Poesias, Velhas Poesias

2.O Menino De Preto:"Recomeço"

Silenciosamente, ela passou a caminhar,
Sobre a estrada de vidro,
Sem se preocupar,
Com o que não foi dito
Completamente sem cor,
De mal com vida,
Inteiramente sem vigor,
A luz do amanhecer...

O garoto de preto então passou a seguir,
Os rastros de sangue, que estavam ali...
As lágrimas esquecidas cintilando no chão,
Eram o espelho da menina pura de coração...

(E ela sussurrava:)
Sou do tempo,
Sou do vento
E carrego o alento, de um dia sangrento,
Que há muito se passou...
Sou pássaro negro, que não pode mais voar!

(E o garoto gritava:)
Menina, você é maluca...
Cheia de vida,
Com muitos caminhos a trilhar,
O que faz aqui, nessa terra maldita,
Sem um anjo para lhe guardar?

Sou fugitivo, ainda detento,
Sem motivos para sorrir,
Sou a sombra do imperfeito,
Mas não posso te ver cair...
Esse teu jeito, tão sem jeito,
Que ecoa no meu ser,
Me faz querer viver
Venha, vamos sair daqui...

Moço, há muito eu já caí.
Meu lugar é aqui,
Junto a imensidão de porcelana,
Das pessoas sem gana,
No vácuo sem fim!

Menina, começou a nevar,
Você vai se resfriar,
Vamos procurar, um lugar para ficar,
E conversar...
Sobre as travessuras da vida,
Que é como tu, ainda menina
Linda e tem muito a contar,
Às vezes se perde, nos caminhos do universo
E encontra problemas incertos,
Que não sabe resolver...
Mas tudo bem, você é criança,
Ainda tem muito a aprender!

Garoto bobo e cabeça dura,
Por que ainda tenta me convencer?
Por que eu iria seguir você?
Por favor, desista de mim!

Não, não irei desistir,
Você é muita nova pra brincar assim,
Esse mundo obscuro, não é pra você,
Que ainda tem cor para viver,
Veja teus cabelos, são tão reais,
Vermelho vivo, naturais,
Teus olhos mais brilhantes,
Que o amanhecer,
São tão importantes
Para se perder...

E em meio ao sorriso solto por ela,
O garoto de preto saiu de sua cela,
segurou sua mão,
Tocou seu coração...

(E ela sussurrou)
Sou do tempo,
sou do vento
Menina sem jeito,
E carrego alento,
Do menino de preto...

By Anny, 2016.