Capítulo 5 - THEO

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THEO

Tinha sido uma surpresa encontrar Eva ali. Talvez eu devesse ter esperado que Gabi a convidasse, sendo minha irmã uma pessoa naturalmente sociável e carinhosa, mas mesmo assim foi um choque chegar em casa e dar de cara com aqueles imensos olhos verdes claros tomando conta de tudo. Estavam bem verdes naquele dia, como se o azul que já vi tivesse sido mera impressão. Sua beleza pura e delicada, com aqueles longos cabelos num tom de trigo e pele branca macia era um lembrete do motivo pelo qual ela não saía da minha mente. E como eu poderia esquecê-la se estava na minha vida, eu a veria no escritório e nas minhas terras? Fiquei furioso por não conseguir escapar dela nem na minha casa.

Não disfarcei esse sentimento e vi que notou. Percebi como empalideceu e abriu mais os olhos antes de baixá-los, magoada. Ficou claro sua vontade de fugir dali, sua vergonha, seu incômodo. E então me senti culpado, ainda mais quando achei que ia chorar. Fiquei perdido, sem saber o que fazer. Fui ao banheiro lavar as mãos e, ao voltar e sentar, olhei para ela, mas nem se mexia na cadeira, apenas o suficiente para remexer a comida.

Senti-me um bruto e o pior é que eu era mesmo. Geralmente eu pouco ligava para o que pensavam de mim, mas por algum motivo não queria magoar aquela menina. E, realmente incomodado, me arrependi pelo modo que a olhei e tratei.

Quando terminei de me servir, falei com uma tranquilidade que estava longe de sentir:

- Gostou da casa, Eva?

Ela me olhou de imediato. Nossos olhos praticamente se comeram e fiquei um momento paralisado, sem conseguir entender aquilo. Como era um homem com muito apetite sexual, geralmente desejava as mulheres com intensidade. Mas não assim. Talvez fosse o fato de evitá-la que a tornava ainda mais desejável para mim. O fato era que tudo nela mexia comigo. Sua beleza loira e delicada, aqueles olhos imensos, a boca carnuda, a docilidade que parecia implorar para ser submetida aos meus caprichos. Era quase um pecado imaginar todas as sacanagens que eu queria fazer com ela. Eu me sentia um filho da mãe pervertido e era mesmo, isso já tinha aceitado há muito tempo.

O problema era que, junto ao desejo voraz de tê-la, algo me segurava. Culpa, por ser bem mais velho e cheio de taras. Por ela ser tão jovem e aparentemente pura, além de sozinha, desprotegida. Eu sabia que se começasse, nada me impediria de tomar tudo que tinha a me oferecer e mais, o que com certeza a corromperia. E quais seriam as consequências daquilo? Não, era melhor evitar. E protegê-la, já que não parecia ter ninguém que fizesse aquilo.

- Eu gostei muito. – Finalmente falou. Ainda parecia fragilizada, sem saber o que esperar, o que só me deu mais raiva de mim mesmo. – Obrigada. Não sei como um dia poderei agradecer tudo que fez por mim. E o modo como fui recebida por sua família.

Eu apenas a fitava, calado. Mesmo naquela mesa cheia, a atração entre nós não podia ser disfarçada nem contida. Estava lá, pesando no ar.

- Eu estou adorando ter você aqui! – Sorriu Gabi, animada. – Esse meu irmão tem vezes que se supera! Ideia maravilhosa!

- O bom é que as duas tem quase a mesma idade. – Completou Tia.

- Sim, é verdade. – Eva sorriu para Gabi, à sua frente. Parecia ter relaxado mais.

- Vou te mostrar a fazenda toda! – Prometeu minha irmã.

- De carro. Não esqueça que está grávida, nada de ficar cavalgando por aí. – Disse Joaquim, o que fez Gabi sorrir e beijar suavemente seu rosto, comentando:

- Pode deixar, amor. To me cuidando direitinho.

- Se quiser, eu te mostro a fazenda, Eva. – Pedro falou, sentado ao lado dela, virando o rosto para fitá-la.

FERIDA - Livro 2 da Série Segredos.Onde histórias criam vida. Descubra agora