Capítulo IV

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Meus dias em Paris me permitiram contemplar Rembrandt no Louvre. Eu poderia facilmente ficar semanas observando suas obras. Em especial, The Jewish Bride, a qual me arrebatou com a sublime graça revelada na intimidade e pureza dos noivos. A noiva judia que aguarda a vinda de seu prometido, sendo ele o último a entrar na cerimônia, ansiosamente aguardado. Tudo naquela pintura era muito real, as roupas se moviam diante de meus olhos, as pérolas rolavam. Eu conseguia sentir a temperatura daquele momento na minha própria pele, como se eu ocupasse o mesmo espaços que os noivos. Até mesmo a textura dos tecidos era palpável. E creio que devia ser bem incômodo vesti-las.

Embora não se saiba ao certo se, de fato, Rembrandt foi cristão, ao meu ver, ele construiu em suas obras a sua fé

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Embora não se saiba ao certo se, de fato, Rembrandt foi cristão, ao meu ver, ele construiu em suas obras a sua fé. Meu pai, como pastor Calvinista, concordaria, mesmo tendo uma visão divergente da minha a respeito de arte. Diferente dele, eu consigo ver Jesus em algumas obras contemporâneas advindas de pessoas que não professam a mesma fé que eu, mas que revelam a verdade em suas produções, mostram a beleza da criação sem tirar a esperança e sem negar que há um sentido para a vida.

Penso que Rembrandt não tinha o intuito de evangelizar a quem visse suas obras, apesar de ter pintado diversos temas bíblicos. - Com uma proximidade atemporal inegável, diga-se de passagem- Mas creio que seu objetivo foi nada menos que trazer o reino de Deus para a terra através dessa ponte que entendo ser a arte. E acima dos meios onde a arte atua, se litúrgico, se não, o que a move certamente é o coração do artista.

Levei um tempo, mas foi importante entender que a arte não se converte cristã, - Ela não tem rótulos - ela simplesmente transmite uma mensagem através do coração do artista. Pude compreender isso por Émile Zola, um dos meus escritores contemporâneos favoritos que, sem a intenção, nem conhecimento a respeito, transcreveu em um romance chamado "La joie de vivre" o capítulo de Isaías cinquenta e três através da vida de sua personagem, Pauline Quenu. E eu inevitavelmente fiz essa assimilação. Sua obra era um livro amarelo e pequeno que cabia facilmente em meu bolso. Era também uma grande sátira, pois seu título e capa traziam alegria latente, quando, na verdade, a história era sobre dor e sofrimento.

 Era também uma grande sátira, pois seu título e capa traziam alegria latente, quando, na verdade, a história era sobre dor e sofrimento

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Oliver está entretido contando e recontando as pinturas empacotadas no ateliê, sussurrando para si os números. O quadro do pequeno Vincent está pronto. Fiz todos os detalhes que julguei necessário, e fiz uma viagem para fora de mim, divagando para me encontrar. Pintar realmente me trás paz. Eu

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