Suas pernas fraquejavam a cada passo dado se distanciando do castelo dos soldados de obsidiana, enquanto as botas sujas de sangue seco machucavam seus pés doloridos. Suas costelas e um ombro quebrados o agonizava, mas suas feições não mostravam que estava sofrendo tanto, apenas o andar manco o denunciava que havia algo doendo. Hilda secretamente abriu um fino sorriso de contentamento se divertindo com o sofrimento do rapaz ao andar.
— Está doendo muito? — indagou ela para Kira.
— Um pouco — respondeu Kira, com uma voz trêmula.
— Que bom! — gracejou ela, ainda mostrando os dentes brancos. — É inevitável não sentir uma enorme satisfação com seu sofrimento. Eu poderia dizer que prefiro você morto, por mim eu mesma o mataria, mas infelizmente ainda sirvo para proteger seu traseiro real.
Kira a empurra contra uma parede imunda com um olhar ameaçador, ignorando a dor por todo seu corpo, ele franziu o cenho com desdém. A segurava com força o suficiente para machucar, seus olhos mantinham um brilho ardente que faria qualquer um tremer se observasse atentamente. Ele estava exausto após a luta e só queria que aquilo tudo acabasse logo, para que pudesse tomar um banho quente e ler um bom livro a noite toda, mas aquela mulher estava tornando tudo mais difícil. O dia já estava um desastre, sua vida um inferno que sempre se repetia no dia seguinte e descobriu recentemente que sua vida era eterna. Ele não precisava ouvir as palavras dela sobre o quanto o odiava, apenas estar vivo já era seu pior castigo dado pelos deuses.
—Eu sou Kira Tarthew futuro rei de Chaysafenios. Eu sou o príncipe das trevas, até os maiores homens me temem. Só de ouvirem meu nome os mortos se reviram com medo. Sua coragem é admirável, mas sua burrice é a que mais me chamou atenção. —Kira levou os dedos até o queixo da mulher a fazendo encarar seus olhos. —Demônios não podem ser mortos.
Hilda jurou ver os olhos de Kira minguando, tornando-se apenas um pequeno pontinho vermelho no meio de um negro profundo. Tronco, o caramim da mulher, rosnou impetuoso em protesto para que o príncipe se afastasse dela, mas ele não cedeu. O urso ouviu um bater de asas acima dele e ao direcionar seus olhos até uma criatura enorme, com olhos vermelhos que crepitavam como chamas em volto por escuridão, era difícil discernir a criatura alada com garras enormes e um pescoço extremamente alongado. A caramim de Kira rugiu com ferocidade para o urso, o obrigando a se afastar.
— Não seja mais burra do que já aparenta ser. — Sua voz saiu fria como gelo, seu olhar era como as portas do inferno se abrindo. —Se comporte antes que eu esqueça que é uma mulher e arranque fora sua cabeça.
Ele encarou os olhos escuros de Hilda, tão opacos quanto folhas secas no inverno, eles estavam exageradamente arregalados ao perceber sua feição assombrada após ceder a raiva. Esse sentimento já era familiarizado com ele, certas vezes controlava, já outras não. Como desejou que Hilda fosse um homem.
Ele a soltou, se afastando dela, enquanto recuperava sua sanidade antes perdida junto com sua minúscula paciência.
— Eu odeio homens como você. —Hilda fez um instante de silêncio. — Acham que controlam pessoas na base da violência, de acordo com vocês tudo se resolve desta forma. Eu tenho pena de você.
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Guerreiros De Sangue
FantastikHerdeira do trono do Norte, Elena Beneguer retorna ao seu reino, pronta para reinar, no entanto forças impetuosas tentará lhe fazer cair, afastando-a de seu destino. No mundo onde dragões ferozes podem ser suas almas compatíveis, um caos se ap...