Bola fora - Sohan

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A campainha tocou e meu coração disparou. Eu a veria novamente, depois de tanto tempo.

Eu tinha me mudado para a Califórnia, para estudar em Stanford, e sabia que Kamala também viria para esta universidade. Meu tio Ren me ligou, dizendo que compraria uma casa para Kamala. Ele perguntou se eu queria que ele providenciasse outra para mim, mas eu lhe disse que mamãe já tinha comprado. Mais tarde, eu soube que a corretora de mamãe encontrara uma casa semelhante à minha e que Kamala seria minha vizinha. Eu queria muito vê-la. Eu era apaixonado por ela há anos, mas nós estávamos afastados havia muito tempo.

Quando éramos adolescentes, eu fui completamente apaixonado por Kamala. Mas eu era muito jovem e não sabia me comportar. Kamala não percebeu que o que eu sentia por ela era amor. Sem querer eu a tratei com frieza e quase com desprezo. Depois disso, nós deixamos de ser amigos.

Eu terminei o ensino médio no Japão. Meus pais me visitavam sempre que iam àquele país. Tio Ren também. Eu vi tia Kelsey e Anik algumas vezes, mas nunca mais me encontrei com Kamala. Nas poucas vezes em que ela viajava com os país ou que eu ia aos Estados unidos, Kamala sempre estava ocupada e nós não nos encontrávamos. Eu às vezes desconfiava que ela fugia de mim.

Anik sabia dos meus sentimentos por sua irmã. Eu contei a ele quando eu tinha 13 anos e ele nunca comentou à respeito disso com ninguém. Eu lhe perguntava sobre os sentimentos de Kamala a meu respeito. Anik nunca mentia para mim.

— Eu acho que, quando vocês se reencontraram após os primeiros anos em que você ficou no Japão, minha irmã estava apaixonada por você. Mas Kamala não é do tipo que sofre por amor. Quando você não correspondeu da maneira que ela esperava, minha irmã ocupou-se de outras coisas e te esqueceu.

Agora que nós éramos adultos e estaríamos sozinhos, sem nossas famílias, distantes de casa, eu acreditava que poderia reconquistar, se não o amor, pelo menos a amizade que nós tínhamos e que me era tão cara.

Corri para abrir a porta. Dei de cara com tia Kelsey sorrindo para mim. Eu a adorava. Nós tínhamos uma ligação forte. Eu a amava tanto quanto à minha mãe, e ela também me tinha como a um filho. Ela me agarrou em um abraço apertado e beijou minha bochecha.

— Olha só o meu menino, como está lindo! Adivinha o que eu trouxe para você? — Me empurrando uma lata fechada.

— Hummm... Biscoitos de chocolate e manteiga de amendoím?

— Isso mesmo! Fiz para Kamala, mas consegui roubar alguns para você!

— Tia Kelsey, eu te amo!

Eu dei um beijo na bochecha de tia Kelsey e pedi que ela entrasse. Tio Ren me deu um beijo na bochecha, todo sorridente e entrou. Anik deu um sorriso torto e foi o último a entrar. Eu fechei a porta e perguntei decepcionado.

— Kamala não veio?

— Não querido. Ela está cansada. Mas tenho certeza de que vocês vão se encontrar logo. Ela mora aqui pertinho.

Anik deu um sorriso descarado e comentou.

— Claro! Com certeza não faltará oportunidade.

No dia seguinte, acordei mais cedo, tomei banho e me vesti para ir à faculdade. Preparei um café e comi os biscoitos de tia Kelsey. Então entrei no carro e dirigi calmamente até o campus. Fui um dos primeiros a chegar ao auditório para a primeira aula. Olhei ao redor, na esperança de ver Kamala. Ela ainda não tinha chegado. Procurei a fileira perto da porta, para que eu pudesse vê-la entrando e me sentei na segunda cadeira.

A sala começou a encher, e nada de Kamala aparecer. O professor chegou e começou a aula, mas Kamala ainda não tinha chegado. Comecei a ficar preocupado.

Os filhos do tigreOnde histórias criam vida. Descubra agora