O PESADELO DOS SONHOS

7- OS AJUDANTES

  Fui para casa apenas para pegar minhas coisas e levar para o colégio, mamãe ficou orgulhosa de eu ter ficado com os destemidos.

  Dormir no colégio era como um buraco negro engolindo meus pensamentos, meus sonhos me atormentavam, o último sonho mudou completamente, sonhei como nunca.

  Eu estava no pátio com Clarisse ao meu lado chorando o tempo todo, tinha impressão de que todos me olhavam e de repente a voz "Jessie, corra!" . Acordei sobressaltada.

***

  - Como é ficar com os ajudantes? - perguntei a Clarisse quando ela foi levar alguns livros para mim - Ainda não aconteceu nada de surpreendente aqui.

  - É bom - ela respondeu e mexeu a cabeça -, não teremos que nos esforçar, somente estudamos.

  - O que vai acontecer Clare?

  - Eu não sei.

  - Por que você estava com medo quando soube que eu viria para cá?

  Então ela me contou.

  Os ajudantes são como uma espécie de empregados, eles trabalham para nós, os destemidos, esse ano seriam treinados para agir como chefes ou como funcionários, ajudantes tinham a função de nos ensinar quando precisássemos e era uma tarefa ruim e exaustiva. Muitos alunos preferiam ficar com os ajudantes somente para se livrar do treinamento para ser destemido só que ajudantes são sempre menosprezados.

  - Ser destemido é pedir para sofrer então? - perguntei quando ela estava indo embora - Os ajudantes são mal tratados e ser destemido é pedir para sofrer?

  Ela assentiu, pude ver lágrimas em seus olhos, Clarisse me abraçou e saiu sem dizer nada e o mais depressa possível.

  - Jessie?

  Alguém chamou antes que eu pudesse chamar Clarisse, me virei para ver quem era, Derek.

  - Posso falar com você? - ele se aproximou - Não quero brigar.

  Fomos para o refeitório, hora do café da manhã.

  - Diga. - falei tomando um gole de leite - Seja rápido, tenho aula de literatura.

  Derek respirou fundo e passou a mão no cabelo como se estivesse nervoso.

  - Você não é destemida, não deveria estar aqui.

  - Derek por favor... Não quero falar sobre isso.

  - Me escute... - sua voz ficou suave - Fazemos muitas coisas pesadas aqui e... Bem, você é fraca.

  - Não é por causa disso...

  Ele me olhou por alguns instantes até eu desviar o olhar.

  - É sim, não quero que se machuque e estou avisando, os ajudantes seriam muito melhores para você.

  - Claro! E ser chutada e menosprezada. - falei levantando um pouco a voz - Ridículo!

  - Não vai acontecer diferente aqui.

  Derek parecia preocupado, nunca o tinha visto assim, ele pegou minha mão enviando ondas de eletricidade pelo meu braço, seus olhos se encontraram com os meus e fiquei em transe por um momento.

  - Não fique brava comigo, por favor. - ele puxo minha mão para mais perto e deu um beijinho - Fique bem.

  Saiu do refeitório apressado e esbarrou em Adam que estava entrando, Adam me viu e começou a caminhar em minha direção, hora da aula de literatura.