Capítulo 1

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Capítulo 1

O dia estava perfeito para deitar na grama verde e ficar observando o céu, mas não era isso que eu iria fazer. A caminho do café onde eu trabalhava, me perdi em pensamentos, lembrando dos meus amigos e dele. Dois anos tinha se passado, mas eu ainda não tinha me recuperado. Eu sabia que tinha sido um castigo, por eu ser diferente das outras pessoas. Desde então, perdi a fé que tinha e resolvi seguir atrás de um balcão, servindo café durante seis dias na semana, trabalhando meio período, pelo resto da minha vida.

Meu relacionamento com a minha família mudou, e então, resolvi que era a hora de mudar da casa deles, por isso o emprego. Aluguei uma pequena casa bem distante deles, e comecei a viver sem pensar no passado. Não pensava mais nele, e nem em como ele tinha me deixado. Sozinha.

Todos os dias eu me levantava, tomava meu banho, vestia o meu uniforme cor de abóbora e seguia para o meu trabalho. Nada mudava minha rotina. O céu poderia estar pegando fogo, e eu ainda estaria a caminho do meu trabalho. Mas não havia um dia sequer, que eu não desejasse que algo diferente acontecesse na minha vida. Eu já estava perto de completar vinte e um anos, e não que eu quisesse um príncipe montado em cavalo branco, e sua armadura reluzente, me pegando e me levando para o seu castelo. Não. Eu não queria isso. Eu queria alguém diferente dele. Um amor que não machucasse minha alma e não tomasse a última gota de alegria que eu ainda tinha.

Kate era a dona do café. Era uma senhora muito simpática e um dos motivos por eu ainda está naquele lugar. Ela e o seu marido Joe, não tinha culpa pelo que tinha me acontecido. Eles não tinham culpa pelo erro cometido pelo filho deles. Por isso, ainda os amava. Sabia que lá no fundo, Kate e Joe sentiam que me deviam algo. E eu não me cansava de afirmar sempre que possível, que eles não haviam me feito mal algum.

- Bom dia, Lili. - Falou Kate, quando entrei no café.
- Bom dia, Kate - Sorri para ela. - Joe já recebeu o leite?
- Já sim, querida. - Ela veio até mim, e me abraçou carinhosamente, como todos os dias. - Por que não começa a servir o café para os clientes, e eu vou adiantando as tortas?
- Ótima ideia. - Disse a ela, sabendo que eu era uma negação na cozinha, Kate não tinha outra opção além de ir preparando as tortas.
- Eu sei querida. - Balançou a cabeça, sorrindo e entrou para cozinha.

Eu estava começando a servir os clientes quando ele entrou.
Não sei explicar o que aconteceu realmente, mas sabia que era ele, o meu príncipe. Só existia um problema, ele tinha cara de confusão. Não sei se foi pela altura, ou pelos músculos cobertos pela jaqueta de couro surrada preta, ou por tudo que tinha nele. Ele tinha traços rudes, que me fizeram ficar congelada, a ponto de esquecer que estava servindo café.

- Lili! - Reclamou Peter, que todos os dias sentava na mesma mesa, para tomar seu café antes de começar seu dia na loja de ferragens.

- Desculpe, Peter. - Pedi sem graça, entregando a ele um guardanapo, para que pudesse se limpar. - Não sei onde eu estava com a cabeça.

- Tudo bem. - Disse ele irritado, voltando a tomar seu café da manhã, enquanto tentava diminuir meu estrago.

O moreno alto, seguiu caminhando até o balcão e sentou em uma das cadeiras. Eu sabia que tinha que me mexer, para ir atendê-lo, mas minhas pernas petrificaram.
Eu só precisava lembrar a minha coordenação motora, que ainda sabia andar. E o mais rápido.
Não eram todos os dias que aparecia um cara, tão perfeito em Harlingen. Obvio que tinha homens bonitos, e que valeria muito a pena sair algumas vezes. No entanto, aquele... Aquele era diferente de tudo que eu já tinha visto na minha vida. E não estava falando dos ombros largos e bíceps claramente bem definidos. Tinha algo diferente, eu só não sabia o que era.
Aos poucos, meu cérebro foi se lembrando de que eu precisava andar, e ir até lá atender ele. Dei duas alisadas básica na saia do vestido e no avental, dando uma caprichada no cabelo, quando passei pelo espelho, e respirei fundo. Com sorte, eu conseguiria o telefone dele, transaríamos como dois loucos, e depois iria cada um seguir o seu caminho.

Para Todo O Sempre Serei SeuOnde histórias criam vida. Descubra agora