13- CLARISSE ME CONTA HISTÓRIAS

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  Acordei desesperada na manhã de um domingo, era dia de fazer uma visita na cidade, dia em que eu poderia ver Olivia. Joseph já não estava mais no colégio e aparentemente todos os meus amigos haviam ido para a cidade, mas enquanto eu me vestia apressadamente, Clarisse apareceu na porta com um sorriso no rosto.

  - Venha Jessie - falou -, vou lhe contar histórias.

  Logo imaginei que seriam histórias bobas, daquelas que ninguém quer saber e ouve apenas por ouvir, mas quando ela me levou para a biblioteca da cidade algo me dizia que eu deveria prestar muita atenção.

  - Jessie, é complicado entender e não sei se acredita nessas coisas, mas mesmo assim... Bom, vou lhe contar desde o início.

  - Espere, sobre o que é? - perguntei antes que ela abrisse um livro que havia pego em uma estante - Vai me falar sobre o quê?

  - Fadas. - ela sorriu e no mesmo instante seus olhos se iluminaram em um tom meio dourado como os de Derek faziam e seu cabelo dourado e brilhante pareceu brilhar um pouco mais - É uma história muito bonita, trágica e romântica.

  - Muito bem - respondi -, comece.

  - Era uma vez uma mulher muito linda chamada Alice Sparks, ela vivia em um vilarejo muito afastado da cidade, um belo dia um homem da cidade, chegou ao vilarejo e foi bater exatamente em sua porta...

  - Sparks? - interrompi - Derek Sparks.

  - Apenas ouça. - Clarisse falou calmamente, mas senti em sua voz um pouco de nervosismo incomun - Esse homem lhe ofereceu diversas bolsas e dentro de cada bolsa existia um pó colorido que, de acordo com ele e algumas outras pessoas da região, era mágico. Alice pediu o pó amarelo, bondade e alegria, e ao jogar no corpo tudo em seu vilarejo começou a mudar, as pessoas começaram a mostrar o que tinham de pior dentro delas e as boas afloravam sua bondade.

  "Como nem tudo são flores os maldosos buscaram por trevas e começaram a fazer rituais onde vendiam suas almas a demônios e se tornavam vampiros, sim... Vampiros. Outros buscavam por magia e se tornavam bruxos, e essa maldição foi passando para o sangue dos filhos e netos, reina até hoje no meio de nossas pessoas... Derek é um metamorfo, Natalie é uma bruxa, eu sou uma fada e temos mais vários no meio de vocês, somos buscadores, os protegemos das trevas."

  Comecei a rir assim que Clarisse se calou, ela me olhava com um ar de seriedade como se ñ estivesse bricando, mas o que ela havia me contado era ridículo demais para acreditar.

  - Pessoas estão morrendo, Jessie, acha isso normal? Há um assassino perigoso entre nós que quer algo que nos pertence.

  Fiquei em silêncio, não conseguia acreditar no que estava ouvindo, era só mais uma entre outras histórias onde ela criou um personagem para ser e colocou nossos amigos no meio, pensei em fingir que acreditava apenas para ficar em paz.

  - Tudo bem... Se você não quer acreditar não precisa fingir, só não diga que eu não avisei - Clarisse guardou o livro que ela nem havia folheado direito e se levantou -, vamos.

  Acabou que nem vi Olivia e não pude andar pela cidade, o nosso tempo se esgotou.

O PESADELO DOS SONHOSOnde histórias criam vida. Descubra agora