Aprox. 4h de viagem

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Mesmo dirigindo durante a madrugada, sendo aproximadas 4 horas de viagem, Sr. Park não se sentia cansado, e após não conseguir dormir depois da "discussão" que teve com sua filha, optou por encaixar o cinto de segurança, deixar uma mensagem para Jimin e viajar até Seul.

Durante o caminho, Park Amys reclamou diversas vezes. Claro que aceitar a carona do pai foi o que fez, já que seu destino era aquele mesmo, mas voltar horas mais cedo lhe fez questionar se tinha mesmo a responsabilidade que queria ter.

O homem queria chegar cedo, ter aquela conversa cedo e voltar para sua empresa ainda naquele dia, mas sabia que não seria a coisa mais fácil, então para se distrair as 3:00 AM, enquanto dirigia, decidiu fazer piada com Amys, que lhe revirava os olhos.
—Pai— chamou de repente, ficando séria após uma crise de risos —Sobre o que eu disse mais cedo, queria que desconsiderasse a parte que falo que não é um bom pai por não dar aos seus filhos as escolhas deles, e quando eu disse isso, eu pensei somente no Jimin e na situação de agora sobre ele e o Tae, sabe? Eu jamais quis me referir a mim e ao quanto me ajudou nesse último mês com tantos papéis e "reuniões".

O Park assentiu, aumentando o volume da música que tocava na rádio, uma de suas favoritas.
—Acha que vai dar tudo certo?— a garota teve de perguntar, sabendo os planos do pai ao viajar até Seul.
—Não é como se eu tivesse uma bola de cristal, Amys— riu fraco —E nem lembro te ter lido cartas.

Era tudo para disfarçar o nervosismo, o que poderia fazer? Teria que voltar atrás em varios assuntos e mesmo que estivesse pronto para isso, não sabia se tinha tamanha coragem para assumir seus erros.
Muitas pessoas podem dizer que assumir erros é a forma mais fácil e rápida de alívio, mas até lá, até fazê-lo de fato, todo mundo sente um medo sufocador, um medo que é presente em cada segundo antes de dizer as tão temidas palavras.
Cometer um erro é horrível, pesa e causa muita angústia, mas assumi-lo requer coragem, e depois que você consegue, independente do rumo que aquilo leva, você sente que aos poucos sua consciência para de pesar.

Então o Park sentou-se em uma mesa de um café famoso na grande Seul, de frente para um ex sócio cujo apenas assinava uma quebra de contrato. Aquele homem era um grande amigo, mas talvez trabalharem juntos não fosse a melhor coisa para ambos.

Sorriu triste ao se despedir, pedindo um muffin e observando o lugar, achou que talvez estivesse apressado demais e que havia chegado cedo demais, como de fato chegou, mas ao ver o jovem passar pela porta do local, percebeu que não era o único ansioso por aquela conversa.
—Hey, Sr. Park— mesmo depois de muitos anos, sua forma de cumprimentar não mudou.
—Olá, Kim— deu um meio sorriso, confundido o garoto, que esperava uma expressão séria, mesmo que não estivesse acostumado com a mesma.

Ficaram em silêncio, mordiscando os salgados que a garçonete havia lhes trazido, observando seus próprios dedos, distraídos com seus próprios pensamentos.

—Ontem Amys entrou no meu quarto— o Park começou —Foi logo depois que conversamos por ligação. Ela entrou e me jogou diversas verdades que eu já sabia, que eu já pretendia resolver, mas ouvir isso de minha filha mais nova... Me fez notar que eu estou perdendo muita coisa. Amys amadureceu tanto em questão de meses, principalmente com tudo o que está acontecendo ultimamente, e eu estava perdendo isso, focado demais em trabalho. Sei que ela fará 19 anos, mas sempre pareceu tão delicada, espontânea e diferente que não me dei ao trabalho de imagina-lá crescendo.

Taehyung prestava a atenção em cada palavra, mal piscava, tentando compreender o rumo que seguiam.
—Eu fiz isso com Jimin também, sabe?— tornou a falar —Eu dei muito valor a "imagem" que poderia passar em minha empresa, pensei muito no "se o mundo vai aceitar" quando na verdade, eu deveria ter aceitado. É meu filho, Taehyung, eu deveria ter aceitado sem que ele me falasse.
—Eu sei— O Kim falou baixo —Mas não é culpa sua questionar o que poderia acontecer e o quanto Jimin poderia sofrer, é trabalho dos pais pensar que tudo nos faria mal.

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