Anemone - Prólogo

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Tord

"Está pronto para mais uma transfusão, querido?" Perguntou a enfermeira, a o que ela poderia estar se referindo agora? Não presto atenção a elas, não mais; Houve um período onde eu escutaria cada palavra com tamanho zelo de modo que elas se tornavam minha razão de reflexão a noite, mas hoje não.

Todo medo se tornou um ciclo agonizante de tédio, dizem que porcos são menos estressados quando tem uma bola, consequentemente rendem melhor, eu gostaria de ter uma "bola" do meu próprio jeito.

"Sim, claro." Respondi enquanto a observava fazendo seu trabalho, acho que eles cansaram de me ter aqui; Suas mãos antes cuidadosas e lentas agora substituem a bolsa de sangue com rapidez e uma forma inocente de descuido, como se ela pudesse fazer isso sem olhar.

Aos oito fui diagnosticado com anemia falciforme, condição genética que diz que meu sangue está fodido, aos treze percebi que não crescia como os outros garotos; sintoma da anemia,e agora, aos dezesseis, me apego a qualquer coisa que consiga, observar é minha "bola".

A enfermeira saiu com seu típico sorriso, finalizando com um "Você terá companhia mais tarde! Ele está na sala de cirurgia agora." Não é como se ela tivesse muitos pacientes para tratar ; Esse é um hospital pequeno de uma cidade menor ainda, poucos crimes, poucos enfermos, então um novo paciente deve ser algo bom para ela.

Suspirei ao olhar no calendário que ficava na parede, terça-feira, meus pais não viriam hoje; Não que fizesse muita diferença, ao final de semana eles encontrariam uma razão ou outra para não visitar o filho no hospital.

Me sinto abandonado, mas tudo bem, não pode ser para sempre.

Lembro-me do dia em que descobriram da minha doença, me contaram que não seria para sempre, só duraria alguns anos se tivesse sorte, meus pais biológicos pertenciam um traço da doença cada; Deixei de acreditar em sorte no momento em que vi o envelope amarelado que constatava tal informação.

'Irá ficar bem,' Costumavam dizer 'Você sairá daqui e ficará bem.' Sim, sairei daqui depois de perder dezesseis anos e só viverei até os cinquenta, que definição de 'ficar bem' eles estavam usando?!

Olho para a cama vazia do outro lado da cortina, a última pessoa que esteve aqui foi uma criança tomando soro para se hidratar; teve um caso grave de enjoo.

Podia ter ganhado meu próprio quarto, porém insisti em o dividir com qualquer pessoa que chegasse a esse hospital; já estou sozinho, um quarto isolado teria sido pior ainda.

Quero chorar, quero sair em aventuras em terras distantes onde ninguém pôs os pés, compartilhar memórias com uma pessoa; preciso de amigos.

Cogito dormir enquanto espero o novo paciente, quero conversar com alguém, qualquer pessoa mesmo; imagino como ele será, teria ele olhos castanhos? Azuis? E seus cabelos? Ruivos como um pedaço de fogo, ou escuros como a terra? Não posso esperar para falar com alguém diferente.

Olho para a cortina enquanto sumo em meu sono, cheio de esperança para ver alguém atrás dela assim que acordar.

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Eu fui convertida a esse shipp tão rapidamente ._.

Enfim, algumas coisas sobre essa fanfic:

Caso você não tenha lido os avisos na sinopse, esse livro menciona, mas não é limitado a, abuso doméstico e temas que podem causar desconforto em certos leitores.

Se você não se incomoda com esse tipo de coisa, seja bem vindo a quinze capítulos recheados de fluff :')

Já a meu tempo de postagem, será  PROVAVELMENTE duas vezes a semana enquanto eu estiver de férias, nos dias em que isso não se aplicar poderei postar nenhuma ou somente uma vez.

Tentarei fazer meu melhor para terminar essa fanfic e gostaria de agradecer a todos que já deram ela uma chance.

Espero que gostem! Os capítulos serão mais longos a medida que a fanfic se desenvolve.

Tchau!

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