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- Você tem que aprender que a vida não é um mar de rosas, Paloma! - Fala meu pai, andando em círculos pela sala

- Eu não quero me casar com Ethan! Além de não amá-lo a Inglaterra prejudicará a Espanha!

- NÃO ME IMPORTO! - Falou batendo na mesa, me recuo um pouco com medo - Não vamos perder mais poder por uma rebeldia sua!

- O senhor não entende que isso prejudicará a Espanha? Depois da guerra, a Inglaterra faliu!

Minha mãe abriu a boca para falar algo mas meu pai fez um sinal para que se cala-se.

- Paloma Bourbon! Além de seu pai, eu sou seu rei! Então quero que me obedeça! Isso não é um pedido é uma ordem!

- Está certo, vossa Majestade! Me casarei com Ethan...

- Ótimo! Pode se retirar...

Segurei minhas lágrimas para não chorar na frente deles. Subo as escadas e vou para meus aposentos. Ao entrar vejo que minha criada, Justine, estava trocando as cobertas de minha cama, espero ela terminar e peço que ela se retire.

Me deito na cama e começo a chorar. Você deve está se perguntando, o por quê deste meu drama.

Bom, quando a 3º guerra mundial acabou - há uns 4 anos atrás - a Inglaterra faliu. Recentemente, o rei Henrique adoeceu, está a poucos passos da morte e quer arrumar um esposa para seu filho mais velho Ethan, que completou 18 anos há um mês mais ou menos.

Então meu pai, Enrico I, resolveu criar uma aliança com a Inglaterra, antes mesmo de meu nascimento, dizendo que quando precisasse, Ethan se casaria comigo e ajudaríamos a Inglaterra a se reerguer. O problema é que, além de eu não amar ele - nem o conheço pessoalmente - a Espanha também está fraca, não temos condições para nós, imagina para outro país!

E como eu completei 16 anos, meu pai acha que está na hora de me casar-se. Mas como eu não tenho opinião aqui, tenho que apenas obedecê-lo.

Eu devo ter passado uns cinco minutos chorando quando eu escuto três batidas na porta.

- Pode entrar!

Logo reconheci os cabelos negros de minha mãe, a mesma entrou em meu quarto e se sentou ao meu lado na cama.

- Filha, sei que você não quer isso. Mas por favor, você sabe como seu pai é...

- Porquê eu não posso me casar por amor, como você e o papai?

- As coisas não são assim... Eu não quero que você vá... Iremos ficar apenas no dia do casamento, mas depois iremos embora. Talvez a gente só a veja uma vez ao ano...

- Eu vou amá-lo? - Falo baixinho

- Eu não sei. Apenas seu coração sabe... Vou lhe ajudar a fazer as malas, vamos, se levante!

A animação de minha mãe, alegra a todos por perto. Ela faz de tudo, tudo para me ver feliz.

Quando terminamos de arruma-lás, vamos para o grande salão jantar. Enquanto eu "comia" imaginava se lá, seria mais "animado". Sempre vivi só.

Aqui no castelo, estão apenas os funcionários e meus pais. Nunca tive amigos, como fui educada aqui, não fui para uma escola. Na verdade, eu só andei pela cidade de carro poucas vezes!

Me sentia... Presa a tudo aquilo. Então minha "liberdade" era fotografar. Nas poucas vezes que sai, tirei foto de tudo, tudo mesmo. Se eu visse uma pedra, tirava foto.

Após o jantar, fui dormir. Mas quem me dera conseguir de primeira. Embolei pela cama, chorei, fui ver fotos antigas que eu já tinha guardado nas malas...

Resolvi sair de meu quarto e ir até o jardim... Peguei a câmera e fui. Me deparei com alguns guardas que estavam fazendo ronda mas não me impediram.

Ao entrar no jardim, procuro por uma flor que sempre me chamou atenção, para fotografa-lá, quando vejo duas pessoas, se beijando. Fico por trás de uma árvore para ver melhor e naquele momento, a primeira decepção de minha vida veio a tona.

Ver outra nos braços de meu pai invés de minha mãe me trouxe um sentimento diferente. Não era tristeza e nem raiva. Era a mistura desses sentimentos.

- O que o senhor está fazendo? - Hesitei ao falar

- Paloma! - Falou assustado, enquanto a mulher saiu correndo - O que você, está fazendo aqui? Devia estar dormindo!

- Não importa! O senhor traiu a mamãe! - Falei com os olhos marejados

- Venha agora! - Fala pegando em meu braço, deixando minha câmera cair.

Entrei em seu escritório praticamente sendo arrastada, eu tremia, pois já sabia o que ele iria fazer. Ele me deixou próxima de sua mesa, parou e me deu um tapa no rosto, me fazendo cair.

- Se contar para sua mãe, farei bem pior! E não quer que seu marido a veja cheia de cicatrizes na lua de mel! - Fala apontando para um chicote - Saia!

Sai tremendo, voltei ao jardim, peguei minha câmera e voltei chorando ao meu quarto. Ele sempre me batia, mas nunca me ameaçou com o chicote. E obvio que minha mãe nem sonha que isso acontece. Ela deve ter algum tipo de punição menos severa.

Depois de algumas lágrimas, consigo dormir. Aquele dia pra mim, já tinha dado o seu basta.

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