A princípio, ela não o viu. Seu corpo o reconheceu antes que seus olhos o vissem. Sentiu sua presença e os olhos em seu corpo faziam sua nuca formigar.
Não sabia o que ele queria ali, quando deixou claro que não iria. Quando afirmou mais de uma vez que aquilo não tinha importância. Que ela não tinha importância.
Ele não a queria. Deixou claro que tê-la seria um erro e que de erros ele já estava farto. Disse que tinha responsabilidades e problemas demais na vida para ter mais um. Ela.
Aquilo doía. Sabia que aquele sentimento a acompanharia por um bom tempo.
Decidindo que já que estava ali e que não poderia se divertir da maneira que queria, ao menos poderia beber.
Beber muito. Beber demais. Beber até encher o cú de álcool e esquecer por algumas horas o quanto sua vida era desgraçada. O quanto ele complicou ainda mais algo que já era complicado.
Só notou o quanto de fato estava bêbada algum tempo depois, quando uma música que adora começou a tocar e tentou levantar para seguir até a pista de dança. Cambaleou bonito e quase beijou o chão.
Esbarrou em alguns corpos suados no caminho, mas não se importou. Entrou no meio do povo, roçando contra tudo e todos ao seu redor.
Parou apenas quando atingiu o meio da pista. Fechou os olhos e ali se jogou, a cabeça rodando, o corpo leve, a mente livre de preocupações. Livre de Bernardo e suas neuras, de loirinhas gostosas e mornas e de barmans musculosos exibidos.
Rebolou, dançou, beijou quem quis beijar, socou a cara de um babaca e se divertiu como nunca.
Soprou o punho, dando as costas a um homem gemendo e caído no chão, e foi quando bateu de frente com uma parede sólida de músculos rijos e muito maiores do que qualquer outro cara que já tenha visto.
Com o rosto enfiado naquela camisa de flanela impregnada com aquele cheiro que a deixava louca – uma mistura de feno, masculinidade e algo só dele – soube antes de erguer os olhos de quem se tratava.
Ele moldou seu corpo no dele, naquela pegada que a deixa muito além, agarrando sua cintura e um punhado do seu cabelo, puxando com força.
E ergueu seu rosto apenas para rosnar contra seus lábios:
— Quer dançar? Vai dançar comigo. Quer beijar a primeira boca que encontrar? Vai beijar a minha. Quer rebolar até o chão, como uma puta? Vai rebolar pra mim, montada no meu pau, bem gostoso, como uma boa amazona — mordeu seu lábio com força e ela gemeu. — Era isso o que você queria, Maria Luíza? Me deixar descontrolado, louco por você?
Balançou a cabeça, confirmando, a respiração suspensa, sentindo o corpo forte a envolver. O pau duro contra seu ventre e tudo que aquele homem meio louco e meio destemperado sempre a causava.
Bernardo sorriu. Um sorriso diabólico, malicioso, de quem lutou contra algo que queria e agora o teria na palma da mão, ao seu dispor.
No caso, ela.
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POR AMAR VOCÊ - SÉRIE JONES | LIVRO I [SEM PREVISÃO]
Художественная прозаMaria Luiza é uma jovem de 17 anos que anseia por conhecer o mundo após sair do orfanato no qual viveu desde que era um bebê. Ansiando por aventuras, Malu e suas quatro melhores amigas embarcam em um ônibus com destino desconhecido certas de que a...