POR AMAR VOCÊ - SÉRIE JONES | LIVRO I [SEM PREVISÃO]

Prólogo

Brandon Jones, 26 anos, recém formado e vindo lá da Europa, quando conheceu o Brasil não quis mais ir embora. Visitou quase todos os estados e capitais, encantou e encantou-se pelas belezas do país, mas foi pela Paraíba que seu coração bateu mais forte.

O Sertão do estado era uma coisa linda, mesmo com a escassez de água e todas as dificuldades que afligem seu povo. Ele via a beleza do lugar, olhos que desde cedo detectavam e apaixonavam-se por minorias. Aquelas terras pareciam-se muito com os desertos que vira mundo afora e ali decidiu ficar.

Foi numa pequena cidadezinha nos confins do estado chamada Princesa Isabel que enfim encontrou-se. Comprou sítio, fez amigos, comprou terras, transformou sítio em fazenda e passou a chamar aquele lugar por seu. Aquele era o seu lar, mais do que a sua terra natal jamais fora.

Após dois anos de vivência, sotaque gringo que não se perde, um português enrolado que arrancava risadas por onde ia e um sorriso no rosto de quem não se importava que rissem dele, sendo que ele mesmo se ria e dos outros, também, Brandon se viu na vida que nasceu para viver.

Paraibano é um bicho engraçado e ele se esforçava para aprender todas as gírias e ainda tentava imitar o sotaque nordestino, desenrolando aos poucos uma língua que já nasceu enrolada.

Conheceu Florinda, a sua Flor, em uma das suas muitas viagens para compra de gado em Campina Grande. Aos poucos ele fazia fortuna e já era conhecido como o "rei do gado" pelas redondezas.

Flor, no auge dos seus 20 anos, era uma moça mirradinha, pequena de tudo e bela como um anjo; loirinha e com uns olhões azuis enormes e bonitos por demais, capazes de colocar homem feito e vivido pra beijar lona e implorar por mais.

Brandon, que naquela terra onde o inglês era pouco falado passou a chamar-se Breno, sentou-se ao lado dela no ônibus de volta pra Princesa Isabel e desde aquele dia em que trocaram olhares e sorrisos tímidos, uma conversinha besta de gente que quer se conhecer mas não sabe como puxar assunto além do clima, não se largaram mais.

Moça de cidade pequena pouco namora e quando vê, já está casada e com menino no bucho.

Flor era filha única, era feliz morando em uma casinha minúscula e cuidava dos pais já velhinhos com amor. Não tinha grandes ambições além de casar-se um dia, porque é isso que ensinam para as meninas e em cidade pequena, a pressão é ainda maior.

Quando se viu morando numa casa grande de fazenda e chamada por todos os lados de "a mulher do patrão" e portanto "patroa" entrou em pânico. Não se via como dona daquilo tudo, nunca fizera nada para merecer tamanha mordomia e não importava quanta saliva o marido gastasse dizendo o contrário. Não se via mandando em peão, ajudando o marido na compra e venda de gado e nos números exorbitantes que ele calculava todos os dias, então tomou para si o dever de gerir a casa grande e os empregados, como se espera de una esposa.

Foi até a primeira cria nascer que ela percebeu que, sim, poderia chamar aquilo tudo por seu, todas as terras e animais, mas não sem antes dar o seu melhor para isso.

Começou a estudar em casa, enquanto o marido trabalhava embaixo de sol e o bebê brincava de trocar o dia pela noite. Prestou vestibular para três universidades particulares, passou em quase todas as provas e tentou conseguir uma bolsa em ao menos uma delas. Não se inscreveu em nenhuma universidade pública porque a carga horária, entre ir e vir para a cidade mais próxima e com uma criança pequena ainda de peito, exigiriam muito dela e da pequena família que formava.

Quando teve todos os pedidos negados, Flor, não sem antes pensar muito, chorar e ensaiar em frente ao espelho, pediu um empréstimo ao marido. Brandon nem ao menos titubeou, sabia que a mulher aprontava alguma coisa, estava sempre enfiada no quarto e rodeada de livros, dividindo-se entre o menino e o que que quer que lesse tanto.