• Communist mercenary and antiquarian owner •

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Willa Hill é um homem de quarenta e dois anos que trabalha em um antiquário, mas consta de pensamentos juvenis, os quais o aproxima das crianças e dos adolescentes de Derry. Porém isso não o faz ser aderente aos atos de bondade, muito pelo contrário. Ele é muito odiento e impaciente.

O seu único ato de bondade é o fato de proteger as crianças da cidade a qualquer custo e podia fazer isso de graça. À vista disso, Richie se lembrou do homem.

Contudo, havia um problema que os garotos deveriam lidar: a Síndrome de Fregoli de Willa.

Hill acreditava fortemente que todos os seus clientes eram uma única pessoa, a qual se disfarçava.  Esse delírio poderia ser uma decorrência da sua desesperança quanto ao seu negócio e, por essa razão, achava que alguém muito piedoso estava fingindo ser vários clientes a fim de agradá-lo.

No momento em que Richie e Eddie entraram no estabelecimento, Willa estava lendo um livro de Karl Marx. Sempre tentava vergar o livro o máximo possível, posto que queria ocultar a capa para empecer olhares e hostilidades de pessoas anticomunistas. Como consequência disso, a lombada ficou pregueada e a capa dobradiça se moldou permanentemente à forma demasiada esticada que sempre se encontrava.

"E aí, Willa?!", exclamou Richie à frente da mesa de recepção na qual o homem se encontrava sentado atrás. "Está a fim de abandonar a sua velharia para salvar crianças?", o garoto se escorou sobre a mesa.

"Velharia?! Esse conceito de velhice é uma construção capitalista, sabia?", perguntou ele que abandonou o livro para encarar com ódio o garoto.

"Então que tal mudar o nome do seu estabelecimento para 'modernário'?", disse ele de maneira debochada. Eddie o cotovelou para chamar a atenção, então Tozier voltou à seriedade depois de um pigarreio. "Precisamos da sua ajuda, cara. É urgente!".

"Olha, mano. Eu estou bem de boa, ok? Não crio mais confusões desde que briguei com uns skinheads eleitores do partido republicano", disse ele calmamente. "Por causa desses caras, tive que esconder os reposteiros vermelhos que estavam à venda".

"Por quê?", perguntou Eddie com o cenho franzido.

"Ora, porque são vermelhos!", respondeu-lhe enquanto se levantava da cadeira. "É uma cor que recorda o socialismo. Eles podem considerar os reposteiros como uma prova de que sou socialista. Imaginam se eles me entregam para o governo?".

"Acabou o Macartismo, Willa", afirmou Richie que já estava receando o comportamento do homem.

"Eu duvido muito", disse ele, bateu o punho cerrado contra a mesa. "Se até hoje tem gente que acha que livros russos são obras ocidentais, então é possível que a caça às bruxas ainda exista".

"Richie, eu posso falar com você?", Eddie disse quando o Willa Hill mal acabou o discurso.

Os dois garotos se afastaram da mesa de recepção, ao mesmo tempo que Hill tinha ido limpar com pano e álcool os pequenos vidrais encastoados em moldes de madeira na parede.

"Você acha mesmo que é melhor pedir a ajuda de um cara paranóico do que pedir a ajuda dos nossos amigos?", perguntou Kaspbrak sussurrando.

"Eu... eu sei! O Willa parece só um cara louco de pedra, mas ele é um ótimo planejador e atirador. O melhor!", disse ele um pouco agoniado com a situação.

"Acontece que não podemos deixar apenas ele fazer o trabalho, sabia?", falou ele com os braços cruzados. "Sabe quem me mandou mensagem enquanto estávamos na rua?".

"Quem?";

"Fritz Torrance", respondeu com desprezo.

"O quê?! Ele não estava preso?", Richie seguia sussurrando.

the4rules [REDDIE]Onde histórias criam vida. Descubra agora