- Saudades? - Kwan falou e eu ainda estava parada na porta, tentando saber se era realmente ele que eu estava vendo.
- Kwan?
- O único - ele me entregou um presente - Eu... eu posso entrar?
- Eu... Bem... - fiquei insegura.
- Nana, sou eu, não vou te fazer mal - assegurou e eu o deixei entrar.
- Desculpe, é que isso é tão surreal - ele entrou e olhou em volta - Como você sabia onde eu moro?
- Hã? É que eu moro ao lado, hum... certo, não é bem ao lado, mas deste lado e no fim no corredor.
- Entendo... O que te traz aqui?
- O que me traz aqui? - ele riu um pouco, mas depois percebeu que eu falava sério - O que me traz aqui? Nana, sou eu, Kwan.
- Eu sei que é você.
- E isso não te traz lembranças? Você esqueceu quem eu fui na sua vida?
- Faz 2 anos desde que você partiu, Kwan, você esperava mesmo que eu fosse continuar alimentando esperanças que você poderia voltar? Que o que você me disse era tudo mentira?
- Para ser bem sincero, parte de mim queria isso. Mas é o que eu estou dizendo, era mentira, você sabe, eu sei que sabe.
- É claro que eu sei, mas você não acha que aquilo me machucou mesmo assim? Eu não queria te deixar ir embora, eu sei que seu pai queria assim, mas aquilo doeu em mim! - ele chegou perto de mim, segurou meu rosto e encostou nossas testas.
- Eu sei, por isso eu vim até aqui, eu vim para te pedir desculpas, eu voltei, Nana.
- O que?
- Meus pais se separaram, eu fiquei com a minha mãe, ela mora aqui, mas está sempre viajando, moramos por aqui.
- Você vai voltar para a escola?
- Vou, eu quero que a gente tente de novo...
Tentar?
- Eu não posso fazer isso, não posso ficar com você, eu... - o celular dele tocou.
- Droga, é a minha mãe, ela deve ter voltado - ele ignorou a chamada - Eu não quero você pensado dessa forma, por favor, me dê uma chance.
Se eu não dei a Taehyung, não será a Kwan.
- Não, eu não posso. - o telefone dele toca novamente.
- Não diga isso, eu preciso ir, pense no assunto, por favor - ele me deu um beijo na bochecha antes de sair.
Cobri meu rosto com as mãos e suspirei.
Que bagunça...
Kwan estava de volta, mas para mim era como se não fosse real, ainda não era ele. Ele também veio com aquela história de dar uma chance, ele pensa mesmo que eu ainda tenho sentimentos por ele. Bem, nem eu sei, só sei que não consegui sentir nada ao ver ele, para ser sincera, eu esperava que seria Taehyung na porta e não ele.
Enquanto preparava um pouco de café para tentar processar o que aconteceu hoje, tentei entender onde foi que eu comecei a gostar do Kwan e porque me esqueci que já tinha sentido esse tipo de coisa. Na realidade, Kwan era meu colega de classe, éramos melhores amigos. Um dia, ele me chamou para o pátio da escola e se confessou para mim, eu achava que sentia o mesmo e falei que também gostava dele. O problema é que só depois que começamos a "namorar" que eu fui começar a gostar dele mesmo, mas eu percebi isso muito tarde e ele ia embora. O pai dele nunca gostou da minha família, ele levou o Kwan e quase não deu ele a chance de se despedir. Kwan tentou falar calmamente comigo, mas eu insisti que ficasse comigo, ele percebeu que aquilo não iria funcionar e falou o que até hoje eu me lembro, apesar de enxergar em seus olhos que era mentira.
"Sua garota estúpida, nós não temos nada, pare de fazer escândalo, eu não quero ficar com você, por isso estou indo embora, se toca"
Para uma garota que estava no oitavo ano, isso era o fim do mundo. Eu fiquei tão triste, não fui para a escola por 3 dias e, quando voltei, eu tinha perdido a essência alegre que havia em mim. A minha vida foi só piorando, nessa mesma semana, meus pais discutiam muito, duas semanas depois, meu pai disse que ia embora e minha mãe começou a me tratar daquele jeito. Eu não entrei em depressão nem nada, mas aquela sensação de que tudo estava acontecendo por minha culpa, não saia da minha mente, sempre lá, martelando. Desde então, eu tenho sido assim, evitando as pessoas para que eu não tenha que lidar com perdas. Essas não foram as únicas, mas foram o gatilho para eu me isolar a maior parte do tempo.
*
***
Era segunda de novo, eu estava arrumando meus livros na mochila em meio ao corredor. Taehyung aparece ao meu lado e me faz parar.
- Podemos conversar?
- Desculpa, não vai dar - tentei continuar meu caminho, mas ele me impediu.
- Por favor.
- Não, eu preciso ir - tirei a mão dele do caminho, mas ele segurou meu braço.
- Nana... - senti um braço envolver meu ombro.
- Desculpe, tem como você tirar a mão da minha namorada? Ela não quer falar com você.
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I'm a such fool
FanfictionNana é uma garota passando pelo o seu segundo ano do ensino médio. Ela não é do tipo que fala com as pessoas e também tem problemas no relacionamento com a sua mãe. Em seu primeiro dia, ela conhece um garoto chamado Taehyung, onde faz de tudo para m...