Querido Diário (Camren)

22°Cap. - Yuinou

Boa leitura!

22°Cap. – Yuinou

A morena de olhos verdes sentia uma inquietação subir em si. Seus pés batiam no piso de tatame nervosamente enquanto Camila sentava ao seu lado, apoiando a mão em seu joelho e dando um aperto reconfortante. Estava ansiosa e nervosa também. Sabiam que tinham cometido um deslize ao serem tão descuidadas, tão cheias de vontades a ponto de ignorar o óbvio a ser feito em suas noites de amor tão intensas. Não conseguiam ter arrependimentos. Estavam nervosas, ansiosas e pensavam o que fariam, mas não havia nem mesmo 1% de culpa ou arrependimento.

Se arrepender do que era tão bom para elas como o ato sexual não fazia sentido, nem mesmo com a consequência do resultado lacrado do exame na mão de Camila. A latina tinha certeza do resultado porque sentia cada vez naquela semana que comeu coisas que jamais gostou e enjoou mais do que, de fato, conseguiu comer. Seus instintos gritavam para o óbvio do que acontecia com seu corpo e teve duas semanas para se acostumar com a ideia, independente do resultado dos exames. Esperavam seus pais chegarem para abrirem.

— Eu espero que nada mude. – A voz rouca e carregada de cansaço de Lauren tomou atenção de Camila. Andava estudando e trabalhando muito naquela semana, suas noites mal dormidas de preocupação por sua noiva se sentir tão enjoada e não poder fazer nada. De repente, o peso da responsabilidade nos ombros de Lauren pareceu maior e veio em proporções diferentes. Não tinha nem mesmo tempo para ser a garota boba que Camila tanto amava. Não tinha cabeça.

— Refere-se a que? – Questionou Camila após algum tempo de silêncio, movendo a mão direita para pousar na mão de Lauren, entrelaçando seus dedos confortavelmente como sempre foi um lar para ela. Estava tranquila, apesar das discussões frequentes sobre o mecanismo super protetor de Lauren sobre esforços. Não conversaram com clareza sobre as possibilidades em vista, não queriam ainda.

— Sobre nós… Que nada atrapalhe nosso casamento. – Lauren falou um tanto receosa, mas sentiu o olhar de repreensão de sua noiva em si pela escolha de palavras e o balançar negativo de cabeça. — Não do jeito que imagina. Não é isso, me refiro a arrependimentos.

— Não vamos nos antecipar nessa conversa. – Camila se curvou para beijar sua noiva nos lábios carinhosamente.

Ouviram três batidas na porta do apartamento, seguida de uma abertura, avisando que estavam entrando. A figura dos pais de ambas foi revelada, mas àquela altura, Camila e Lauren já haviam dotado de serenidade para lidar com os pais delas, principalmente com o lívido Alejandro que parecia querer socar qualquer coisa em sua frente. Desagradável, visto que o "qualquer coisa" em sua frente, era a sua nora. Cumprimentaram os pais, menos animado do que o de costume, mantendo a seriedade exigida.

— Já sabem do resultado? – Clara foi a primeira a perguntar, sentando de frente à elas, vendo-as negar automaticamente.

— Deixamos para abrir agora. – Camila explicou, mostrando o envelope em mãos. Alejandro, Michael e Sinuhe sentaram-se também, olhando para as filhas.

— Então abra, querida. – Sinuhe acenou gentilmente para Camila que assentiu.

Ao mover as mãos para romper o lacre do envelope, percebeu que tremia, o que a obrigou procurar os olhos verdes da noiva em si, procurando o abrigo confortável de que ela estaria consigo. Lauren abraçou Camila pelos ombros, não se importando se os pais assistiam elas ou se o Papa visse. A menor abriu o envelope e tirou o papel de dentro. Os olhos castanhos procuraram o resultado, para então, fechar os olhos ao constatar o que já sabia.

Positivo.

Estava grávida aos dezenove anos de sua futura esposa, quando elas nem mesmo tiveram tempo se acostumar e comemorar o noivado, o que era um tanto supérfluo ao idealizar que teriam uma criança. Um bebezinho indefeso e que necessitava de coisas que elas nem mesmo sabiam se poderiam suprir sendo mães tão jovens. Assustadas era a palavra, por mais que já esperassem. Foi Lauren a reagir, dando a carta para Clara.