Querido Diário (Camren)

4°Cap. - Miwaku

YOOO MINNA!

Esse capítulo está maior e também foi um pouco mais complicado de escrever do que todos os outros por se tratar de uma religião. Religiões são complicadas e devem ser tratadas com carinho ao abordar e ter mente aberta para isso. Confesso que em particular eu não iria abordar religião alguma quando comecei aqui porque tenho noção que budismo seria como um choque para o meu eu e a religião a qual cresci, que é bem diferente. Imaginar que existem pessoas que acreditam que o Deus está dentro de nós é sim um choque imenso (não vou ser hipócrita e dizer que não), e eu trabalhei muito nessa parte dentro de mim antes de começar Querido Diário, fiz pesquisas... Enfim... Abram as mentes e sejam respeitosos com a religião alheia, por favor. Eu amo o resultado de todas a minhas pesquisas e o que budismo significa, espero que vocês também gostem.

Boa leitura!

4°Cap. - Miwaku (Fascínio)

"Querido Diário,

Eu penso se em algum momento vou me acostumar com o fato de que Lauren quer minha companhia. Eu a questionei tão honestamente sobre e tão honestamente fui respondida. Parece-me injusto e meio masoquista que eu seja amiga de alguém como ela. Eu vou conseguir? Superar isso que sinto e me centrar a ter uma boa amizade quando nem mesmo sou exatamente boa nisso?

Não, isso não é um julgamento precipitado sobre a pessoa que Lauren é. Longe de mim fazer algo a esse nível quando apenas comecei conhecer ela e consigo me sentir tolamente mais apaixonada do que a observando de longe. O problema mora exclusivamente em mim que não consigo ficar longe dos sentimentos que me levam até Lauren Jauregui como um ímã. Ela ter me elogiado e defendido do amigo foi como um tiro certeiro no meu coração. E não tem só isso. Por duas vezes, duas vezes... Senti que Lauren me beijaria. Penso que eu estou tão lunática para que ela me dê o meu primeiro beijo que começo a fantasiar coisas realistas demais em minha cabeça.

Mas ela disse que me acha bonita. Isso é algo bom não é? E talvez isso não mude muita coisa e ela pode continuar me vendo só como uma amiga. E esse é o problema. Alguma hora alguém vai se interessar por ela como eu, ela pode se interessar por alguém, então... eu tenho apenas muito medo de ter uma experiência traumática com um primeiro amor. Finalmente eu converso e estou ao lado dela e esse é meu medo falando mais alto. Meu último pensamento e questionamento é: devo lutar?

Com carinho, Cabello Camila."

Apesar de muito jovem aos seus ternos dezessete anos, Camila era uma garota totalmente segura de sua sexualidade e absolutamente confortável por gostar de outras garotas, ainda que isso fosse um gosto restrito para si como qualquer japonês o fazia sobre sua vida particular. Em sua cabeça, não havia nenhum preconceito para influenciá-la a sentir medo por estar apaixonada por uma garota intersexual e muito disso partia da doutrina a qual seguia.

A primeira coisa que deixou Camila confortável com a religião a qual se identificou era que o budismo de Nitiren era a filosofia da vida humana, não julgando a sexualidade como algo bom ou mau, não impondo que ela manifestasse qualquer comportamento sexual em particular, sendo algo de responsabilidade do indivíduo decidir por si só sem que o budismo opine. Budistas não menosprezam qualquer tipo de ser vivo ou discrimina qualquer tipo de preferência. Tal como a aceitação sobre Lauren ser uma garota intersexo também vinha muito de seus ensinamentos budistas que pregavam que nenhum ser é totalmente feminino e nenhum ser é totalmente masculino.

Todos apresentavam a natureza de Buda independente da condição de vida. Budistas acreditam que preconceitos e discriminações são os que provocam a violência. Camila aprendeu a respeitar a dignidade e o direito dos seres de ir e vir quando bem entendessem, afinal, isso também valia para si que jamais se sentiu atraída por um garoto e tampouco, segundo as doutrinas religiosas que seguia, precisava se envergonhar por isso. Jamais faria, também, pouco caso da condição de Lauren por mais que ainda não entendesse por completo.