Parte II - Tiros Abençoados

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Agora em meus restos
Estão promessas nunca cumpridas
Livre-se do silêncio
Para levar embora o pior de mim.

- In My Remains - Linkin Park

...

O homem apontou para o sobretudo que estava pendurado sobre um mancebo no canto do quarto.
Raviel cometeu o erro de olhar na direção apontada. Neste instante o homem tirou do meio das cobertas um revólver Colt dragon negro com detalhes dourados e rapidamente disparou na direção do ombro do rapaz.
O buraco da bala queimava sua pele e ele se afastou da peça.

- Morra escória herege!

Praguejou o homem enquanto apertava diversas vezes o gatilho. Mesmo ferido, Raviel conseguiu se mover pelo quarto desviando dos projéteis o mais rápido que conseguia, sentindo que seu ombro poderia entrar em combustão a qualquer segundo.

Tentando retardar o homem, o rapaz atirou uma faca contra ele acertando a perna, porém o revólver disparou a última bala atingindo a costela do moço e logo este local começou a queimar também.

Novamente o gatilho da arma era acionado, entretanto somente produzia o som do tambo descarregar.

- SEU DESGRAÇADO. AINDA VAI PAGAR POR ISSO!

Ele aproveitou a distração para pegar algumas peças de roupas enquanto gritava e arrastou a perna ferida até a porta, onde logo saiu, ouvindo algumas pessoas subindo para saber o motivo dos disparos.

Raviel fez menção de ir atrás do homem, mas ele já conseguia ouvir as pessoas falando com o que saíra do quarto e as vozes começaram a ficar mais altas e uma sombra parou em frente a porta, o forçando a pegar o sobretudo, sair por onde havia entrado e retornar para o telhado.

Procurou no sobretudo até encontrar o contrato e o rasgou assim que o tinha em mãos. Ele tentou rastrear o cheiro do homem ou qualquer coisa que denunciasse seu paradeiro, contudo nada funcionou.

- Filho da puta... eu ainda vou te achar.

As feridas que outrora somente queimava, neste momento começava a escorrer sangue e se recusar a cicatrizar, sua respiração começou a ficar pesada como antes de receber ajuda do vampiro.

Seu tempo estava acabando e ele não poderia continuar a busca. A frustração intensa tomou conta dos sentimentos e pensamentos do rapaz, mas uma voz lhe dizia que era momento de cumprir o acordo e ir até a mansão de seu senhor.

Era impossível não encontrar a grande construção cinza.
Pulando sobre os telhados, com uma mão sobre a costela atingida, ele chegou até a mansão cercada por muros altos, ao passar por eles com um forte impulso notou como seria seu novo lar.

Uma estátua de carpa na qual jorrava água na fonte estava no centro do gramado verde e em frente a construção cinza. Esta era quase sem janelas, as poucas que tinham eram cobertas com cortinas, portas de madeira entalhadas com desenhos, dois andares e um telhado azul.

Seus ferimentos estavam maiores que um buraco de bala e soltavam uma fumaça avermelhada, a camisa que outrora era branca, estava quase totalmente tingida de sangue.

Ele tocou a campainha e um som ecoou, não demorou que a porta fosse aberta e uma figura masculina surgir. Seus olhos eram azuis, barba bem feita e uma expressão séria habitava no rosto.

- Pois não?

Perguntou surpreso com o estado de Raviel, que conseguiu dar um leve sorriso antes de desabar desacordado e ser pego pelo desconhecido antes de atingir o chão.

Servo de SangueOnde histórias criam vida. Descubra agora