Odeio ter que ir,
Odeio saber que não vou mais ter
O que o destino tirou
De forma cruel dos braços meus.
- 1867 - Scalene
...Raviel passou a tarde refletindo sobre o próprio futuro, o pedido de Gabriel soava forte em sua mente, mesmo sabendo que não eram amigos e muito menos próximos, ele começou a levar em consideração as opiniões das pessoas, que realmente conheciam esse novo mundo, além disso, eles também o tinham acolhido como familiar.
Mas os pensamentos tiveram que dar espaço ao baile, pois a noite já estava chegando.
Logo após um banho, o servo se encontrava na frente do espelho, tentando dar o maldito nó na gravata azul, estava se controlando ao máximo para não puxar e rasgar o maldito adereço quando duas batidas na porta o fizeram respirar fundo.
Desistindo de sua tentativa falha, Raviel se dirigiu até a porta e a abriu, observando com surpresa a presença de Alphonse que sem demora se pronunciou notando a atividade incompleta pendurada no pescoço do servo.
— Loudan deduziu que você precisaria de ajuda, já que não se vestia assim com frequência.
Enquanto Alphonse dava um jeito na gravata e abotoou o colete de Raviel, ele observou a vestimenta elegante do vampiro. Era parecida com a sua, composta por uma camisa social, gravata, colete e terno, era um padrão que somente diferenciava nos detalhes.
A camisa de Alphonse era preta, como sua gravata e o lenço, seu terno e colete eram da cor bordo com detalhes dourados bordados a mão, criando um padrão quase viciante. Outro detalhe que chamou atenção de Raviel, foi a lapela desse terno não dobrar e não ter nenhum broche, deixando toda atenção para o bordado.
— Tente não chamar muita atenção. Sei que não está acostumado com grandes festas, mas basta ficar relaxado que logo acaba. Você deve respeitar os líderes e não procure confusão. Talvez possa tentar se divertir um pouco também, afinal é um baile...
Com o aceno de cabeça enquanto vestia a peça final do traje de gala, Raviel concordou e se olhou no espelho, mesmo achando tudo aquilo de festa uma coisa chata, ele admitia que sua vestimenta era muito bonita.
Comparada a vestimenta de Alphonse, sua camisa também era preta, a gravata e o lenço eram azuis, seu colete e terno eram pretos com detalhes bordados na cor dourada e o paletó de seu terno não tinha lapela com apenas um botão.
Devidamente vestido a rigor, Raviel seguiu do quarto à sala, encontrando Mihina, que superou as expectativas de um vestido longo. Ela trajava uma camisa quase transparente da cor champanhe com detalhes de bambu chinês preto e uma saia longa preta brilhosa com uma racha que subia até metade da coxa direita permitindo que seu salto preto aparecesse e com um laço negro marcando sua cintura, destacando ainda mais sua beleza.
Gabriel também estava presente na sala e parecia muito animado com toda aquela situação. O jovem se atentou aos detalhes da vestimenta de seu amigo, seu terno era menos chamativo que o dele ao ser preto e liso, sem detalhes bordados, em sua lapela havia apenas um broche de rosa roxa que combinava com o lenço, a gravata borboleta e os detalhes do colete, todos da mesma cor.
— Você está muito bonita Mihina...
O servo comentou e a vampira deu um breve sorriso, antes de respondê-lo.
— Você também está muito elegante, esse terno foi caro, então procure não o sujar de sangue também.
— Eu sou o mais elegante daqui, mas es exacta, que você também está excelente para uma primeira festa.
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Servo de Sangue
VampireFim de primavera, o vilarejo Green Monsters é o lar de Raviel, um fazendeiro simples de vinte e cinco anos que tinha apenas o anseio de fazer uma boa colheita para garantir a sobrevivência de sua mãe e irmã. Uma noite porém, a fazenda é atacada e su...