DIVÓRCIO

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Dani chega em casa e se surpreende com a presença de Erik.

– Oi, como foi seu dia? – ele pergunta ao marido que está sentado no sofá.

– Péssimo e o seu?

– Ótimo, é muito divertido trabalhar com a Angel.

– Imagino, a Angel é muito divertida mesmo, ainda mais quando quer destruir o casamento dos outros.

– Não acredito que você vai colocar a culpa na coitada da minha irmã que só quer nos ajudar!

– Ajudar? – Erik se levanta e o encara – Você chama isso que ela está fazendo de ajuda? Ela está nos separando, você não vê?

– Para de drama, Erik, olha eu aqui. Eu já lhe disse: estou fora da sua empresa, não da sua vida. Não sou mais seu funcionário, mas continuo sendo seu marido.

– Não, Dani, eu lhe disse que se você fosse embora naquela hora o nosso casamento iria acabar.

– Quer dizer que você vai querer se separar de mim só porque não trabalho mais para você?

– Quero me separar de você porque não quero lutar pelo nosso casamento sozinho. Eu lhe prometi que iria mudar, você nem me deu uma chance e já se bandeou para o lado da Angel, sua irmãzinha querida que só quer me ver fodido!

– Cala a sua boca, seu idiota, se for para ficar ofendendo a Angel pode acabar com esta droga de casamento mesmo.

Andy que estava em seu quarto desce as escadas preocupado depois de ouvir a discursão.

– Você que está acabando com o nosso casamento – grita Erik.

– Eu porra nenhuma, você que é um filho da puta insensível que se esqueceu de mim e só pensa em trabalhar. Só lembrou que eu existo quando viu que iria ter que procurar um outro advogado de confiança.

– Está insinuando que só quero você como advogado e não como marido?

– É isso mesmo! Eu estou de saco cheio desse casamento sem graça, ou você muda ou quero o divórcio.

– Quem quer o divórcio sou eu, fica com a sua amiguinha que eu estou caindo fora.

– Pode ir, eu não estou nem aí, você não vai fazer falta nenhuma, pois já me acostumei com a sua ausência.

Andy que iria ficar de fora como sempre faz, se desespera porque nunca ouviu os pais falarem em divórcio.

– O que está acontecendo, gente, que papo é este de divórcio? Pode parar, ninguém vai se separar não, pois eu não permito.

– É o seu pai, Andy, ele me trocou pela sua madrinha, ele escolheu ficar com ela.

Dani solta uma gargalhada forçada e encara o marido.

– Que papo é esse, pai? – Andy pergunta para Erik. – O que que a minha madrinha tem a ver com isso?

– Nada, filho, – diz Dani – seu pai está querendo colocar a culpa nela para ficar mais fácil de me deixar. Você está de prova que nos últimos meses, ele só pensa em trabalho, quando está em casa vive trancado no escritório. Me diz aí qual foi a última vez que nos viu deitado neste sofá assistindo TV? Nem para você, ele tem tempo, Andy, qual foi a última vez que ele se sentou à mesa com você, jogou Xbox ou bateu um papo? Ele só vive para o trabalho e eu estava ficando igual, mas cansei, eu quero viver, quero curtir mais a vida, você e ele.

– Até aí eu concordo com você, pai, mas o que a minha madrinha tem a ver com tudo isso?

– Ela está nos afastando, filho – diz Erik.

– Que está nos afastando o quê! – Dani altera a voz encarando o marido, em seguida olha para o filho e abaixa o tom – Ela só me convidou para trabalhar com ela, Andy e eu aceitei, só isso. Eu e o seu pai estamos sempre juntos e por isto acho que o nosso casamento está tão desgastado e sem graça, se passarmos pelo menos o dia longe, quando chegar a noite teremos o que conversar e mataremos a saudade que sentirmos durante o dia.

– Olha só que bobeira, filho, fala para ele que isto é ridículo. Quem ama tem que ficar juntos sim, quanto mais perto melhor, diz para ele, diz – suplica Erik.

