Capítulo 5 - "Isso não vai ficar assim"

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Eu não podia acreditar naquilo. Eram tantas perguntas. Um turbilhão na minha mente. Toni gritava, tentando me fazer reagir, mas eu só conseguia me perguntar como... Como ele estava vivo? Como ele não morreu com os choques? COMO ele tá vivo, caramba?! Por que ele foi dado como morto? Tantas perguntas. Até que eu comecei a pensar em um plano de entender essa história direito. Solucionar isso.

Toni me deu um tapa na cara para me fazer acordar de um transe. Revoltado, revisei com o dobro de força. Nós, virginianos, somos fortes pra agredir sim, tá? Verbalmente e fisicamente. Mexe comigo pra tu ver.

Toni: AI, MIGUEL!! EU SÓ QUERIA TE AJUDAR!!

Miguel: Tá, tá.

Toni: Cara... Você tá cagando pro que eu falei. VOCÊ ME DEU UM TAPA NA CARA.

Miguel: VOCÊ TAMBÉM ME DEU UM, SUA JAMANTA.

Acho que ele nem ficou remoído. Assim espero. Se não, ele podia colocar a perder o meu plano. Podia falhar de propósito.

•••

Mandei uma mensagem no grupo dos “BFFs sempre!”. O nome é muito ridículo, temos que concordar, a Alexia não tem vocação pra isso.

Conversa no WhatsApp on:

Miguel: Pessoal, preciso falar urgentemente com vocês.

Alexia: O que houve, Miguel?

Toni: Ele disse que...

Miguel: Cala a boca, seu ridículo, deixa que EU FALO o meu problema.

Toni: PARA DE ME OFENDER!

Miguel: PARA DE LEVAR TUDO A SÉRIO, SEU TROUXA!

Toni: AAAAAA, ME OFENDEU DE NOVO 😠

Miguel: 😒🙄

Alexia: Os bobalhões podem parar de brigar, e me explicar o que está acontecendo?

Miguel: O caso é o seguinte... Lembra de que eu te contei sobre meu pai?

Alexia: Lembro. O que tem?

Miguel: Ele tá vivo.

Alexia: 😮c tá brincando com minha cara.

Miguel: Juro.

Toni: O Miguel até conseguiu quase falar com ele.

Alexia: Quase?

Toni: Sim, ele ficou estressado e nervoso com a situação, e tacou o celular da mãe dele no chão...

Alexia: Miguel, c tá maluco, mano?

Miguel: EU N ME AGUENTEI, TÁ. QUE MERDA ESSA SITUAÇÃO TODA.

Toni: Você recebeu alguma punição? Sua mãe perguntou o pq de vc ter feito isso?

Miguel: O dinheiro da minha mesada vai ser investido num celular novo pra ela.

Alexia: Bem feito. Pra deixar de ser trouxa. 😂

Toni: Hehehehe😂

Miguel: Quer saber, vão se lascar. Amanhã preciso falar com vocês na saída. Na lanchonete?

Alexia: Por mim, tudo bem. E vc, Toni?

Toni: Blz, nóis conversa lá.

Miguel: Tá, tchau.

Conversa no WhatsApp off.

Coloquei o meu celular na cômoda ao lado da minha cama. Minha mãe já havia ido dormir antes de mim. Então, dormi sem seu beijo de boa noite. Então fui até ela. Chegando lá, pensei que... Perdi o contato do meu pai. Agora pra sempre. Ou talvez... Eu encontre ele. Tudo depende de amanhã.

•••

No intervalo da aula, depois de comprar meu lanche, trombei com o Jão sem querer. Queria nunca mais olhar na cara dele. Mas ele DERRUBOU meu lanche.

Miguel: Você tá cego, Jão?

Jão: O que você disse?

Miguel: PERGUNTEI SE VOCÊ NÃO VIU EU PASSAR. Você derrubou meu lanche.

Jão: E daí, seu escroto?

Miguel: Olha como você fala comigo.

Jão: Nossa, que medo eu tenho de você. Me caguei todo com esse jeito que você falou.

Miguel: Para de tentar ser valentão? Esse showzinho seu de apavorar todo mundo já tá ridículo. Você assusta de tamanhos e voz. Você não seria capaz de agredir.

Jão: Você tá me desafiando, seu viado?

Chega. Eu já não aguento mais o Jão. Fiquei tão irritado que dei um tapa muito forte na cara dele. Coloquei toda a minha força nesse tapa. Todos que estavam ali no pátio, olharam de boca aberta. Pareciam não acreditar. Quase dei risada, pois a marca da minha mão ficou estampada em seu rosto.

Miguel: Espero que você procure adjetivos pra você. Ao invés de se preocupar tanto em apelidar os outros. Você tem é que baixar a sua bola. Você não sabe o que eu passei. Não vou deixar você me insultar. E eu juro, Jão. Esse seu “reinado” de valentão vai acabar. - me libertei, disse TUDO que me deu na telha, com o dedo apontado na cara dele.

Saí daquele lugar, e deixei todos em silêncio, embasbacados com aquilo. Senti como se eu tivesse dito o que todos queriam dizer... Mas por falta de coragem, não diziam. Até que senti uma mão segurando meu braço com muita força, como se fosse destruir meus ossos ali mesmo. Era Jão. Ele me segurou com suas mãos, e me levantou.

Jão: Você não brinca comigo, seu pirralho... NÃO BRINCA COMIGO!!! - de repente, fui empurrado por ele, caindo nas plantas do jardim do colégio, e bati minha cabeça na parede. Caramba, doeu muito. AAAAAAAAAHHHHHHHHHH, EU QUERIA MATAR O JÃO NAQUELE MOMENTO. As pessoas que viram, ficaram sem reação. Mas eu me levantei. Não ia deixar impune. Dei um salto, e peguei Jão pelos poucos cabelos que tinha, e empurrei do 18° degrau da escada. Ele foi rolando até chegar lá em baixo. À medida que as coisas aconteciam, todos ficavam sem reação. E o pior: ficaram pálidos com a dimensão que a rivalidade havia chegado.

Jão não sentiu nada, pois aquele tamanho dele impediu. Mas ele vai ter uns pequenos hematomas, que vai sentir no dia seguinte, e não hoje. Desci as escadas, e puxei ele pelo cabelo até a diretoria. Alexia viu eu o arrastando, se assustou, e foi tentar me controlar.

Alexia: MIGUEL, O QUE VOCÊ TÁ FAZENDO?! O JÃO VAI TE DESTRUIR DEPOIS!! LARGA ELE!!!

Miguel: ALEXIA, CALA A BOCA E SAIA DAQUI. EU NÃO VOU DEIXAR ESSE NOJENTO ESTRAGAR MINHA VIDA NESSE COLÉGIO, NÃO DEIXO.

Entrei com o Jão na diretoria. Contei TUDO. Ele nem contou o que eu fiz pois sabia que não ia ter argumentos melhores que os meus. Foi suspenso por uma semana. Por aquela semana, eu já estava livre daquele traste. E EU me livrei dele sozinho. Nunca tive tanta atitude assim.

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