Erros

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—pode começar a falar Anakin!

Eu nem sei porque vim aqui, porém, pareceu o único lugar onde eu e ele não seríamos interrompidos, no qual nós dois poderíamos conversar em paz, longe dos ouvidos e olhares alheios.

Este é o lago no qual eu sempre vinha com Anakin quando éramos crianças, adorava este lugar, porém com o passar dos anos, tudo o que eu mais quis era esquecê-lo, deixa-lo de lado, eu queria afastar as lembranças que vivi aqui com ele.

—queria que fosse tão simples Meri—Anakin diz, sua voz é baixa, quieta como sempre.

—não imagino que seja tão complicado—respondo.

Observo o lago, todo o lugar coberto de relva nas margens dele, a velha árvore, e cipós de cordas que não existem mais, no galho da árvore havia um balanço do qual sempre ficávamos lá, Anakin me balançava, ainda me lembro dos risos, da felicidade, a inocência que possuíamos, este era o nosso lugar.

Agora parece mais um lugar normal, sem graça alguma, foi perdendo o encanto com o passar dos anos.

—porque voltou Anakin?

Não consigo olha-lo.

—eu queria ter voltado antes Meri.

—a pergunta não foi essa.

Não surte efeito, não consigo me sentir tocada, estive tão machucada durante anos, por conta de tudo, hoje, só quero prosseguir com a minha vida.

—preciso que aceite o meu pedido.

—você está falando mesmo sério?

Ainda sim, não consigo acreditar.

—sim, muito sério, muitas coisas dependem do meu casamento.

—porque?

—Meri, quando eu fui embora, eu tive que assumir novas responsabilidades, uma delas, envolve minha família.

Eu o encaro, mas Anakin está parado ao meu lado, olha pra o lago, pensativo, os braços cruzados, um homem formado, homem este que mais está para estranho.

—da sua mãe?—pergunto.

—do meu pai.

Não sei esconder minha surpresa, o pai dele morreu a anos...

—algumas coisas mudaram.

Tudo parece tão vago no que ele fala.

—minha mãe e eu mudamos para um outro pais, um lugar pequeno que fica nas ilhas Gregas, a cidade se chama Chania, na época eu não pude lhe falar como as coisas aconteceram.

Não sei se quero saber, se vale a pena, porque não adianta, nada justifica o fato dele ter sumido durante todos esses anos.

—quando eu fui embora...—Anakim deixa a frase morrer e fica calado olhando para o horizonte.

—ouça...

—não sei como dizer Meri, foram tantas coisas, eu só preciso que você me diga o mais rápido possível se concorda, eu preciso de uma resposta em breve.

—porque aceitaria isso? É uma loucura!

—Somos amigos Meri, desde a infância, não acho que seja a coisa mais difícil do mundo.

—ah não, imagina, você aparecer do nada depois de tantos anos me pedindo em casamento? Não acha que está indo longe demais?

—gostaria que entendesse.

—não dá para entender Anakim, sinceramente eu não quero nem pensar nos motivos, nas desculpas que você tem, porque sei que não são verdadeiras, não tanto quanto eu quero.

—queria que as coisas houvessem sido diferentes, poder te explicar como tudo aconteceu.

—nem que quisesse, não adianta.

Ele fica calado, as marcas em mim, estão tão abertas, mesmo depois de anos, não posso imaginar o quanto isso ainda me machuca, me fere, ainda que não queira.

—então sua resposta é não?

—se fosse você, aceitaria?

Me viro para ele, Anakim me olha calado, sei o que ele vai falar, apenas seu olhar o denuncia.

—não, não aceitaria.

—então tem a sua resposta Anakim, e eu peço de coração, que se tiver alguma consideração por nossa antiga amizade, me deixe em paz.

Seus olhos se enchem de uma espécie de mágoa, contudo, dentro de mim nada muda, porque eu não quero mesmo isso, não quero contato com ele, foi muita falta de consideração da parte dele tudo o que fez, e é injusto que me peça algo assim, independente dos motivos, não é o que deveria ter feito.

—eu sinto muito Meri.

—eu também sinto muito Anakim.

Aperto meus braços, me afasto, porque meu coração começa a ficar pequeno demais, me lembro que o último lugar onde estivemos foi este antes dele sumir, passei por tantos momentos ruins na minha vida, e este foi meu único refúgio, o lugar que me trazia boas lembranças, agora só é um lugar deprimente coberto de mato e com um lago sem graça.

Queria que tudo houvesse sido diferente...

—Meri.

Me viro, Anakim permanece onde está, mas me olha muito sério.

—eu não queria ter ido, e eu também não queria ter ficado lá, não poderia deixar a minha mãe, nem o meu pai, muitas coisas estão em jogo agora, por favor, pense com cuidado no que eu te falei, ficarei na cidade por mais cinco dias, estou no Hotel da cidade, se quiser me ouvir, ainda estarei lá, está bem?

Não respondo.

Lhe dou as costas e entro no meu carro, ligo o motor e começo a dirigir para longe daqui, Não há nada que ele queira dizer que eu deseje ouvir, nem hoje, nem amanhã, nem nunca.

Ponto.



Ponto

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Borralheira * DEGUSTAÇÃOOnde histórias criam vida. Descubra agora