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Sinto falta das minhas tardes ouvindo Oasis e comendo salgadinho, e quando bate mesmo a saudade, tudo fica bastante esquisito, era quase um ritual meu com o Anakin, nos dias de sol, colocávamos óculos escuros e nos refugiávamos no lago, nos dias de chuva, Oasis e cheetos.

Muitas coisas mudaram desde então, mas ainda sinto falta dessa época, uma época em que eu ainda era inocente e alheia as coisas ruins do mundo, onde eu ainda poderia correr e me sentir a garota que tinha com quem contar.

Hoje só me sinto uma velha que vive praguejando e reclamando da vida devido aos problemas que enfrento todos os dias, sejam eles emocionais ou financeiros.

E é fantástico como muitas vezes, eu estou cercada por quem quer que seja, e ainda sim, estou só, isso é tão estranho quanto imaginar na proposta indecente do Anakin, é difícil pensar que depois de tanto tempo ele apareça querendo se casar comigo, em troca de sei lá o que.

Suspiro, Kael aperta meu seio e o suga sem esperança, largou o peito a algum tempo, mas as vezes, ele procura na esperança de ter leite, ele já está quase dormindo, beijo sua cabecinha, ele fecha os olhos quase se dando por vencido, meu domingo acabou e eu passei o dia basicamente trancada no meu quarto, com medo de sair e lá fora, Anakin estar a minha espera.

Me enchendo de dúvidas que não quero ter, nem de ânsias que não quero sentir, isso é algo que não pertence a ele, o direito de voltar e querer mudar tudo como se fosse fácil, algo simples, não é, nunca será, ele nunca mudará o que houve por conta de sua escolha.

Escuto o som da porta do meu quarto se abrindo, não me movo, estou tão cansada das invasões de privacidade da minha mãe, acho que o maior problema entre eu e ela é esse, ela se acha no direito de ficar entrando e saindo do meu quarto a todo momento.

—eu já pedi para a senhora não ficar entrando assim—aviso chateada.

Mamãe fica em silêncio, ela sabe que eu detesto isso, me encosto no braço e toco os ombrinhos do meu filho, os cabelos, a bochecha, estende a mão e toca a minha face com carinho, sonolento, seguro a mão miúda e beijo seus dedinhos, um a um, são pequenos e rechonchudos.

Há muito de mim para oferecer ao Kael, todo meu amor, paciência e carinho, porque sinto, que apenas ele merece isso vindo de mim, num sentido verdadeiro, transparente, ele foi e sempre será a melhor coisa que me aconteceu na vida.

Kael solta meu seio e coloco a chupeta na sua boquinha, ele abraça meu travesseiro, puxo a alcinha do sutiã para cima, me ergo e me sento na cama, eu o olho e toco seu pé com cuidado, eu o cubro e fico por alguns momentos observando-o, meu pequeno pedaço, as vezes sinto como não tivesse forças, e ele está bem aqui para me mostrar o quão é longo o caminho, que devo estar aqui por ele, sempre.

—Meri.

Dou um pulo assustado, olho para Anakim agitada, meu coração pula tanto no peito que sinto as batidas virem a garganta.

—por Deus Anakin!—exclamo tentando não berrar.

—desculpe, você estava distraída—ele argumenta não muito perto da minha cama—vim me despedir, estou indo para Grécia.

—ah—digo a força—boa viagem.

Ele me encara muito pensativo.

—tem certeza de que não quer mesmo pensar com mais cuidado na minha proposta?—questiona ele.

Borralheira * DEGUSTAÇÃOOnde histórias criam vida. Descubra agora