"É culpa daquela escola que não possui uma segurança eficaz", gritava a Sonia Kaspbrak enquanto o seu filho a ouvia sentado no sofá da sala.
A mulher preocupada andava de um lado para o outro no centro da sala de estar. Eddie contou para ela a respeito do ocorrido na noite de Halloween com o Fritz Torrance.
"Aquele menino imundo querendo te converter ao homossexualismo. Isso é um absurdo!", disse ela, depois fez o sinal da cruz.
O que a sua mãe disse fora o pingo d'água que acabou com a sua paciência e deturpou a sua sanidade. Os nervos superexcitados de Eddie o instigou a levantar de súbito do sofá e a arrostar a mãe como quem faz com o adversário em um jogo de luta.
"É sério isso?! O cara quase me estuprou e você está preocupada com a minha sexualidade?", indagou ele com a voz bem alta.
"Que sexualidade?! Você é uma criança e não tem essas coisas", falou ela assustada, falseando horrores o significado de uma palavra que ela não fazia ideia do que era, mas presumiu que tivesse relacionada com sexo.
"Todo mundo tem uma sexualidade!", exclamou ele. "Você é hétero, papai era hétero, o vovô e a vovó são héteros. O vizinho que você acha que é gay só porque cuida bem da casa dele é hétero".
Eddie se aproximava da mãe com o peito intumescido e o cenho franzido. A mulher se afastava, pois estava surpresa com a atitude do filho.
"Mas eu, mãe... eu sou gay!", completou ele pressionando o dedo indicador várias vezes contra o seu peito.
A senhora Kaspbrak esgazeou mais os olhos e os encheu de lágrimas com a revelação do garoto. Eddie se arrependeu no mesmo instante em ter divulgado a sua verdadeira sexualidade de forma tão inacessível para alguém sem conhecimentos sobre o assunto.
"Mãe, eu...", ele iria consolar a mulher que soluçava alto, mas ela virou as costas, pegou o telefone na parede e começou a discar um número. "Pra quem você está ligando?".
"Vá para o seu quarto. Vou falar com o padre Samuel", disse ela de costas para o seu filho e com o receptor do telefone na orelha.
"Com o padre?! Mas é para você ir à delegacia!", exclamou ele indignado.
"Quarto! Agora!", ela berrou apontando para o corredor de portas à sua esquerda.
Eddie notou que deveria ter sido precavido com relação a reação de sua mãe. Sentia-se vão enquanto a tristeza se assinalava àquele momento reforçando a dor no seu coração. O garoto começou chorar alto ainda na frente da mulher para tentar apiedá-la, depois saiu correndo para o seu quarto ao mesmo tempo que enchia a casa com o barulho de soluços e fungadas. Trancou-se lá dentro e se sentou no chão na frente da porta em razão de sua fraqueza.
O rapaz sabia que uma hora isso iria ocorrer. Embora a dor fosse tão angustiante a ponto de anarquizar a sua mente com pensamentos pessimistas, ele conseguiu vagamente se entrever dialogando com a mãe acerca de sua homossexualidade. Porém esse pensamento, que germinou na sua cabeça como uma árvore em um ermo árido, rapidamente se tornou ineficaz quando escutou um pouco a mulher conversando aos prantos com o padre no telefone.
Depois de alguns minutos chorando sem parar, Kaspbrak se levantou do chão e pegou o celular do criado-mudo para desabafar com o Richie nas mensagens.
No escuro do seu quarto, além da iluminação do corredor que permeava as pequenas frestas da porta fechada, a luz da lua clareava bem pouco o lugar. O ambiente estava bem sombrio, mas Eddie não iria pensar em monstros ou fantasmas justamente em um momento mais árduo e doloroso do que qualquer assombração sobrenatural. Nada obstante, ele se assustou muito ao ouvir pequenas batidas na sua janela logo quando iria desbloquear o celular.
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the4rules [REDDIE]
Fanfiction• Richie transforma uma simples troca de mensagens em um verdadeiro desafio para Eddie •