2- COM MINHA MÃE

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Depois que meu pai morreu fui praticamente obrigada a me mudar para casa da minha mãe, lugar detestável. Nasci e cresci na cidade grande até os meus dezesseis anos e então tive que ir para o interior morar com minha mãe, ela mudou muito.

Cheguei em sua casa na parte da noite, ela estava na varanda esperando e foi correndo me ajudar com as malas.

- Jessie... Você... Como você cresceu.- minha mãe falou arregalando seus enormes olhos castanhos para mim - Seu pai devia estar orgulhoso de fazer um bom trabalho cuidando de você.

- As crianças crescem Olivia e meu pai, bom... Ele não teve tempo para se orgulhar, agora será que você pode me dizer onde fica meu quarto? - respondi da forma mais seca que consegui me forçando a conter as lágrimas - Preciso descansar, foi uma viagem longa.

O motorista do táxi me olhou de forma estranha a viagem inteira e agora estava olhando de novo como se dissesse "por que diabos essa menina responde a mãe dessa forma? Falta de educação certamente" . Eu odeio que olhem para mim.

- O que foi, hein? Está olhando o quê? - perguntei - Cuide da sua vida!

Enquanto minha mãe se desculpava pela minha falta de respeito eu entrei deixando as malas para que ela as carregasse para mim.

Ela entrou e ficou me olhando como se eu fosse uma estranha, o que de fato eu era, já que passei doze anos longe dela sem mandar nem receber notícia alguma. Estava exausta, ela me levou até um quarto no andar de cima ao final do corredor, além da casa ser isolada da cidade o meu quarto era horrível, as paredes eram brancas o que significa que eu teria que pintar para deixar ao meu estilo, devo ter feito uma careta quando vi a cor.

- Você não gosta de branco? Este quarto era rosa, imaginei que preferisse uma cor neutra, rosa é muito infantil - ela abriu um sorriso para mim, não correspondi - Bom, você pode ficar aqui e arrumar suas coisas, vou fazer o jan...

- Não estou com fome, não vou jantar, odeio rosa tanto quanto odeio branco, mas odeio isso tudo ainda mais. - dessa vez senti meu rosto quente e as lágrimas rolarem - E eu odeio você por ter me rejeitado, por nunca mandar notícia! E não finja que está tudo bem porque não está! Você me deixou e nunca deu notícias... Só estou aqui porque o juíz determinou que você era minha única família! Você tem tanto amor por mim quanto uma cobra tem por suas presas! Me deixe sozinha.

Minha mãe também chorava, ela fechou a porta do quarto e me deixou sozinha sem dizer uma única palavra.

Não durmi direito, acordei com minha mãe batendo na porta, não respondi. Me troquei e desci para tomar café, sabia que seria um dia difícil, eu teria que visitar o novo colégio, esse é meu último ano, e minha mãe queria ter uma conversa para esclarecer as coisas. Consegui tomar café sem ser interrompida por nenhuma palavra, subi para meu quarto buscar os documentos para ir ao colégio e finalmente ela falou.

- Você vai precisar de um responsável para assinar os papéis - ela me olhou e desviou o olhar -, posso ir com você? Precisamos conversar.

- Claro, só não sei se podemos dizer que você é responsável. E... Vamos adiar essa conversa pra outro dia.

Peguei as coisas e nós fomos.

O PESADELO DOS SONHOSOnde histórias criam vida. Descubra agora