– Não pai, ele está certo, ficar perto de mais enjoa, eu gostei dessa ideia, vai ser bom passarem o dia longe e a noite terão assuntos diferentes para conversarem.

– Não acredito, você também? – Erik se desespera, passa as mãos em seus cabelos e no rosto. – Estou vendo que não farei falta nenhuma mesmo, então o que mais eu posso dizer? Se divirtam com a minha ausência! – ele sobe as escadas de dois e dois degraus e Andy vai atrás.

Erik joga duas malas sobre a cama e começa pegar roupas no guarda-roupa e jogar nelas de qualquer jeito.

– Para com isso, pai, não vai fazer nada de cabeça quente.

– Dá licença, Andy, vai ficar com o seu pai favorito, você sempre gostou mais dele mesmo.

– Que isto, pai, está ficando louco, é? Eu amo os dois do mesmo jeito e vou sofrer muito se vocês se separarem.

Erik entope as malas com suas camisas bem passadas e ternos sem se importar que irão se amarrotar, a fecha e ignora o filho que pede que ele não saia de casa. Dani sai da cozinha quando escuta eles descendo as escadas, seu coração se aperta e dispara quando vê as malas, mas ele faz de tudo para passar uma imagem de seguro.

– Então é isso, você está mesmo se separando de mim?

– Você se separou de mim, Dani.

– Eu te amo, Erik, te amo demais, mas me amo mais e não vou me submeter a tanta indiferença só para tê-lo ao meu lado.

– Eu prometi que irei mudar.

– Eu não acredito em suas promessas, sei que daqui um tempo tudo irá voltar ao mesmo, e além do mais me cansei de trabalhar para você, quero que aceite as minhas decisões e fique feliz me vendo feliz.

– Então acha certo que eu fique feliz lhe vendo feliz, enquanto você fica feliz me vendo arrasado?

– Eu só quero que você pare de drama, pois me casei com um homem e não com uma mulher com TPM.

– Depois fala que o insensível sou eu.

– Você nem se importava quando eu lhe suplicava atenção ou quando eu ia dormir chorando, agora faz esse drama todo só porque não serei mais o seu advogado. Ou será porque não confia em mim e acha que longe de você irei lhe trair?

– Olha aqui, Dani, se é contorcer a situação que você quer, pode parar, a culpa de eu estar saindo de casa é sua!

Erik sai para a garagem com suas malas e Dani mesmo com as pernas trêmulas permanece em pé no mesmo lugar e segura firmemente suas lágrimas. Andy olha para ele e vendo que não irá fazer nada para impedir o marido de sair de casa, corre atrás de seu pai.

– Para com isso pai, – ele diz enquanto o pai coloca as malas no porta mala de seu carro – você está de cabeça quente, vamos subir, toma um banho e dorme, amanhã mais calmo verá as coisas com mais clareza.

– Eu não quero me acalmar, Andy, cansei de ser sempre o mais calmo aqui, estou com raiva do seu pai e a última coisa que quero é engolir meu orgulho e aceitar que ele me humilhe dessa forma.

– Ele não está te humilhando, papai só quer trabalhar em outro lugar, você não pode querê-lo debaixo de seus olhos o tempo todo.

Erik o olha com raiva, não acha justo que o filho não fique do seu lado, entra no carro, o liga e faz o portão da garagem se abrir.

– Posso pelo menos saber para onde está indo?

– Não se preocupe, manterei contato.

Erik sai com o carro e Dani reconhecendo o barulho, senta no sofá já em prantos. Andy respira fundo quando o portão se fecha e entra em casa. Quando vê o pai chorando se senta ao seu lado e o puxa para um abraço, tenta lhe acalmar. Mas Dani só se acalma mesmo quando liga para Angel e sua amiga lhe diz que isto já estava previsto, pede que ele se mantenha firme e que logo terá seu marido de volta, mas bem melhor, cheio de amor para lhe dar.

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