/ Dia 3: sol, areia e Max.
Uma coisa que qualquer marinho mais teme em alto mar é o encontro com uma tempestade, pelo menos é o que eu mais temia. Naquela tarde eu vi Max perder sua postura de macho dominador.
Pouco tempo depois que acionamos o bip, quando avistaram a tempestade, tio Jô não perdeu tempo, logo estávamos todos preparados para o inevitável.
- OK, pessoal como estamos muito distante do litoral, precisamos sair desses recifes, vamos seguir no sentido contrário – o tio sabia o que estava fazendo, eu não precisava me preocupar, mas no sentido contrário não tinha nada, apenas o oceano atlântico e mais a frente a África.
- Mas tio, não era melhor chegarmos ao litoral?
- Não daria tempo Tom, precisamos nos afastar, pela velocidade do vento, não é sábio enfrentarmos ela de frente. Se seguirmos reto nesta outra direção, talvez possamos chegar próximo a uma pequena ilha, onde poderemos ancorar.
- Ilha, nessa direção, tem certeza? – Marcos pareceu duvidar.
- Tem sim, ela é pequena e desabitada, ela não está no mapa, agente passa a noite lá, e amanhã seguimos para Fernando de Noronha.
- Fernando de Noronha? – eu praticamente gritei.
- Sim Tom era pra ser surpresa, acabei estragando.
Com toda essa movimentação, Max não dava nenhum pio, ele estava sério e agitado, organizando mochilas com agua mineral, barras energéticas, ensacando fosforo e isqueiros, tudo amarrado a suas costas. O tio colocou o barco em curso para tal ilha, ele se confiava nas suas cartas náuticas, na bússola e na sua experiência é claro. Marcos acatava todas suas ordens, e eu e Max depois que preparamos os salva vidas, boias e o pequeno barco inflável, ficamos quietos, orando para não sermos pegos pela tempestade.
Ao lado dele, ele parecia outro, me olhava, verificava se meu salva vidas estava bem preso, perguntava se eu tinha colocado tudo nas mochilas. Olhava se tudo estava em ordem. Nunca tinha visto ele tão responsável e adulto como naquela tarde.
O que meu tio Jô não esperava e claro, temia, aconteceu, a tempestade ganhou proporções se espalhado e tomando outro rumo, nos cercando. Mas o tio, não tirava os olhos na bussola e para os mapas.
- Estamos perto, vamos conseguir.
Mas poucos minutos depois a chuva e o vento nos alcançou. As ondas cresceram, começamos tomar banho a cada descida, como o barco era pequeno, ele praticamente era engolido pelo mar.
- Pai, estamos perto? – Max gritou, e seu rosto era de medo. [Max com medo, se o Max estava com medo, eu estava apavorado]
Me segurava com força, sem falar no enjoou provocado pelo balanço constante e fora de ritmo.
O tio era um homem muito experiente. Sabia o que fazia, mas aquela tempestade foi maior do que ele esperava.
- Já estamos chegando... se preparem para ancorar.
Mas então uma enorme onda nos jogou ao mar.
- Max, segure a corda – eu estava avistando Max, ele continuava segurando a corda que nós tínhamos amarrado nos salva vidas.
- Tom, segura em mim... cuidado! – ele gritou [cuidado, ele gritou, mas não deu tempo de me desviar, algo bateu na minha cabeça, só apaguei.
- Tom, acorda Tom – Max estava abraçado comigo, me segurando por trás, estávamos deitados no que parecia uma praia.
- Onde estamos.
- Deve ser a ilha que o pai falou, vamos tente se levantar, precisamos sair da agua e fazer uma fogueira para nos aquecer. [eu falei que estava nos braços do Max? Ele me segurava, seu corpo grande me sustentava no balanço das pequenas ondas que nos jogava contra a areia]
O céu ainda meio claro pelas luz que entrava por uma pequena coluna de nuvem que restara da tempestade. Tentei me levantar, não tinha sangue apenas um hematoma na testa.
Entre a areia e a vegetação preparamos uma pequena barraca improvisada com folhas secas de coqueiro. Graças aos nossos suprimentos tínhamos agua potável, e comida. Sem falar de fosforo secos para fazer fogo.
- Deixa o fogo bem alto, vou dá uma ronda pela praia, não saia daí, até agora não vi nenhum sinal do pai e do Marcos.
- Eu quero ir também. [claro que eu queria ajudar]
- Fica Tom, se alguém aparecer você já os tranquiliza, eu volto em meia hora.
Ele se afastou e eu fiquei próximo ao fogo alimentando suas chamas com madeira seca e palha de coqueiro. Mas meus olhos não saíram do rumo em que ele desaparecera, a praia parecia plana e bastante longa e dava uma curva bem a frente. Max parecia outro, mais homem, mais forte e determinado. Ouvi sua voz chamando o pai e Marcos por um bom tempo até não dá mais para ouvi nada além das ondas. Mesmo com o fogo, eu estava com frio. Meu corpo tremia, me deitei, e fiquei atento para ver se Max voltava.
Não lembro o momento em que eu apaguei, mas sei que adormeci pois eu tive um sonho tão bom, eu estava tomando banho com Max no mar, ele ria de mim, e jogava água, eu tentava evitar suas investidas, mas ele era mais forte e me abraçava. Seus braços fortes me apertavam, eu tentava me soltar, suas pernas me laçavam, e nossos corpos eram um. Podia sentir sua respiração no meu pescoço. Eu tremia tentando me livrar.
- Me solta... Me solta...
Eu gritava mas ele não me ouvia. Tentei com todas minhas forças.
- Tom. Tom... acorda primo.
Eu me debatia, quando consegui tornar minha consciência Max estava me segurando com minha cabeça no seu colo.
- Você está delirando primo, está com muita febre.
- E o tio?
- Nada, agora tenho que cuidar de você. – seus olhos estavam vermelhos, e o rosto banhado de lagrimas. Ele deveria ter chorado muito.
- Que horas são?
- Deve ser umas vinte e duas horas ainda.
Ele me deu agua. Tirou minha roupa que ainda estava úmida, depois que pegou uma coberta na mochila, se deitou ao meu lado [digo junto de mim, e eu pelado] e se cobriu. Nós dois de conchinha. Sem maldade, eu estava muito mal, nem acreditei no que estava acontecendo, era um delírio. Dormi novamente.
VOCÊ ESTÁ LENDO
S.O.S Boys : Garotos ao mar [Concluido]
RomanceVenha conhecer esta aventura de descobertas de um garoto que tenta lutar contra seus desejos por seu primo e acaba se envolvendo num triângulo amoroso. Thomas ainda não entende os segredos do coração nem das paixões passageiras, por isso ele se verá...