TRÊS

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Melissa parecia uma bagunça enquanto caminhava apressada pelas calçadas de Madrid, equilibrando a bolsa, tablet e café, tudo isso enquanto ouvia a voz desesperada de Júlia no celular, tentando concentrar-se na voz da amiga ao mesmo tempo em que tentava não tropeçar ou esbarrar em uma das pessoas que caminhavam também.

Tinha deixando seu escritório na Elle há alguns minutos, depois de um dia cheio, e sua cabeça estava prestes a explodir, e tinha a impressão de que, se não desse um basta na conversa maluca com Júlia em que só a outra falava enquanto ela mesma não entendia nada, não demoraria para que acontecesse.

- Por Deus, Júlia. Eu não estou entendendo nada com nada. Repete, mas fala devagar, por favor.

- Eu falei com o Marcelo..

Ao ouvir o nome dele o coração de Melissa pareceu aquecer, fazendo com que a mesma bufasse.

- E?

- Ele me pediu seu número, eu falei que não, mas ele foi muito insistente..

- Hm, continua.

- E depois de quase vinte minutos eu acabei passando pra ele, desculpa, agora eu estou tãoo arrependida. - ouviu a amiga suspirar.

A morena ficou muda alguns segundos enquanto tentava digerir a informação. Não sabia nem o que pensar, tudo o que estava acontecendo, da maneira como estava acontecendo era tão rápido e confuso, tão confuso que sentia-se num filme de comédia romântica.

Tirou o celular do ouvido para ter certeza de que ainda estava na chamada e então voltou.

- Droga, Júlia. - Falou arrastado. - O que ele queria?

- Eu não sei, ele só disse que precisava conversar com você. Você vai me matar?

Mel prendeu os lábios deixando escapar uma risada fraca, ouvindo em resposta um suspiro de alívio da amiga.

- Eu devia matar você. - Falou. - Mas esquece isso, eu resolvo depois. Agora preciso desligar, estou chegando no carro, depois a gente se fala.

- Amo você.

- Eu não estou te amando agora, beijos.

Só deu tempo de ouvir uma gargalhada antes de desligar, colocando as coisas sobre a lataria do carro para achar a chave, abrindo-o apressada, desesperada para estar em casa em seu roupão confortável lendo revistas enquanto faz máscaras para pele e uma hidratação qualquer nos cabelos.

O caminho até seu apartamento foi rápido, não demorando para a brasileira estar sob o chuveiro de água morna relaxando e fazendo todo o ritual de beleza que tanto amava.

Saiu do banho depois de bons minutos, vestia só uma langerie sob o roupão felpudo e confortável enquanto os cabelos estavam enrolados em uma toalha, carregando uma caixa de máscaras para o rosto tentando escolher uma quando o celular tocou.

Melissa não precisou olhar o visor pra saber que era ele, algo lhe dizia e o coração acelerado também era o suficiente.

Era Marcelo, ela sabia.

Deixou a caixa sobre a cama e caminhou até a sala, onde havia deixado o celular, encontrando-o na mesa. Levou alguns segundos para decidir se atendia ou não, optando pela primeira ao deslizar a tela e ouvir a voz rouca dona de grande parte do seu coração.

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