Capítulo 5

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Não estava tudo escuro enquanto eu caminhava pelo corredor. No final dele, havia uma porta entreaberta. Flashes de luzes azuis e avermelhadas saiam pela abertura, e tudo que eu sentia era um arrepio de medo. Por algum motivo eu não conseguia me distancia dali ir embora. Pude ouvir gritos, mas estavam distantes de mim. Assim que abri a porta, vi o que eram realmente as luzes. De repente eu estava do lado de fora de uma casa que nunca tinha visto na vida, e tive que proteger meus olhos contra o ardor que as luzes causavam aos meus olhos. Com muita determinação, olhei para o céu, e vi bolas de fogo se chocarem. O que saiam delas não era apenas luzes, mas sim fogo. Labaredas azuladas, tomando conta de uma bola de fogo avermelhada. Em segundos, após tomar conta, algo foi lançado do céu. O fogo azul foi ficando mais brando, e começou a descer rapidamente, enquanto eu corria na direção do objeto que havia caído. O impacto no chão fez com que se abrisse um enorme buraco fundo, e mesmo com a pouca luminosidade do local, dava para perceber que era uma pessoa. 

Não olhei para trás para ver o objeto que descia lentamente atrás de mim. Minha preocupação era ajudar a pessoa que estava machucada naquele buraco. Assim que consegui chegar até a pessoa, eu não sabia o que fazer. Não poderia ser verdade... Blaine estava lá, estirado no chão, com o corpo todo ensanguentado. Eu tentava pedir ajuda, porém o som da minha voz não saia. As lagrimas começaram a escorrer pelas minhas bochechas a medida que a impotência tomava conta de mim, pois eu não tinha forças para tira-lo de lá. Foi aí que senti uma mão sobre o meu ombro, e me virei para ver quem era. Gabriel tinha uma espada em sua mão, e no mento que olhei para ele, fui jogada para fora do buraco. A dor era insuportável, e eu sabia que tinha quebrado alguma costela. Respirar estava ficando difícil, mas, mesmo assim, me arrastei até a borda na tentativa vã de salvar Blaine. 

O homem no qual eu nutria um sentimento inexplicável, estava desacordado e o outro pelo qual eu tinha desprezo, tinha se ajoelhado ao seu lado e erguido a espada com a lança apontada para o coração de Blaine. Eu juro que tentei gritar para ele não fazer, e mesmo assim ele fez: enterrou a espada no coração de Blaine.
Sua expressão era de puro prazer, quando olhou na minha direção.
Eu não tinha como fugir, e nem como pedir socorro... quando dei por mim, ele já estava segurando o meu pescoço com uma das mãos e me suspendendo no ar. Com a outra, ele ainda empunhava a espada que há poucos segundos tinha terminado de tirar a vida de Blaine. Pude ver o brilho nos olhos de Gabriel de pura satisfação. Ele estava gostando do que estava fazendo, e eu nada poderia fazer para me salvar. No momento que ele ergueu a espada na minha direção, eu soube que não teria mais tempo. 

— Não haverá misericórdia — rugiu antes de enfiar a espada no meio do meu coração. 

Acordei com o susto, e me sentindo dolorida. O suor tinha deixado o tecido fino da minha camisola completamente encharcada. Meu cabelo estava, assim como a minha roupa, molhado de suor e umas mechas grudaram no meu rosto, me deixando agoniada. Afastei o cabelo do rosto e respirei fundo. Tudo não havia passado de um pesadelo e eu não conseguia compreender tudo aquilo que tinha acabado de acontecer naquele instante. Eu precisava beber um pouco de água e tentar esquecer aquele pesadelo terrível. Não consegui achar os meus chinelos e segui andando descalça até a cozinha. 

Já com o copo com água na mão, fechei os olhos e repassei na mente o pesadelo que acabara de ter. Era como se a lâmina da espada tivesse mesmo atravessado o meu corpo. Tentei expulsar as imagens de Gabriel matando Blaine, e quando dei por mim, já estava chorando. Eu não conseguia parar. Uma dor no peito, uma angustia e um sentimento de medo tomou conta do meu corpo, que me fez deixar o copo cair no chão. Quando me baixei para apanhar os cacos acabei me cortando, e o sangue acabou se espalhando. O corte não tinha sido tão profundo, e mesmo assim o sangue não parava de sair. 

Eu teria ligado para Gregg, mas a noite já tinha sido muito pesada para nós dois. E eu sei que ele sofreu por mim, e também sei o que passamos juntos depois que tudo aconteceu não foi fácil para ele. Fui até o banheiro pegar a caixinha de primeiros socorros, deixando os cacos de lado e me xinguei mentalmente por não ter usado uma pá. 

Para Todo O Sempre Serei SeuOnde histórias criam vida. Descubra agora