Pra me mudar (Alren)

De novo??

Dois anos depois

POV Ally

Hoje completam exatos dois anos do meu acidente. Dois anos que estou presa a esse objeto que nunca chegará aos pés do que foram minhas pernas.

Minha rotina monótona foi de sempre. Acordar, deixar a enfermeira me dar banho, me trocar, tomar café, ler algum livro, almoçar, voltar a ler...

O próximo passo seria me trancar no quarto e ficar olhando pela janela as pessoas que ainda tem vida, mas por ser a data que é eu vim parar aqui. Na minha sala de troféus.

É incrível como eu me lembro com clareza de cada título que conquistei.

Essa estante não serve pra nada além de zombar de mim, da minha condição.

Estou parada em frente a esses troféus a exatos vinte minutos. Tem dois que estou ouvindo a Ariana, minha enfermeira me gritar.

Preciso fazer isso agora.

Pego o primeiro troféu que alcanço, graças a limitação dessa maldita cadeira de rodas e taco com toda força na parede.

Um grito de fúria sai da minha garganta e pego outro troféu, ouvindo os passos de Ariana se aproximarem, e destruo também.

Não trás alívio nenhum, não me dá nenhuma sensação de paz, mas eu quero continuar fazendo isso.

Pego o terceiro troféu no momento que Ariana entra na sala.

-Allyson não. - Ela diz segurando o troféu que ainda está na minha mão, me impedindo de destruí - lo.

-ME DEIXA. ESSAS DROGAS NÃO SERVEM DE NADA. - Grito com a garota.

-Allyson, são os registros das suas vitórias.

-SÃO OBJETOS INÚTEIS. EU ODEIO ELES.

-Você não odeia Ally. - Ela diz calma, tentando tirar o troféu da minha mão.

Esse troféu tem asas, com rebarbas pela produção mal acabada. Quando puxo ele com força pra jogar longe, abro um corte profundo na mão de Ariana, e um não tão profundo assim em mim.

-Você se cortou Ally. - Ariana diz paciente.

Ela pega minha cadeira, conduzindo pra fora.

Volto a gritar com ela.

-PARA. VOCÊ NÃO VAI ME TIRAR DAQUI. - Travo as rodas da cadeira com as mãos.

-Ally, por favor...

-NÃO. ME DEIXA. VAI EMBORA. VOCÊ É UMA INÚTIL.

Vou fazendo força, junto com ela, que fala paciente.

-Ally. Eu preciso cuidar do seu corte, e do meu também.

-NÃO!!! - Grito fazendo mais força, o que leva meu corte a sangrar mais. Só que não paro de gritar. - EU JÁ ESTOU CANSADA DE VOCÊ. VOCÊ É UMA INÚTIL, MAL CONSEGUE ME AGUENTAR. VAI EMBORA!!

-NÃO DÁ MAIS. - Ariana também grita, o que acaba me assustando. - Eu não aguento mais Allyson. Eu simplesmente não aguento mais. Estou me demitindo.

Ela se afasta a passos largos, saindo da sala e ouço ela pegando as próprias coisas e saindo pela porta.

Que vá. É só mais uma inútil que não sabe como é viver presa a uma cadeira de rodas.

Camila entra na sala.

-O que aconteceu? Ariana passou por mim parecendo um furacão.

-Estou sem enfermeira doutora. - Digo conduzindo minha cadeira pra fora da sala. - A minha acabou de se demitir.