O acidente

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POV Ally

Uma mão me chacoalha pra me despertar do sono sem a menor cerimônia.

-Acorda Allyson. - A voz de Mani repete várias vezes.

-Que saco Kordei. - Digo brava.

-Vai madame arrogância. - Ela diz ainda me chacoalhando. - O treino pra definir a pole position começa em duas horas Ally. Levanta.

Levanto resmungando nervosa e vou pro banheiro sem dizer sequer bom dia.

Sou corredora de Automobilismo a dez anos e ainda não me acostumei em acordar cedo.
Passo a maior parte dos meus dias correndo e quando não estou correndo, estou voando pra ir pra outra corrida.

A verdade é que se não fosse pela Normani eu teria perdido 80% dos treinos e 100% das corridas nesses anos.

Normani é minha empresária, e se eu for um pouco menos arrogante, segundo as palavras dela, é minha melhor amiga também.

Saio do banheiro de lingerie e começo a por a roupa que vai por baixo do uniforme da Ferrari, a marca que represento nas corridas a mais de cinco anos.

Mani volta trazendo o café balanceado que eu tenho que tomar.

-Bom dia Ally. - Ela diz simpática.

-Bom dia Mani. - Respondo, sem tanta simpatia.

-Se anima Allyson. É o grande dia. Pensa bem, depois da corrida de hoje você vai se aposentar. E melhor ainda, com o título de corredora mais bem sucedida da história da Fórmula 1.

-Eu sei. Apesar que me aposentar aos vinte e oito não tava nos meus planos. - Dou voz aos meus pensamentos.

-Ah Ally. - Diz Mani. - É melhor assim. O patrimônio que você adquiriu já dá pra você, sua filha e seus futuros netos viverem bem o resto da vida.

-Não me fale em netos essa hora da manhã Normani. Sarah tem apenas treze anos.

Eu sei, é loucura pensar que uma mulher de vinte e oito anos tenha uma filha de treze, mas eu já fui adolescente e descuidada.

-Vamos. - Diz Mani me tirando dos meus pensamentos. - Temos que chegar logo.

Saímos do hotel e vamos pra pista.
Assim que ponho meus pés dentro do complexo eu me sinto em casa. Esse é meu lugar.

Vamos direto ao Stand da Ferrari, onde Vero, uma mulher realmente bonita e cheia de vida que me acompanha desde o começo da carreira também, começa a colocar meu uniforme.

Falo com todos da minha equipe de forma simpática. Procuro trata-los sempre bem, afinal eles garantem meu sucesso na corrida.

Verônica trás meu capacete e me ajuda a entrar na gaiola que é o carro, prende todos os arreios e dá dois tapinhas no meu capacete.

O reforço de segurança nos carros de automobilismo é tão grande que você não consegue mover nada alguém de seus pés, mãos e cabeça. O restante do seu corpo fica completamente preso e sem a menor chance de se mover.

-Faz a volta de teste e vem pra cá. - Disse Mani ao meu lado. - Depois nós ajustamos o que precisar e você faz as voltas de tempo.

Faço que sim com a cabeça e disparo pra volta de teste. Não acelero muito, chego apenas a cem quilômetros por hora.

A sensação de voar é incrível e eu me sinto livre toda vez que estou presa nesse carro. É estranho eu sei, mas é a verdade.

Depois de fazer a volta de teste e parar no pit box eu finalmente faço minhas voltas de tempo.

Pra me mudar (Alren)Onde histórias criam vida. Descubra agora