• Tolerance •

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Eddie apertou a campainha, pressionou o botão bem devagar. Apesar da cautela em apertar a campainha, não estava calmo. Seu coração se encontrava na iminência de permear a cavidade torácica.

Além disso, a vergonha lhe deu uma fisionomia insegura: olhos direcionados para o chão e mãos atrás de suas costas.

Eddie levou um susto quando a porta da casa repentinamente se escancarou e sem querer bateu a sua extremidade contra um vaso de flor em suspensão no teto que em seguida se tornou buliçoso ali.

"Eu não quero ser entrevista-...", a Maggie Tozier se interrompeu quando percebeu que era apenas um assustado Eddie na frente de sua porta. "Eddie?!".

"Olá, senhora Tozier", disse ele com o hábito de beliscar o próprio antebraço por causa do nervosismo.

Maggie estava vestindo um roupão lilás enquanto segurava uma xícara cheia de chá de erva-cidreira. A coitada, apesar de estar padecendo de uma forte angústia, não esqueceu de cuidar de sua aparência; ela usava uma máscara facial de beleza no rosto e se constrangeu por se apresentar assim para o menino.

"Mil perdões, Eddie! Não sabia que era você", afirmou ela adocicando o ódio que sentiu ao imaginar que fossem novamente os jornalistas.

"Eu... queria conversar com a senhora sobre o Richie", disse ele tentando ser direto sem soar rude.

"Tem informações sobre ele?", perguntou ela com um olhar esperançoso.

Eddie não queria mentir. Era um momento que carecia honestidade e confiança. Porém sabia que se contasse a verdade tudo poderia ir água abaixo.

"Infelizmente não muitas", respondeu-lhe com a voz baixa graças ao sentimento de culpa.

"Oh, sim", ela disse durante um suspiro.

"Mas eu tenho coisas para dizer sobre o Richie", disse ele sorrindo.

"Você deve conhecer o Richard mais do que eu mesma, certo?", indagou ela levando o menino a assentir de maneira acanhada. "Ok! Pode entrar".

Eddie adentrou na casa com um certo desagrado. Era estranho entrar naquele lugar sem o Richie; era estranho entrar naquele lugar sem sentir o cheiro de bolo de laranja que os Tozier faziam para as suas visitas; era estranho entrar naquele lugar sem ser recebido com gargalhadas e sorrisos. Aquele lugar se tornou estranho e desconhecido.

Ambos atravessaram o saguão e entraram na sala de estar. O lugar estava de veras muito desorganizado, designadamente a estante de livros na qual dava a impressão de que um furacão perpassou pelo local.

Kaspbrak notou algo muito importante que vale a pena destacar caso não seja nítido: a ausência do pai de Richie.

A mulher pousou a xícara sobre a mesa de centro e se sentou na poltrona, ao mesmo tempo que Eddie se sentou no sofá.

"Desculpe a bagunça. Meu marido e eu tivemos uma pequena... desavença", disse ela, inconscientemente apontou para a estante de livros por algum motivo específico.

"Não se preocupe!", disse ele dando de ombros. Apesar de ter fingido indiferença, se contentou em ter arranjado uma informação prévia sobre o pai de Richie.

Então a mulher encurvou as costas enquanto sentada na poltrona. Esse gesto silencioso a assinalou como preparada para ouvir atentamente o garoto.

"A essa altura a senhora já deve saber sobre... Richie e eu", afirmou ele envergonhado, inclusive ajeitou a sua postura no sofá para se mostrar mais adequado ao diálogo.

O profundo silêncio vindo de Maggie assombrou Eddie de uma tal maneira que o fez corar ainda mais. Porém o olhar sereno dela contradizia qualquer indício de hostilidade.

the4rules [REDDIE]Onde histórias criam vida. Descubra agora