alquimia de baixo calão.

Ela cortou o braço de uma amiga de Elena usando um machado afiado, a jovem que também era empregada na casa de Anastásia e muito próxima da mesma, acabou tendo um destino trágico... A garota gritava e implorava para que parassem de machucá-la, enquanto tentava se soltar das amarras em seu corpo, mas seus pedidos foram completamente ignorados.

Anastásia havia costurado o braço da garota em seu ombro e com um pouco de magia negra se regenerou rapidamente, pois no mesmo dia ela havia arrancado o próprio braço para costurar outro no lugar para obter o poder da empregada. A jovem podia absorver o poder antigo dos seus ancestrais e os moldava para o que quisesse.

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