9- CAOS

75 2 0
                                    

  Pela manhã todos já sabiam sobre a morte de Camily, um dos meninos que fazia parte dos ajudantes veio em minha direção.

  - Precisa de algo? - falou parando em minha frente - Sou Joseph, seu ajudante.

  Joseph tinha uma pele bem morena e os olhos castanhos que pareciam cor de mel dependendo da claridade.

  - Meu ajudante? - perguntei - Nunca tive um, não preciso e não quero, muito obrigado.

  - Você não tem que querer, linda.

  - Escuta aqui - apontei o dedo para ele - Não estou interessada em você, me deixe em paz.

  - Uii - ele gargalhou -, desculpa. Sou homossexual, significa que você não faz meu tipo e se está nervosa, converse com o diretor que foi quem passou as ordens.

  Ele virou as costas e saiu rapidamente sem que eu pudesse protestar, olhei ao redor e percebi que todos estavam com olhares de medo, haviam pessoas ao telefone, pessoas chorando e outras gritando, de repente uma mão pegou meu pescoço.

  - O que você fez para Camily?! - Natalie era quem estava segurando meu pescoço, seus olhos azuis estavam vermelhos - Por quê?

  - Não fiz... - não estava conseguindo respirar - Me solta, por favor.

  Natalie apertou mais forte, olhei ao meu redor, minha visão estava ficando turva, avistei Adam conversando e tentei chamar.

  - Adam! - meu grito sufocado funcionou.

  Ele veio correndo e tirou Natalie de perto de mim, esfreguei meu pescoço e tomei de volta o fôlego, olhei para Natalie e fiz que não com a cabeça.

  - Não fui eu - falei -, sinto muito.

  Ela desabou e me abraçou, Joseph nos abraçou e pediu para que tivéssemos calma, avistei Derek no canto do dormitório vendo tudo enquanto enxugava as lágrimas, as cenas da última noite vieram em minha cabeça, nossos corpos colados, sua respiração, balancei a cabeça para afastar o pensamento, não podíamos.

  - Por isso estou aqui - Joseph falou -, auxiliar vocês para que não ocorra esse tipo de coisa.

  E então me ocorreu um pensamento, onde estava Clarisse? Não tinha visto em lugar algum.

  - Clarisse - soltei -, onde ela está?

  - Com o Sr. Dulany, as coisas não estão indo muito bem para o lado dela.

  Natalie confirmou com a cabeça e saiu acompanhada de Adam. Derek saiu logo atrás. Eu não entendia o comportamento de Derek, um dia ele era carinhoso demais e no outro seco e duro ao ponto em que olhar em seus olhos era quase impossível de tanta dor que sentia ao fazê-lo.

  Quando saí do dormitório tudo do lado de fora parecia diferente, policiais andavam por toda parte até mesmo revistanto os alunos, um aluno parecia ter algo estranho e os policiais o arrastaram para algum lugar.

  - Para onde estão levando ele? - perguntei ao Joseph que agora era meu acompanhante - Isso é patético.

  - Sala do diretor. - ele me encaminhou para o refeitório - Clarisse está lá pelo mesmo motivo e ainda pior, a arma que tirou a pobre vida da Camily foi uma garra de três dedos e nossa querida Clare tem uma dessas, muito suspeita.

  Ao ouvir as palavras meu coração disparou, Clare não poderia ter cometido tamanha atrocidade como aquela, no refeitório fui para a sala que somente duas pessoas conheciam, eu e Derek, pedi para que Joseph encontrasse a professora de literatura, ele não entendeu a importância disso, mas funcionou.

  Como suspeitei, Derek estava deitado no sofá olhando a bela paisagem que surgia naquela imensa janela.

  - O que está fazendo aqui? - ele parecia assustado, seus olhos arregalados - Aqui é meu espaço.

  - Derek, eu...

  - Jessie, não quero falar com você, não quero te ver e não quero sequer ouvir sua voz.

  Aquelas palavras doeram em minha alma, mas precisava continuar.

  - O que há de errado com você?! - gritei - Será que não escuta as palavras duras e sem sentido que saem de sua boca?

  A porta abriu e Natalie estava parada, ela me viu e arregalou os olhos, depois olhou para Derek e apontou para mim.

  - Derek! - ela gritou - Não temos tempo a perder!

  Ele me arrastou para fora contra minha vontade, mas antes de fechar a porta me virei e lhe acertei um soco na boca.

  - Você não presta - soltei -, os dois não prestam!

  Joseph me encontrou na porta do banheiro depois de muito tempo, eu estava chorando e ele tentava me consolar, me deu um abraço forte e perguntou se poderia saber o que estava acontecendo, quando lhe contei sobre Derek a primeira coisa que disse foi:

  - Boa sorte, amiga, você tem que arrumar um bofe que te queira de verdade e não um safado desses.

  Eu apenas ri, que conselho estranho. Voltando ao dormitório pedi para ficar sozinha, queria ler um pouco e refletir, pela escola estava impossível de fazer qualquer coisa.

O PESADELO DOS SONHOSOnde histórias criam vida. Descubra agora