Nine

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Daniel

Eu não queria que ela dissesse que sentiu a mesma coisa que eu quando nos beijamos, mas também não queria que ela dissesse que não significou nada. E o mais estranho é que doeu. Tentei dizer que foi um equívoco por conta da carência só pra amenizar. Mas ela me atingiu em cheio ao dizer que não significou nada.

Durante o trajeto até o Vilarejo Crescente, ficamos em silêncio. Ela parecia alheia a tudo em nossa volta. Talvez sua mente estivesse cheia de preocupações. Já perto do casarão, resolvo amenizar o clima estranho.

_Você conhece essa família de vampiros que vai chegar?

_Não. Acho que eles eram amigos do meu avô, algo assim. Meu pai que deve saber quem são direito.

Assinto e então entramos no território do casarão. Ela parece meio perdida, então seguro na sua mão para entrarmos juntos. Ao entrarmos no casarao, a sala está praticamente lotada.

_Bom dia, povo._Saúdo divertido._Estão distribuindo sopa grátis aqui?

Alguns sorriram e outros olharam diretamente pra minha mão entrelaçada na mão da minha esposa trevosa. Puxo ela pra minha frente e seguro em seus ombros.

_Kayla veio falar com você, Celina.

_Bom dia._Ela diz com voz baixa._Posso falar com você, Celina?

Minha irmã se aproxima e leva a peste pro andar de cima. Olho em volta e fico perdido com tanta gente.

_Tio Vinícius!_Aperto a mão do meu tio._Cadê tia Sofia?

_Sofia quis descansar hoje. Ela está estressada ultimamente._Ele revira os olhos e sorri._Vicente e Safira vieram comigo.

Cumprimento meus primos com um abraço e vou até meu tio Pedro. Ele veio com a sua mulher Caroline e suas filhas, Luíza e Heloísa. Meu tio fez uma homenagem linda a minha irmã que morreu colocando o nome dela na sua filha. Meu pai me contou que a Milan foi o primeiro amor do meu tio. Tenso.

_Vô Érico, cadê a Yuli?_Abraço meu avô.

_Ficou fazendo companhia a Sofia. Parece que as mulheres deram pra surtar ao mesmo tempo._Ele responde fazendo graça.

_Vô Dimitri. Vó Madalena._Beijo meus avós paternos._Essa família é muito grande, minha Deusa! E vocês só tiveram dois filhos. Imagine se tivessem mais?

Cumprimentei todo o resto que estava no ambiente e sentei afim de me enturmar na conversa. Eu tentei focar nas pessoas a minha volta, mas minha mente estava lá em cima, no quarto da minha irmã. Será que ela está confidencializando o beijo que demos para a Celina?

_Daniel?_Mayk me cutuca._Estávamos perguntando se você já se rendeu ao amor com sua esposa, mas eu acho que já temos a certeza só pela cara de apaixonado que você está fazendo agora.

_Há há. Muito engraçado você.

Todos riem e eu não consigo segurar. O pior é que pra eles a minha risada só confirma o que disseram. Odeio ter riso solto. Pouco tempo para o almoço, Kayla e Celina aparecem.

_Fique para o almoço, Kayla. Juro que não é cervo._Minha mãe diz.

Nesse instante, Kayla olhou pra mim e seu olhar demonstrava vergonha. Muita vergonha. Ela rejeitou o convite pedindo mil vezes perdão e saiu sem me esperar. Olho pra minha mãe e o meu silêncio pra ela denuncia minha insatisfação com o comentário que ela fez. Saio correndo atrás dela e a mesma já tinha sumido. Me concentro e farejo o ar. Logo a encontro e saio na velocidade vampírica atrás dela. Encontro-a de frente a uma grande queda d'água, que formava uma alta cachoeira. Ela estava na beira da grande pedra, de pé e de cabeça baixa.

_Kayla?

_Sai daqui, idiota!_Ela grita com a voz embargada._Você tinha mesmo que dizer a toda sua família um simples desentendimento nosso? E ainda me chamam de infantil quando quem age como criança é você. Me deixa sozinha, Daniel. Ou vou te quebrar no meio.

Sua ameaça não surte efeito de receio nenhum em mim. Me aproximo calmamente e então ela pula da grande pedra indo de encontro a água lá embaixo. Pulo logo atrás e agarro seu corpo ainda no ar. Caímos na água ao mesmo tempo e foi aí que o demônio adormecido acordou. Ela simplesmente segurou meu pescoço e mordeu. Fechei os olhos aproveitando a sensação de tê-la me sugando. Quando ela me soltou, foi a minha vez. Ela tem um gosto espetacular. É indescritível.

Ela puxa minha cabeça desgrudando meus dentes do seu pescoço e bate a mesma no seu joelho. Sinto que quebrei o nariz. Ossos quebrados doem e demoram uns minutos pra curar. Pego-a pela cintura e arremesso-a para fora da água. Ela solta um grito aventureiro e isso me faz sorrir. Em terra, ela pula em cima de mim e puxa meu braço quebrando-o. Rosno muito alto pela dor que isso me causou. Enquanto ela acha que ganhou, derrubo ela no chão e quebro sua mão.

_Seu idioooota!_Ela grita de dor._Corre porque vou quebrar você todinho.

Acabo gargalhando da sua ameaça falsa. Ela não vai me quebrar todinho. Ela não é doida. Começo a desconfiar disso quando ela vem rapidamente pra cima de mim. Eu caio no chão e ela por cima de mim. Quebra meu outro braço, minha pernas, inúmeras costelas...

_Você..._Cuspo muito sangue._Vai me matar se não parar.

_Não duvide quando digo que vou te quebrar inteiro e nem quando dizem que meu gênio é do cão.

Dito isso, ela beija levemente meus lábios e quebra meu pescoço. Apago.

(*)

Estão se batendo agora né kkk
Como tô amando escrever sobre esse casal genioso 😍🤣

O filho da lua e a filha da escuridãoOnde histórias criam vida. Descubra agora