7. Ameaças

353 90 233
                                    

Antônio recebe uma ligação muito estranha. Uma pessoa com voz robótica ameaça entrega-lo a justiça se ele não pagasse o valor de cem mil.

Ele jamais aceitaria tal ameaça.

Pegou o telefone e discou para Robson, na segunda chamada o homem atende.

Robson já trabalhava a mais de dez anos para Antônio Carlos, fazia os mais diferentes trabalhos e sempre os executou com excelência.

_Tem um filho da puta me ameaçando, está dizendo que vai a polícia. Descubra quem é o pilantra, com certeza é algum pião, ache-o!

Antônio olha para seu relógio de pulso. Todos achavam ser um relógio normal.

Bando de caipiras idiotas! Antônio pensou.

O relógio valia mais de quinze mil reais, um Rolex prateado, a primeira grande aquisição depois de entrar no mundo do crime.

Tinha certeza que Sara não voltaria tão cedo. A jovem havia saído com Alexia para assistir um filme. Eles tinham discutido muito mais cedo.

Antônio detestava esse lado bondoso, honesto e complacente da filha. Ela lembrava a si próprio de alguns anos atrás, sua honestidade e bondade foram motivo de muito sofrimento e decepção ao longo de sua vida.

A pior delas a dezesseis anos quando Sandro seu filho mais novo morreu por falta de cuidados médicos. Antônio não tinha condições financeiras para arcar com os cuidados do filho doente, chegou a pedir dinheiro emprestado, moveu céus e terra, mesmo assim o filho a quem tanto amava precisava de mais, muito mais...

No fim de tudo, quando Antônio não tinha mais dinheiro ou meios para conseguir pagar o tratamento seu filho definhou e morreu. Um lindo garotinho de dois anos.

Não tinha perdido só o filho, havia perdido muito mais. Enquanto a terra encontrava o caixão branco Antônio fazia uma promessa a si mesmo, nunca mais ele padeceria quaisquer necessidades, daria a sua família tudo do melhor, a qualquer preço.

Passados alguns meses do fatídico dia da morte de Samuel, seu amigo Ronaldo Dantas o procurou. Antônio era contador, um dos melhores, Ronaldo precisava lavar dinheiro de seus investimentos políticos, assim começou o primeiro emprego. E depois desse Antônio nunca mais parou.

Estava envolvido desde os pequenos desvios, prostituição e tráfico de drogas.

Antônio Carlos esquematizava, organizava e treinava pessoal para as armações de seus clientes.

Clientes dos quais ele sabia que estavam sobre investigação quando não, presos. Não se importava nenhum pouco com a Justiça, se fosse descoberto sairia do país rápido e fácil. Já tinha esquematizado planos de fuga.

Tinha dinheiro e pessoal bem pago para o deixar no México, Bolívia e EUA se pudesse fugir de avião.

Seu único problema era Sara, sempre Sara, teve esperança que Flávio a arrastaria até o mundo do crime. Mas assim que ela descobriu que o rapaz fazia parte de um esquema de desvio e pagamento de propina dentro da cidade... Ela simplesmente o largou, o pobre rapaz sofria com a ausência da garota até hoje.

Flávio fora praticamente criado por Antônio, desde os dez anos após a morte do pai, um traficante da cidade, depois de ver o pai morto a criança correu até a exaustão. Estava dormindo na porta de sua loja molhado e frio... Antônio se compadeceu do rapaz e o acolheu, ensinou o garoto a arte da picaretice, o tratou como filho, Flávio era um bom garoto, um bom rapaz e exímio filho.

O rapaz assumiu o papel de gerente na administração do super mercado, mas na verdade era muito mais que isso, o jovem trazia e levava grana.

Ajudava com a resolução de alguns problemas, e garantia os nomes que seriam usados como laranja nas operações que precisavam.

O sonho de Antônio era ve-lo casado com Sara, os dois até foram muito próximos quando criança. Depois que Sara cresceu Flávio se apaixonou por ela e quando descobriu estar apaixonado pela irmã contou a Antônio Carlos envergonhado. Pediu muitas desculpas e chorou só depois explicou o motivo do desespero. Antônio riu. Agradeceu ao garoto que tinha com filho e permitiu que ele tentasse viver sua paixão.

No começo eles se tornaram um casal, tudo andou bem por quase um ano. Até Sara vir contar ao pai que Flávio desviava dinheiro do mercado para pagar o direito de exclusividade da loja no ramo ao qual atuavam. Antônio defendeu o rapaz, explicou saber da situação e etc.

Sentado em sua mesa de escritório abre alguns e-mails e se depara com o e-mail de um traficante, um dos grandes. O homem queria dinheiro que supostamente Antônio teria desviado para si. Pobre coitado, Antônio havia desviado muito mais dinheiro e de todos eles, de cada um o valor que achou propício.

O homem ameaçava severamente a vida de Antônio. Como se ele se preocupasse com isso. Um traficante do Rio, do outro lado do mapa, cercado e procurado pela polícia. Antônio acha que seria bem difícil o sujeito conseguir alguma coisa.

Antônio, porém, era um homem precavido, resolveu colocar segurança no mercado, um que andaria com ele, para Sara as coisas deveriam ser feitas com cuidado.

Três homens fariam a segurança da jovem sem que ela percebesse...

Pronto!

Estava feito o sistema de segurança...

Agora caminhou para ver as notícias de seus antigos clientes, políticos presos, sendo julgados, bens congelados. E ele curtia sua vida no conforto da sua casa, vendo a desgraça alheia pela televisão, se eles trabalhassem direito...

Mas agora nada disso importava. Nunca seria pego.

Arquivou alguns documentos, do atual presidente na nuvem, algo que só seria aberto através de um código de barras, dentro do chip que estava guardado, só Antônio e Sara sabiam o paradeiro desse chip.

Olhou no relógio as horas e decidiu caminhar um pouco parando em frente a casa Alexia. Pensou chamar por Sara mas desistiu...



..................

Espero que tenham gostado. Muito obrigada por lerem. Não esauecsm de comentar.

Beijos da Luci

Entre a cruz e a espada. (Degustação)Onde histórias criam vida. Descubra agora