Querido Diário (Camren)

24°Cap. - 写真

Boa leitura!

24°Cap. – 写真 (Fotografia)

Tão pequenininhas que ambas tinham medo de pegar suas filhas recém nascidas de mal jeito, era com todo cuidado do mundo como se fosse as pedras preciosas mais raras e bonitas. Cabiam certinho no conforto dos braços das mamães de primeira viagem, apesar de todo o cuidado. Na noite que elas saíram do hospital e foram para casa, Camila e Lauren não dormiram. Literalmente ficaram observando ambas as nenéns entre elas na cama imensa, dormindo angelicalmente com toda a inocência e sem preocupação alguma. A preocupação maior era quando sua mãe poderia disponibilizar seu leite para mamar ou quando elas iriam escutar a voz de Lauren ecoando em uma canção de ninar japonesa belíssima para acalmar o chorinho que às vezes abatiam-nas.

Com sete dias, era chegado o momento de concretizar a cerimônia de nomeação, Oshichiya. Camila estava ao lado de Lauren balançando o carrinho para impedir que ambas emitissem choros com a atenção voltada para outro lugar. Era sempre tão importante para elas que a cultura de um país inteiro a qual cresceram, mesmo que não fosse o de origem delas, fosse respeitado e lembrado. Tinham amor pelo Japão e isso era visível. Com todos os desvios ocidentais em suas criações existentes, ainda assim, respeitavam. Mahina e Hiroshi eram orgulhosos daquele fato, queriam sim que suas netas crescessem rodeadas por aquelas pequenas coisas da cultura japonesa.

— Talvez eu devesse deixar você escrever, Hime. Eu definitivamente não tenho uma caligrafia melhor do que a sua. – Lauren hesitou, apontando algo certo e óbvio demais para ser apontado, mas Camila sorriu com tranquilidade e negou totalmente.

— Sua letra não é a mesma do colegial, meu amor. Só escreva como manda a tradição, estou ficando impaciente! – Conjecturou Camila, tamborilando as unhas na madeira.

Lauren arqueou a bem feita e grossa sobrancelha negra para a futura noiva e como ela parecia ainda mais impaciente com o tempo enquanto ela própria estava mais calma. Camila era tão imediata no que queria. Pegou a caneta de caligrafia japonesa antes de puxar para si o papel de certificado, Meimeisho para escrever, caprichosamente no papel. A caligrafia fina e bonita, não tão elegante quanto a de Camila, foi traçada no papel em grandes transcritas japonesas. Primeiro o de Yumi, a filha mais velha, depois a mais nova Akemi.

— Talvez minha caligrafia não esteja mesmo tão ruim assim. – Concordou Lauren quando viu Camila deixar de balançar o carrinho para a ajudar a colocar em um quadro formal e vistoso.

— Claro que não é ruim. Onde vamos pendurar? – Camila questionou Lauren, sabendo que deveria ser em um local de destaque.

Na sala, era certo, mas pensavam em qual canto que mais poderia mostrar orgulhosamente o nome de suas filhas gêmeas. Decidiram por trocar o bonito quadro imenso que era de cara com a entrada e pendurarem ali, um do lado outro.

— Ficou perfeito. – Lauren falou preguiçosamente, sentando no sofá para enfim descansar depois de um dia de trabalho e estudo, puxando uma das gêmeas, que ela não se atentou sobre quem era, para o seu colo apenas para ter o prazer de pegar o corpo miúdo e que se aninhou em seus braços por se sentir protegida.

Duas semanas, Yumi e Akemi não eram choronas, apesar de agitadas. Tinham uma curiosidade sobre os movimentos ao redor delas que era gracioso de se ver, ainda mais com os dois pares de olhos castanhos esverdeados idênticos um ao outro, porém geralmente agitavam-se quando ouvia os timbres conhecidos das duas mulheres que geraram elas. Não tinham a menor noção, mas ficar longe das mamães não podiam por muito tempo, nem os avós conseguiram ficar mais de meia hora com elas no colo sem escutar choros manhosos e frágeis. Não eram choronas, por favor, entenda… Só que sair dos colos de suas mães era algo um tantinho doloroso.