XVI

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Claire version 

Espero por ele... antes de pedir...

Sei que ele... possivelmente...não pedirá nada...

Far-me-á apenas companhia...

Mas eu gosto da sua companhia...

É tão calmo...e... ao mesmo tempo... electrizante...

Por incrível... e idiota que pareça...

Ao seu lado...

Não sei...

Sinto que consigo fazer tudo...

Que consigo enfrentar o mundo...

E sair vencedora...

Quando há muito já me dei por vencida...

Ele chega...

E... incrível... ele já sabe o que eu quero tomar...

Um chá para dois...

Com torrada e compotas...

O chá é forte...

Deve ser chá preto...com aroma a maça...

Enquanto ele barra a compota na torrada...

Não resisto...

E...

Sorrateiramente... ponho a mão por debaixo do pão...

Levantando-o rapidamente...

A compota salta...

Sujando-lhe o nariz...

Ele olha-me... um misto de raiva e surpresa...

Mas ele precisava de um pouco de cor no rosto...

E... ao ver aquela mancha de cor... na ponta do seu nariz...

Não consegui resistir...

Em rir-me como uma criança...uma criança que fez travessura...

Ele... ao ver-me assim... sorri também...

Acho que ele gosta de me ver sorrir...

Então... como forma de desculpa...

Limpo...cuidadosamente... a ponta do nariz...

E nele deposito...

Um pouco rápido...

Um beijo leve...

Os nossos olhares cruzam-se...

Tanta profundidade nesses olhos cor de jade...

Tantos segredos a espreita...

Numa imensidão tão vasta...

Que desejo... imensamente...

Perder-me neles...


Peter version 


Ela é má... muito má...

Sujar-me o nariz com compota...

E se eu fosse alérgico?

Ainda bem que não sou...

Porque senão... ai...

Teríamos um valente problema...

Mas o maior problema de todos...

É que não consigo ficar zangado com ela...

Não... não consigo...

Não depois de a ouvir rir daquela maneira...

Não sei... parece que ela não se ria há anos...

E estava agora a descobri o que era o riso novamente...

Depois dela limpar a ponta do meu nariz...

Perdi-me totalmente nos seus olhos...

Lembro-me de pensar...

Que quem lhe tinha dado o nome de Claire...

Tinha uma ironia diabólica...

Pois os seus olhos eram uma total oposição ao nome...

Quem me dera...

Quem me dera ter o impulso de a ter nos meus braços...

E tomar para mim aqueles lábios da cor do morango...

Ao que saberiam?

Quando volto a mim...

Ela sentou-se... para beber o seu chá...

E... sorrindo... estende-me algo...

- Para ti.

Olho com mais atenção o presente...

Nunca me tinham dado um presente...

Que me sinto estranho...

Ela mantem o sorriso... mesmo bebendo o chá...

Abro a caixa...

Lá dentro... a couro...

Estava uma pasta... uma grossa pasta...

Com várias folhas...

Folhas brancas... novas... intactas...

Mas também...

Folhas com partituras... folhas limpas...com partituras...

Que magnifico presente...

Tão belo e simples...

Que não tenho palavras para me expressar...

No entanto... algo está errado...

Olho em volta...

Estamos a ser observados...


Is it love? Peter e ClaireOnde histórias criam vida. Descubra agora