Diário De Uma Mulher Apaixonada (CONCLUÍDO)

Surpresa

O temido dia de sábado tinha chegado.
É o primeiro final de semana que tenho que enfrentar longe dele. O primeiro de muitos.

Ter à certeza de que não o verei mais é cansavelmente árduo.

Aceitei o convite de minha amiga que agora mora há alguns quarteirões apenas. Ela sabe que estou loucamente apaixonada e que também estou sofrendo, disse então que tinha a solução perfeita.

Cheguei em sua casa uma hora depois do meio-dia. Ela me recebe com um sorriso alegre e acolhedor.

- Venha vamos começar à operação esquecer de tudo ! - Diz empolgada.

Ela me puxa direto para a cozinha. O som tocava uma música alegre.

Ela abre a geladeira cheia de bebida. ultimamente isso é o que eu mais tenho feito.

Começamos então. Um tempo depois, eu já não lembrava dele, a dor tinha sumido e eu voltei a sorrir novamente. Cantávamos e dançamos por toda a casa.

Segredos entre nós começaram a fluir. Descobri então que ela já tinha passado e que o tempo não curou, apenas um novo amor.

Lá fora já é noite. Trocávamos às pernas, até mesmo para dançar. Ela fez questão para mim dormir lá, e não me deixou ir embora. Decidi ficar já que ninguém em casa estaria me esperando.

Ao deitar, meu mundo girava. Não ligava pra mais nada. Mas minha mente começou a focar em apenas uma coisa, em como seria o toque dele sobre minha pele.

A partir dessa intrusa questão, tudo começou a girar e torno dele. Eu estava sensível, percebi apenas que chorava quando minha amiga me abraçou em seus braços.

Lembro apenas de suas palavras, que tudo ficaria bem e então esperei as lágrimas me conduzirem ao sono.

Na manhã seguinte, ao abrir o portão meu coração quase sai do peito. Não sei se é de alegria ou de medo por tudo voltar a me perturbar.

O opala estava lá, em uma das três vagas.
Por que ele veio pra cá novamente?
Não tinha outro lugar pra colocar o carro?
Minha tia havia comentado que iria pensar em alugar para ele de novo. Mas escolhi não dar ouvidos.
É lá está meu tormento novamente.
Apenas o carro, ele não.

18/09
23:34 A.M.

Querido Diário.

Essa é a única coisa que alivia minha agonia.

Como pode tratar tão indiferente esse sentimento? Quero tê-lo.

Desculpe, minhas memórias torturam meu coração fraco. Eu perdoo você, me mostre, seja livre e võe por mim. Deixe-me para trás. Já estou perdida dando voltas, até que eu posso sentir que poderei voar outra vez.

Deixe-me aqui e te deixarei livre. Por enquanto estou presa em mim mesma, procurando formas de me libertar. Sei que pode ir embora, então vá até onde não poderei te encontrar.

Meu coração crepita furiosamente, ansiando por algo que nunca irei ter, um amor jogado ao vento de olhos fechados. Onde cria ilusões, que mesmo por um segundo me faz sorrir e flutuar, cantando a mesma musica para um mar infinito.
Mas minha voz nunca o alcançará, pois você está do outro lado desse mar, sorrindo inocentemente  para mim. Isso dói.

Sou apenas um farelo voando por seu campo.

Me molho na chuva na esperança dela carregar ao chão, minhas incertezas e o que estou sentindo sem parar.
Mas nada passa e a vontade de que você venha se molhar comigo, aumenta cada vez mais.

Então me diga por quê estou sozinha?
Talvez eu chore na tempestade, para que ninguém mais veja.

Quero poder agarrar me a você por alguns segundos. Para que tudo isso pare, eu nunca consigo, pois você sempre vai embora.