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Amaretto e O Pequeno Príncipe

 Abotoou a camisa social tão branca quanto chantilly, com mangas longas e fofas, repartiu os fios do cabelo preto azulado lateralmente, borrifou no pescoço seu perfume cujo cheiro lembrava menta, pegou o avental marrom como chocolate ao leite e saiu.

 Toda semana, na segunda-feira, quando abria aquelas portas e se dirigia para a parte de trás do balcão da pequena cafeteria no coração de Paris, Yoongi olhava em volta e se dava conta de tudo o que havia conquistado, mesmo estando sozinho em meio àquilo tudo. Era seu sonho e fora conquistado com muito esforço e dedicação. A cafeteria era pequena, simples, mas muito bem organizada e limpa, Yoongi fazia questão de cuidar da limpeza pessoalmente, afinal, segundo ele, ninguém conseguiria deixar tudo organizado e limpo do jeito correto.

 Os tons marrons e escuros do interior da cafeteria ajudavam na sensação de aconchego que a mesma passava, e isso era um dos motivos que atraia tantos clientes. Um dos outros motivos eram os livros, que estavam disponíveis em uma estante de madeira perto das mesas ao lado das janelas. Eles ficavam ali, para quem os quisesse ler. Mas o motivo principal era o café. Os salgados eram bons, os doces eram ótimos, mas o café era simplesmente maravilhoso, e o responsável por esse sucesso todo era Min Yoongi, que era um dos melhores baristas da cidade e talvez um dos melhores de toda a França. Yoongi amava café, mas mais que beber, ele amava prepará-los, sentir o cheiro e ver a satisfação no rosto de seus clientes, que apenas confirmava todo o seu talento e fama. Ele pensava que, de certa forma, era o amor que tinha por sua profissão que chamava a atenção de tantas pessoas.

 Alguns minutos depois de Yoongi ter colocado os pés em sua cafeteria, os seus outros dois funcionários também chegaram. Um deles trabalhava no caixa, seu nome era Pierre, um garoto de cabelos loiros bagunçados e de olhos fundos com uma expressão que dava a entender que estava de ressaca durante todo o tempo.

 Ele era jovem, tinha no máximo dezenove anos, e como a maioria dos jovens de sua idade, Pierre estava mais preocupado em arranjar um emprego que lhe desse um bom salário para gastar nas festas que aconteciam na noite parisiense, do que para qualquer outra coisa que a sociedade julgava essencial e importante. O garoto fazia o que tinha de fazer, não que seu rendimento fosse ótimo, Pierre trabalhava como se seu emprego fosse uma punição vinda diretamente do inferno, mas Yoongi não se importava, desde que ele fizesse o que devia da maneira correta, mesmo que de má vontade.

 A outra funcionária era Giselle, uma jovem simpática de cabelos curtos castanhos, mais alta que Yoongi, como quase todos naquela cidade, que cursava gastronomia na universidade durante a noite e durante o dia trabalhava na cozinha da cafeteria. Giselle era responsável por boa parte da fama da cafeteria de Yoongi, a mesma fazia um dos melhores macarons da cidade, era sua especialidade.

 Não demorou muito para os clientes chegarem após Yoongi abrir as portas do pequeno estabelecimento, a manhã estava particularmente movimentada naquele dia, mas quando o horário de almoço se aproximou, e Giselle e Pierre saíram, o fluxo de clientes diminuiu.

 Era meio-dia e o último cliente havia ido embora, agora Yoongi poderia descansar e ler enquanto comia um dos sanduíches que o mesmo vendia, mas isso apenas até que outro cliente chegasse. Yoongi não esperou outro cliente aparecer, pegou um sanduíche do balcão e se dirigiu até uma das mesas perto da estante de livros, ele tinha uma visão completa da cafeteria daquele ponto. Foi até a estante procurar um de seus livros favoritos, Yoongi deu graças aos céus por ele ainda estar intacto.

 Ele estava comendo enquanto lia, e distraído com seus próprios afazeres, não notou quando um rapaz de cabelos coloridos, com uma grande mochila nas costas, entrou e se dirigiu ao balcão. Yoongi tinha o hábito de rolar os olhos pelo ambiente de minuto a minuto, para ter certeza de que não havia chegado ninguém, mas desta vez ele demorou apenas um pouco, e quando o fez, notou o rapaz parado, o encarando, e se levantou apressado, indo em direção à parte de trás do balcão, enquanto limpava as migalhas do pão de seu avental e engolia o que estava mastigando.