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Acordo completamente tomada pelo desespero. Suor secretando pelos meus poros, enquanto minha respiração se mantém descompassada. Respiro fundo e agradeço aos céus que tudo não passa de um terrível pesadelo.

Com as lembranças do sonho ainda muito claras em minha cabeça, relembro uma das muitas brigas que tivemos.

- Você é uma vadia, Scarlett! Não sei como fiquei com você por todos esses meses, fazendo papel de trouxa. Você é ridícula, ridícula! Não merece ter alguém como eu. – Bruce gritava completamente fora de si, enquanto me encurralava contra a parede.


Eu simplesmente não conseguia segurar as lágrimas que lavavam minha face. A culpa começava a me atingir. Mesmo que no fundo eu soubesse que não havia feito nada de errado em sair para almoçar com meu amigo de infância, que inclusive era seu amigo também.

– Eu por acaso tenho cara de trouxa? Ou pior, de chifrudo? - fechei meus olhos com força, desejando que tudo aquilo sumisse como mágica. Mas, não... "Isso é realidade, Scarlett! Acaba com isso enquanto há tempo!" Minha consciência apontava novamente. Mas, como? Eu o amava! E diversas vezes ele me fez rir, fez com que eu me sentisse bem, me deu carinho... Será possível que tudo não passou de mentira? Ele não seria capaz de me fazer tão mal.


Impossível.

Apesar de tudo, eu sei que algo de muito bom ainda existe dentro dele.

- FALA, SUA VAGABUNDA! – Bruce me despertou de meus devaneios com um grito que me fez dar um pulo de susto. Fechou as mãos em punho e atingiu a parede ao lado do meu rosto com um soco. Fechei os olhos e me encolhi instintivamente. Ele segurou meus braços com força me chacoalhando.

- Nã-não, Bruce... – engoli em seco enquanto sentia seus dedos envolta de meus braços, onde provavelmente será marcado por hematomas que eu terei de esconder. De novo. – Bruce, não aconteceu nada, acredita em mim. Nós só almoçamos e Ryan me acompanhou até em casa. – Cobri minha cabeça com meus braços quando o garoto fez menção em me agredir. Mas não o fez. Em vez disso, agarrou seus cabelos com força enquanto mantinha o olhar perdido.

- Vai pro inferno! Você é inacreditável. – gargalhou com amargura. Se aproximou de mim com passos largos, encheu suas mãos com meus cabelos e saiu me arrastando até me jogar contra o chão, proferindo dois chutes em minhas costelas, me fazendo gritar pela maldita dor que senti. – É isso que você merece. – me encarou de cima, com os olhos fervendo em fúria. Pegou seu casaco de cima de minha poltrona e saiu batendo a porta depois de proferir mais dois chutes em minhas pernas.

Naquela noite eu dormi ali, no tapete do meu quarto. Logo após não ter mais uma mísera lágrima para colocar pra fora. Dormi me perguntando se o amor é realmente isso. Que nos machuca tão covardemente. Já havia ouvido falar que muitas vezes o amor dói, mas assim?Que amor é esse que dói mais do que qualquer outra coisa?

Eu me sentia completamente solitária. Mesmo sabendo que era rodeada de amigos bacanas e um irmão que me ama e que faria qualquer coisa por mim.

Eu me sentia fraca demais para levantar.


Humilhada demais para pedir ajuda.

Mais uma vez eu me calei.

Mais uma vez meu orgulho e minha dignidade foram parar no lixo.

Malditas lembranças! Parece que nunca irão sair da minha cabeça.

Fecho meus olhos tentando desviar meus pensamentos. Alcanço meu celular no criado-mudo e olho as horas: 4:02 da manhã. Como sei que não irei mais conseguir dormir, levanto preguiçosamente e ando até meu banheiro. Coloco a banheira para encher e fico esperando até que eu possa adentrá-la e permitir que a água quente tire toda a tensão de meu corpo. Me desfaço de minhas roupas e entro, sentindo a água tomar conta de todo meu corpo, me causando um relaxamento momentâneo.

You Are My New BeginningOnde histórias criam vida. Descubra agora