9. Um dia cheio de emoções (p. I)

332 88 332
                                    

Depois da situação estranha na porta da escola Sara desembarcou na porta da casa de Henrique, os dois entraram em silêncio, um silêncio tão profundo quanto o que fizeram durante o trajeto. Henrique abre a porta da casa e ambos entram. 

_Aqui ninguém vai te ver... - Ele diz meio sem graça. - Quer comer alguma coisa? 

_ Por que me trouxe aqui? 

_ Para termos privacidade. 

_ Privacidade para ...?

_ Garota você é complicada! Se quiser ir pode ir! Só queria poder ficar um tempo com você! 

_Não vamos transar! - Sara diz seria.

_Não estava pensando nisso! - Ele sorri, realmente Henrique não pensava nisso, apesar de saber que se a jovem o desse liberdade ele não saberia o que fazer para resistir.

_ Hum... Eu tenho que trabalhar daqui a pouco. - Ela diz desconfiada.

_Então acho melhor te beijar logo, antes que vá e eu fique aqui sofrendo com sua falta...

O homem se aproxima e os dois beijam. Sara deixa sua mochila cair no chão, se entrega aos beijos e aos braços de Henrique. 

Sem abrir os olhos eles caminham até a parede mais próxima. Pelo visto Henrique gostava de pressiona-la contra a parede, talvez porque aquele ato o dava uma gostosa sensação de controle, Pedro precisava daquela sensação. Precisava sentir que estava no controle porque por mais que não quisesse assumir, ele estava com medo. Medo de ser trocado novamente, de ser traído, medo de apaixonar ainda mais pela jovem que cedo ou tarde o odiaria por tudo o que ele era, medo do dia em que teria que escolher entre ele e o pai. 

Não importa quantos anos tem, se cinco, ou dez, ou vinte ou quarenta o medo é normal, todos temos medo de alguma, e esse medo não te faz fraco, te faz humano. No caso de Henrique ele estava com medo de uma menina, não exatamente da menina, mas do que ela representava. Tinha medo pois sabia que já sentia alguma coisa por ela, a cada dia esse sentimento crescia. Medo do que aquela situação traria no futuro.

Sara estava com medo daquele homem e com razão, ela não sabia quem era, qual a vida que levava longe dali, qual passado dele, o que ele sentia por ela, tinha medo de todas as sensações que ele causava nela. Ainda mais agora que sentia seu corpo parecia se queimar por dentro, seu coração batia tão descompassado. Tudo aquilo era novo e gostosamente perigoso. Com toda a experiência dele ela era presa fácil! Sempre teve certeza que se guardaria para o casamento, que seria de um único homem pelo resto de sua vida, mas quando Henrique colocava a mão nela... Sara começava a duvidar.

_Preciso ir! - Sara empurra Henrique de leve no momento em que ele coloca a mão em um dos seios dela.  

_Tem certeza? - Ele se afasta ofegante. 

_Tenho! Não é uma boa ideia ficarmos aqui sozinhos... 

_Não!? - Henrique sorri. - Pensei que...

_ Esse é o problema! Chegamos ao limite. 

_Entendo! Quer comer alguma coisa? Ou... conversar?

_ Está fazendo faculdade de Direito também? Quantos anos é mais velho que o seu irmão? Onde morava antes? - Sara dispara tentando aliviar a tensão dentro de si. 

_Sim essa é minha segunda graduação, sou sete anos mais velho que meu irmão, morava em... São Paulo. - Henrique responde sem prestar atenção que estava falando do seu irmão mais jovem e a verdade sobre sua última morada. - E você? Me fala alguma sobre você. - o mais velho diz trazendo a jovem para se sentar ao seu lado no sofá.

Entre a cruz e a espada. (Degustação)Onde histórias criam vida. Descubra agora